24 dezembro, 2013

E SOBRE O NATAL...

 


Como é de conhecimento dos que me conhecem mais de perto, sou mais um daqueles que gosta de desafinar o coro dos contentes. Então, neste momento tão sublime para os cristãos – e com reflexos também nos não-cristãos, porque envolvidos na Cultura Judaico-Cristã  – socorro-me de um dos grandes da Arte: DOSTOIEVISKI.
Embora, talvez, o presente presente não alegre o seu Natal, pode ser que alegre o seu viver. Também pode ser que te entristeça. De uma coisa, sei: há o risco de sua vida passar a ter mais nuances de vitalidade.
Simples: ao invés da costumeira oração, acesse este podcast e aumente o volume para que todos os convidados de sua ceia o ouçam. Mesmo que você seja o tipo de pessoa que alega aos quatro ventos que prefere a companhia dos animais não-humanos este fantástico conto pode te fazer bem.
Como o objetivo é presentear o maior número de pessoas possível, o conto A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DO CRISTO  tanto pode ser ouvido (basta clicar na seta do player sob a foto) e/ou lido.
Arrisque-se!

Ps. 1 - a foto é gentilmente cedida por minha irmã Zarif, embora sem o seu conhecimento, e é um flagrante da maneira como os humanos, de maneira geral, têm tratado uns aos outros.
Ps. 2 - saiba mais sobre a leitura radiofônica no MÚSICA DISCRETA
experimente navegar pelos HYPERLINKS (palavras realçadas).

17 dezembro, 2013

BACALHAUS, LARANJEIRAS & TODOS NÓS




É até bacana ver esta revolta toda por causa do resultado do julgamento envolvendo a Portuguesa. Entretanto, por não ser torcedor de nenhum time do Rio (e quase todos sabem que torço para alguns times) sinto-me tranquilo para colocar uma questão: alguém aí se perguntou por que os dirigentes luso-paulistanos não prestaram atenção aos documentos que assinaram ao resolverem participar do chamado Brasileirão?
Muitos estão a dizer que a recente "tapetada" é um reflexo do que acontece na política brasileira. Sugiro que se perguntem:  como nossa Política pode ser diferente se o eleitor brasileiro vota, de maneira geral, em quem lhe ordenam, sem se preocupar com o que o eleito fará com a concessão recebida?

A raiz do problema não está no Fluminense. Os diretores da Portuguesa fariam o mesmo se a situação fosse inversa. A falha, para não dizer outra coisa, está nos administradores da Portuguesa que, como boa parte dos brasileiros, acreditam que podem viver ignorando a legislação estabelecida e que, se der zebra, ainda lhes restará o “jeitinho brasileiro”. O problema é que o tal jeitinho pode beneficiar apenas uma das partes envolvidas. E, normalmente, as benesses sempre vão para os beneficiados de sempre.
Todo este papo sobre o Fluminense estar sendo beneficiado é alimentado por aquela parte da Inpremça que só sabe faturar em cima do sangue alheio. Se não fosse o Fluminense seria qualquer outro que tivesse terminado o campeonato na 17ª posição.
O Brasil só vai despiorar quando os brasileiros começarem a fazer questão de que a Lei seja aplicada no seu inteiro rigor. Não há outro caminho.
Há um provérbio que merece uma pequena reflexão: se cada um limpar sua calçada, toda a cidade ficará limpa.
Simples, não é mesmo?

 
Ps.: para saber mais sobre nós mesmos, experimente ler a íntegra do DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA.

10 dezembro, 2013

CULTURA: O QUE VOCÊ TEM A VER COM ISTO?

Hoje tem:

O papo é diretamente dirigido ao pessoal envolvido na produção audiovisual no âmbito do Município de Florianópolis. Entretanto,  talvez tenha a ver com todo mundo de todo o Mundo.  E por que digo isto?
O que você tem a ver com CULTURA? Já se perguntou sobre isto? O que sente quando ouve alguém a dizer que fulano ou sicrano não tem cultura? Você se considera alguém que tenha cultura?
O artigo/desabafo abaixo transcrito é de EDUARDO PAREDES que, pelo jeito, ainda pratica a NOVEMBRADA. Foi publicado no caderno de cultura do Diário Catarinense em 30/11/2013. Mesmo que você, caro leitor, pulule em outras regiões que não seja nossas belas e desamparadas Floripa e Santa Catarina, o teor pode ser muito útil como peça instigadora à ação.
Deixe a preguiça de lado, só um pouquinho, e leia junto. Sugestão: não tire as crianças da sala; ao contrário, leia em voz alta para elas.. A vida delas tem muito a ver com tudo isto.


