22 julho, 2007

DESEJO

... e numa espécie de homenagem aos que se arriscam:

desejo

caiu-me a vida
como uma luva
a questã é minha mão
a crescer
a crescer
a crescer...

lagoa, 22/07/07

A ESPERANÇA, DE MALRAUX

Mais uma vez, minha Bonita alimenta minh’alma ao me apresentar este cabôco cidadão do mundo, destrinchado por ela em sua tese. E continuo a acreditar que a vida nunca sacaneia quem dela gosta, pois sempre me abrem alguma janela.
Experimentem este trecho de A ESPERANÇA, obra de André Malraux, na qual ele escreve sobre os sentimentos dos envolvidos na Guerra Civil Espanhola.
“Shade parou na primeira casa destruída. A chuva tinha cessado, mas dava para senti-la ainda próxima. Mulheres com xales negros faziam fila atrás dos milicianos do serviço de socorro que retiravam dos escombros uma corneta de gramofone, um embrulho, um pequeno cofre...
No terceiro andar da casa, na perpendicular como uma decoração, um leito pendia, suspenso por um dos pés a um teto partido: aquela sala tinha esvaziado na sarjeta, quase aos pés de Shade, seus retratos, seus brinquedos, suas caçarolas. O térreo, apesar de arrombado, estava intacto, tranqüilo como a vida, seus moradores agonizantes levados pela ambulância. No primeiro andar, em cima de um leito coberto de sangue, um despertador tocou, a campainha perdida na desolação da manhã cinzenta.”
Puro cinema!
Assim como em outra maravilha da escrita, A CONDIÇÃO HUMANA, Malraux explode suas fotossílabas, fotofrases, fotofrutos de sua presença na vida.
Arrisquem-se!

11 julho, 2007

COTAS NA UFSC

— Cotas... cotas... Eu acredito no estado, estudei muito para chegar a esta universidade. E você o que fez para estar aqui!?
— Além de estudar, trabalhei bastante, né? Afinal, alguém precisava trabalhar neste país.
Obs.: imagem e diálogo "emprestados" do site ((já agradeço e recomendo): http://www.mauriciopestana.com.br/





Notícias - Educação 10/07/2007 16h59min

UFSC define cotas para negros e estudantes carentes no vestibularSerão reservadas 20% das vagas para estudantes de escolas públicas e 10% para negros.


A Universidade Federal de Santa Catarina vai reservar 20% das vagas para estudantes oriundos de escolas públicas e 10% para negros formados em colégios públicos. A decisão foi tomada pelo Conselho Universitário da UFSC e já vale para o próximo vestibular.
O Conselho garantiu cinco vagas para indígenas, com o aumento de uma nova vaga a cada ano letivo. Só serão permitidos dois índios por curso. Caso o percentual de negros não atinja o patamar, as vagas restantes serão destinadas a jovens vindos de outros tipos de estabelecimentos de ensino.
A decisão vigora pelos próximos quatro anos e poderá sofrer os ajustes que a administração da instituição e os demais membros do conselho considerarem necessários.
A reunião do Conselho Universitário teve a participação de representantes do movimento negro, de comunidades indígenas, de estudantes e da comunidade.

(...)


Alguns comentários:


- João Guilherme 11/07/2007 08:41
Pra mim cotas nada mais é que mais uma forma de preconceito e discriminação contra negros Apesar do argumento de que na universidade o desempenho dos aluno "cotistas" em comparação aos alunos "normais" é semelhante com certeza vai rola preconceito E pra mim não tem essa de compensar tudo oq os negros sofreram durante o periodo escravista e sofrem ainda hoje, balela.

- Priscila Vieira 11/07/2007 08:57
Concordo com o amigo acima Guilherme Henrique, e mais, lutam tanto em nosso país contra o RACISMO, e o que estão fazendo não é racismo? Porque vagas diferenciadas a negros e índios? Eles possuem alguma anormalidade que não os possibilitam de concorrer as vagas juntamente com os brancos? Eles não podem frequentar cursinhos, ou terem estudado em bons colégios? Me refiro a bons colégios, porque a verdadeira intenção da UFSC não é seguida, ou seja, foi feita uma universidade gratuita para ricos.

