
Como a maioria só conhece dois dos versos e os cita como ingredientes de uma receita de bolo, eis a íntegra:
MAR PORTUGUÊS
(Fernando Pessoa)
MAR PORTUGUÊS
(Fernando Pessoa)
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Como gosto de uma briguinha (meu amigo João, lá de Souzas das Campinas, diz que me subestimo quando apenas falo que adoro) resolvi dar pitaco. Daí, respondo ao mestre que muito gosto, porém não respeito. O não respeitar é por que não respeito coisa alguma, gostando ou não. Respeito me cheira a hipocrisia e falsidade. Prefiro acreditar nas diferenças sem “desde que”.
Voltando ao pitaco, aí ele vai:
Pessoa,
o que “vale a pena”
a alma
apequena
Floripa, 24/02/05