A morte do poeta e os ecos da “novembrada

 

Historicamente Santa Catarina é um estado privilegiado, como poucos, em termos de produção cultural. A pluralidade e diversidade desse patrimônio imaterial advêm, acredito eu, de um encantamento com suas belezas naturais e do encontro das inúmeras etnias que se espalham por todo o território catarinense. Por isso mesmo, é absolutamente inadmissível que a Cultura continue sendo (mal) tratada como peça assessória no contexto das políticas governamentais. Essa riqueza artística e cultural acumulada é que dá identidade ao povo catarinense. No entanto, infelizmente, o setor cultural vem lutando para sair do plano do supérfluo e ganhar a importância que lhe é devida.

Em termos de política pública cultural o que constatamos é um estado de abandono, desrespeito e contínua omissão. Há muitos anos a Cultura foi embrulhada num mesmo pacote com o Turismo e o Esporte, compondo uma Secretaria que já se chamou SOL – Secretaria da Organização do Lazer, inspirada nas teorias do “ócio criativo” do sociólogo italiano Domenico De Masi.  Qual o sentido de se "organizar o lazer" e de se pregar o "ócio criativo", especialidade na qual boa parte dos nativos da Ilha de Santa Catarina são PHD?Parece piada, mas não é.

Tendo recebido como herança maldita do seu antecessor, o atual governador manteve intacta a estrutura de Governo que, a par das chamadas Secretarias Centrais, sustenta a paquidérmica coleção de quase 40 Secretarias de Desenvolvimento Regional. Qualquer cidadão com um mínimo de bom senso, informação e cultura reconhece que esse modelo condena o Estado a uma situação de profunda anemia financeira. É cristalino que essas SDR somente existem para acomodar cabos eleitorais e que a descentralização poderia muito bem ser executada através de Coordenadorias, Diretorias ou Gerências. Mas quem se atreve a cortar as benesses, mordomias e privilégios contidos no status de Secretaria? Por que arriscar a base de sustentação política que assegura a continuidade no poder? Ninguém é bobo – somente o povo, o contribuinte, que paga a conta.

É triste reconhecer que o Governo do Estado, tão pródigo na criação e manutenção de tantas Secretarias, não dê autonomia e independência para esses três setores importantíssimos, que são o Turismo, o Esporte e a Cultura. Não há como reconhecer a importância do Turismo para a economia do Estado. Mas esse setor também não consegue se desenvolver e expandir suas potencialidades da forma como está situado. As demandas do Turismo são vastas e complexas e precisam de um planejamento próprio. O mesmo vale para o Esporte e a Cultura, que são determinantes para uma política pública séria que pensa em formação de cidadania e inclusão social. Se em determinado momento o Turismo se entrelaça com a Cultura, essa área de convergência é ínfima para justificar tal atrelamento. Arrisco dizer que de cada mil turistas que visitam o Estado, depois da praia menos de uma dúzia procuram por um museu, teatro ou galeria de arte. O destino natural são os shoppings, bares, restaurantes e baladas. Isso é óbvio.

A Cultura padece ainda mais por esse equívoco administrativo, pois sobrevive à sombra do Turismo. As casas de cultura e espaços culturais vivem à míngua. Os artistas há muito foram deserdados, com os poucos editais públicos de fomento às atividades artísticas sendo ano a ano empurrados com a barriga, procrastinados ou adiados. O que impera é a política neoliberal de transferência de responsabilidade das decisões sobre a Cultura para a iniciativa privada, na medida em que a principal ação de governo é induzir os produtores e agentes culturais a utilizar os mecanismos de incentivo fiscal. Isso quando o próprio Governo não compete de forma desigual com os produtores independentes, indo ao mercado captar patrocínio para seus próprios projetos, como no caso emblemático da Ponte Hercílio Luz. E com isso, o que resta como marca de ação governamental são a ausência, o autoritarismo e a instabilidade na área cultural.