- André Cruz 11/07/2007 09:32
Tem é que investir no ensino público, médio e fundamental, para que todos tenham igual chance no vestibular. Os vestibulandos de comunidades carentes não passam por que não têm dinheiro para fazer cursinho, além de muitos terem que trabalhar já na idade de fazer vestibular. Essa medida é discriminatória, ofensiva e é um atalho tomado para resolver um problema que é bem mais grave, a falta de qualidade do ensino público.

- Rodrigo 11/07/2007 10:05
Acredito que com essa atitude os dirigentes estão, nada mais nada menos, do que estimulando o preconceito racial ainda mais. Os próprios negros deveriam ser contra essa tipo de ato, pois se a idéia é de IGUALDADE entre as raças, como poderiam os negros terem direitos diferentes dos brancos???

- Shasça 11/07/2007 10:29
Qual era a opinião destas pessoas contrárias ao sistema de cotas, durante os séculos em que vigorou o “sistema de anticotas”? A proposta não é para sempre e, muito menos, vai durar cinco séculos. É uma tentativa de oferecer uma chance a uma parte da tal sociedade que sempre foi boicotada. Claro que é preciso investir no ensino básico. Porém, o que fazer com as pessoas que já terminaram o ensino básico ou que já estão em idade de prestar vestibular? Por opiniões como estas de vocês dois (Rodrigo E André Cruz) é que tenho certas dúvidas a respeito da solidariedade do brasileiro, que só aparece no discurso.


E vc aí, elegante e sincero leitor? Qual a tua opinião? Ou melhor: qual o teu movimento?

03 julho, 2007

DUAS


1. No programa CONTA CORRENTE, da GLOBONEWS (02/07/07), aparecem alguns trechos de uma entrevista com o Dr. Prof. e outros “ors” ex-ministro Bresser Pereira, aquele que sorria enquanto punha. O ilustre entrevistado dá aulas de como tirar o brasirsão do buraco e afixá-lo entre as grandes e ricas nações do mundo. Tem a receita prontinha. Tão ou mais pronta que ao seu tempo de sinis... ops! ministro. Muito acontece de o cara, depois de largar a boca, descobrir o que se deve fazer com ela.
Daí, lembro-me que ainda tem uma carrada de brasileiros tentando recuperar as perdas que tiveram com um tal de Plano Bresser. Porém, como o engravatadinho
Vidor e o plastificado Abranches, até onde consegui assistir, nada perguntaram sobre as tais perdas, fiquei a pensar que minha memória sacaneou-me novamente.
E o sini(mi)stro, ou mi(si)nistro ficou lá a resolver o deficit público, a taxa de câmbio e cheguei quase a acreditar que o brasirsão pode crescer a big-taxas argentinas, incluindo racionamento de combustíveis e inflação, e chinesas, incluindo não-inss, ticket refeição, vale-transporte et caterva.
A lobotomia talvez me tornasse um feliz crente nas hienas.

2. No programa CARTÃO VERDE, da TV CULTURA, o repórter que acompanha a selebosta dunguista diz que o astro-rei Robinho não curtiu a música do Tom Jobim que rolava em certo lugar onde o escrete salafrinho estava. Foi lá, trocou um guli-gulé com o DJ e meteu uns axés e outras babas, o que tornou a patuscada feliz da vida. Felizes que nem pinto no lixo, como diz o vulgo.
Espanta-me como a distância entre o pé e o cérebro pode ser humana. Demasiada humana, como grunhiria um certo bigodudo. E nem sou muito fã de bossa nova.
Fosse saudosista, baixar-me-ia tremenda saudade de Sócrates, Afonsinho e mais algum. Não o sou. Será Vampeta é dos poucos boleiros que dizem coisa com coisa?! Os bambis não concordariam, mas até aí...
Li, certa vez, que Vampeta impediu o tombamento do cinema de sua cidade natal, lá no Recôncavo. Estivesse por perto, Robinho teria denunciado o baiano ao IPHAN.
A lobotomia, por vezes, pode ser desnecessária.

Lagoa, 02/07/07