Como diz minha Vó Rosa: "este mundo para ser mundo em que haver de tudo". Filosofia mineira, porta de saída ao invés de explicação. Compreendeu? não? solte-se.
Resolvi postar esta novela radiofônica baseada no conto A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DE CRISTO, de DOSTOIÉVSKI, este garimpeiro da alma humana. Vai junto, de brinde, um poema composto na véspera do natal de 1980 (faz tempo, não é?)
Como, por esta época do ano, milhões de mensagens positivas ou promessas de presentes, bateu-me aquela influência TORQUATIANA de jogar areia no brinquedo. Não por maldade, que não tenho poder para tanto; apenas para propor reflexões que possam despertar ações mais concretas que reclamar dos políticos eleitos democraticamente, cuspir no prato que lambeu e coisas do tipo.
Para ouvir basta clicar na seta, emprestar os ouvidos e deixar a imaginação trabalhar. Se doer ou incomodar, basta interromper a narração. A história só vai continuar a existir lá fora, bem depois das cercas eletrificadas.
Experimente:
O poema é só um poema. No momento da criação eu estava tranqüilo, tomando uma cerveja no boteco do Lelo (um destes tantos amigos que já foi passear), que houve naquela Cosmópolis que já se foi. Ouvia Patinho guitarreando e Bartô gaiteando uma tentativa de blues. Escrevi; se senti, isto é lá com quem o ler.
O viés punk é só o molho.
NATAL
o espírito natalino pegou-o
quer beber ainda mais
odeia o sorriso besta
a porquice imensa
aquelas boas almas impregnadas de
pompa circunstâncias e
lavanda de shopping
como sempre
alguns babacas
que lhe encheram o saco o ano inteiro
virão desejar-lhe feliz natal
e ele lhes retribuirá sorrindo
(como um jacaré sorri
para a canela
de quem cai da canoa
e há sempre alguém caindo)
deseja o caos
o transbordar do lodaçal
lama entupindo a boca dos puros
uma gaita geme um blues
a ira aumenta
não é solidão
não há saudades
as pessoas que trariam saudades
não merecem vê-lo agora
é apenas o ódio subindo à cabeça
como o álcool
mas
cuidado
não eufemize
não está bêbado ou revoltado ou
deprimido ou injuriado ou etc.
apenas pura e simplesmente odiando
e se ainda acreditas que ele te gosta
não venhas à minha mesa agora
Ps. 1 - para saber mais clique nos HYPERLINKS (palavras realçadas)
Ps. 2 - mais uma vez, a forma do poema foi subjugada pela estrutura do blog.
Palavras brincantes, nem sempre sisudas. Às vezes, sim. Normalmente, não. No fundo, e no raso, não passa de meu playground. Como playground não é para ser curtido sozinho, todos estão intimados. Um detalhe: este blog não faz a menor questão do novo trambique ortográfico.
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22 dezembro, 2010
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