Na última segunda-feira, 25 de novembro, tive a honra de ser agraciado com a Medalha do Mérito Cultural Cruz e Souza. A maior honraria da Cultura no Estado, algo que nunca cobicei e que jamais imaginei alcançar. Ainda tenho dúvidas se de fato sou merecedor de tal distinção. Mas como estava em ótima companhia, resolvi aceitar. Juntos estavam, in memoriam, o mestre Zininho e o escritor Holdemar de Menezes, mais o coreógrafo Amarildo Cassiano, do Ballet Bolshoi de Joinville, o cenotécnico e administrador cultural Osni Cristóvão, o historiador e fotógrafo Joi Cletison Alves, e as instituições Associação Coral de Chapecó, Federação Catarinense de Teatro – FECATE, Museu Victor Meirelles e Biblioteca Pública do Estado.  Confesso que quando o escritor Amilcar Neves, membro do Conselho Estadual de Cultura, fixou em meu peito a medalha que leva o nome de Cruz e Souza, a emoção bateu forte e invadiu a minha alma. Um momento fugaz, que ficará guardado eternamente. Só que a realidade dos fatos logo me fez trocar em parte a alegria pela tristeza, o envaidecimento pela indignação.

A começar pela consciência de que a sina de Cruz e Souza, apesar da passagem do tempo, ainda persiste entre boa parte dos que se atrevem a fazer da arte uma profissão de fé.  Gênio do simbolismo universal, maior poeta brasileiro de todos os tempos na minha modesta opinião, Cruz e Souza morreu na mais absoluta miséria. Em vida, sofreu na pele negra a rejeição causada pelo preconceito e racismo, tendo suportado a dor de ver quatro de seus filhos morrerem de tuberculose e a mulher Gavita enlouquecer aos poucos diante de tanto sofrimento, decorrente da fome e da péssima condição de vida da família. De Minas Gerais, onde havia ido buscar tratamento para a tuberculose que por fim também o levou, o corpo de Cruz e Souza foi transportado em um vagão de trem que levava gado para o Rio de Janeiro, onde foi sepultado praticamente como indigente. Bastou morrer para que a sua genialidade fosse reconhecida, sendo alçado ao panteão do simbolismo universal ao lado de Verlaine, Rimbaud e Mallarmé. Mas seus restos mortais, trasladados alguns anos atrás para Florianópolis, a sua cidade natal, entre discursos demagógicos e foguetórios, vergonhosamente continuam abandonados num canto perdido do Museu Histórico que, solene e ironicamente, também leva seu nome – Palácio Cruz e Souza.

Enquanto as medalhas iam sendo distribuídas eu me afundava na poltrona e em meus pensamentos cada vez mais cinzas. Olhando o palco do Teatro Álvaro de Carvalho, fundado em 1857 e que tantos artistas e espetáculos memoráveis acolheu ao longo de sua história, lembrei-me de que ele também, Álvaro de Carvalho, o primeiro dramaturgo catarinense, igualmente não teve o descanso eterno que merecia e o respeito que se esperava dos governantes catarinenses. Seus ossos mortais continuam abandonados em Buenos Aires, aonde veio a falecer de febre tifoide em 1865.

Pensei em Zininho, o nosso poeta maior, autor do hino oficial da capital catarinense. Enquanto sua viúva e sua filha recebiam a comenda que, em seu caso, já veio tarde, também lembrei de toda a privação que passou no crepúsculo de sua vida. O nosso maior músico, Luiz Henrique Rosa, que naquela mesma data se vivo fosse completaria 75 anos, também foi solenemente ignorado. Assim como a data litúrgica, 25 de novembro, que é dedicada a Santa Catarina - padroeira dos artesãos, artistas, bibliotecários, jovens, estudantes e desse Estado – sequer foi mencionada pelo cerimonial, num lapso imperdoável. Pior foi constatar que o desprestígio e desapreço pela Cultura catarinense se evidenciava na ausência de quem se esperava exatamente o contrário. Não apareceu nenhum senador, deputado, representante do prefeito, vereador, secretário de Estado (além do titular da pasta do Turismo, Esporte e Cultura, Valdir Walendowski),  sequer representantes das entidades culturais (com raras exceções), assim como nenhuma cobertura por parte dos jornais ou emissoras de televisão. O próprio Governador do Estado, Raimundo Colombo, que foi quem assinou a outorga da Medalha do Mérito Cultural,  vim a saber pela coluna do Cacau que naquele exato momento tinha ido ao shopping assistir a um filme depois de  dez anos sem ir ao cinema. Poderia ter esperado um pouquinho mais. Gostaria muito de ter dirigido a fala que me encarregaram em nome dos homenageados (e que reproduzo em parte nesse artigo) olhando nos olhos do nosso governador só para ver qual a sua reação e o que teria para dizer. Por isso, só tenho uma palavra para resumir o que ocorreu: lamentável! 

Ao que parece, os sismógrafos dos políticos e governantes continuam desligados. Não captaram ainda os tremores que vêm das ruas, do povo anônimo e cada vez mais impaciente. Esqueceram-se dos ecos da “novembrada” (que hoje faz 34 anos e que também deve passar no esquecimento), assim como das “diretas já”, do impeachment do Collor e até mesmo das manifestações que varreram esse país como um tornado em meados deste ano. Podia ainda lhes lembrar da revolução francesa e bolchevique, da chinesa e da cubana, com as consequências diretas para os incautos governantes que também ignoraram as vozes inconformadas que vinham das ruas. Mas prefiro mirar a outra margem: se os governantes não mudam, que se mudem os governantes. Para tanto, é necessário que o povo se mobilize, permanentemente, determinado a combater essas redes piramidais de apadrinhamento que mantêm inabaláveis as estruturas desgastadas do poder e que permitem aos seus ocupantes manterem por longos períodos o estamento e o status que lhes asseguram as benesses e as vantagens que ele, o povo, banca. Mas para isso é preciso liberdade de informação e um processo contínuo de cidadania, educação e inclusão cultural. 

Ainda haverá o dia em que o slogan para esse nosso Estado, muito mais do que uma mera peça publicitária artificial, mas como reflexo concreto de um pacto pela Cultura entre governo e sociedade, seja de verdade “Santa, Bela e Culta Catarina”!

05 dezembro, 2013

POEMA SUJO


Como sabem, sou daqueles bestas que acredita que a vida sempre melhora.
Pois, depois de ter sido contemplado pelos deuses ao devolverem minha caninha com butiá, recebo o livro que me fez escrever Fratura Exposta, meu primeiro p
oema longo. Anos atrás, havia lido sobre o POEMA SUJO, de FERREIRA GULLAR. Não conhecia o poema em sua totalidade, apenas uns trechos aqui e acolá. Sempre me recusei a lê-lo pela internet ou em livro emprestado. Só de ficar sabendo da sua existência e importância, compus um poema.
Pra quem viveu a Campinas dos antigamente, comecei a composição aguardando no carro de uma amiga, olhando a multidão apressada que passava, enquanto ela ia ao supermercado (Pão de Açúcar, creio) que ficava numa das esquinas da Ferreira Penteado, perto do terminal de ônibus.
Agora, o livro está aqui, avec moi. Mesmo Gullar tendo tomado os rumos da Direita e - num dos documentários que assisti sobre ele - afirmado que parou de fazer poesia porque não se espanta com mais nada, vou mergulhar no seu Poema Sujo.
Fique tranquilo, Seo Gullar que, daqui pra frente, toco o bonde. E tenho certeza de que vou me espantar com ele.
Bejotas de brigadim, minha Bunitinha!



Ps.: saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

01 dezembro, 2013

NOSSA COSMÓPOLIS QUE NUNCA DEIXEI.




Neste dia em que COSMÓPOLIS comemora 69 anos de emancipação, faço uma singela homenagem ao que esta cidade - uma das onde nasci - tem de melhor: seu povo. Parece incrível mas, em Cosmó, até os chatos não chateiam muito: são menos chatos que os chatos de outros lugares.
Então, aí vai um poemeta cometido nos anos 70, creio eu, e que faz parte do meu segundo livro de poemas, "VIDA?", lançado em 82. Devo a inspiração às meninas que frequentavam/passavam pela Esquina do Itaú. Esquina esta que foi por muito tempo, este local foi o centro cultural da região, atraindo pessoas de quase todas as cidades vizinhas. Talvez sua influência e contribuição seja maior até mesmo que o famoso centro cultural do banco que leva o nome.
Hip hip hurra!´
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