26 novembro, 2008

O POBREMA É...

Ps. 1 - a postagem é dedicada ao meu amigo Fernandim, paulistano de boa cepa e, há duas décadas, prenhe de esperança;
Ps. 2 - peço desculpas ao autor da charge pois, como a emprestei faz um bom tempo, não se me alembro mai (como devem estar percebendo nos falares, o "S" tem sumido do final das palavras)

22 novembro, 2008

CONTRA AS COTAS

Sou contra a necessidade de cotas e à favor da sua existência.
Hein?! Mineirei demais?! Tucanei?! Nadica diso! Já, explico.
Embora seja a favor do sistema de cotas, desde que transitório, fico triste por acreditar que o mecanismo é necessário enquanto alternativa para as pessoas que não têm mais idade para voltarem aos bancos pré-primários (como se chamava no meu tempo e dispunha de melhor qualidade e, principalmente, maior grau de exigência). Melhor seria, se não fosse necessário.
Eu, como tenho 53 carnavais bem brincados, tive a sorte de estudar nos tempos em que havia grupo escolar. Devido ao comportamento fora do exigido pelo antiquado G. E. Wenceslau Brás (Passos – MG), fui castigado quase todos os dias: era obrigado a ficar na sala de Dona França, uma diretora muito autoritária, devorando livros. Enérgica, quando terminava seus afazeres de final de expediente, perguntava-me sobre o que eu tinha lido. Por causa desta tortura, tenho meia tonelada de traumas e o vício de garimpar em sebos. Como agradeço a ela!
Tempos idos. Boa parte dos professores do ensino fundamental não teria terminado a quarta série no Wenceslau. E eles sabem disso. Generalizando, como é de meu costume.
Voltando à vaca fria – ou às cotas, parece-me, às vezes, que, para os que já estão alforriados, de banho tomado e barriga satisfeita, a alternativa é passar uma borracha na geração que teve o azar de ocupar bancos escolares num momento inadequado.
Traçando um paralelo, sempre acho interessante o fato de que os participantes de debates sobre a fome, seja local ou mundial, estão sempre com jeitão de quem acabou de palitar os dentes.

20 novembro, 2008

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA?


PALMAS, NÃO. PALMARES!*
(Shasça)

relhos
correntes
troncos
mares de sangue a escorrer pelas pedras
do pátio
no ar
os ódios e os gritos
a vida explodindo em vergões
(platéia apostas vivas sus!
doutores pedindo MAIS!
beatos pedindo MAIS!
ricos pobres
crianças velhos
madames prostitutas
todos pedindo MAAIIISSSS!!!)

frenesi
orgasmo na geral
a massa babando de prazer
um outro carnaval
não eram três dias
mas trezentos e sessen...
(lá se vão os séculos
e corpos ainda se imolam
para o deleite das almas brancas
nos dias em que lhes é permitido
fugir das senzalas do morro)

hoje o brilho na avenida
amanhã o elevador de serviço
ou quem sabe
com um pouco de sorte
umas verdinhas no câmbio do mangue


Ps.1 - Foto: Luis Gama, emprestada do site da FUNDAÇÃO CULTURA PALMARES

Ps. 2 - * uma suave brincadeirinha lá dos anos 80...

18 novembro, 2008

PRA AMENIZAR A DENGOSIDADE ANUNCIADA

Tataraneto do inseto
(Jorge Mautner)


Uns transmitem malária
Outros outras doenças
Mas há uma política de agrotóxicos
Pelo ar

Cada inseto tem um neto
Tataraneto de outro inseto
De acordo com uma lei estabelecida
De driblar sempre a morte
Com a vida
Cada neto de outro inseto
Fica mais forte
Tomando inseticida

Ele havia nascido de um pântano qualquer
Um belo dia pousou em cima das páginas

Do filósofo alemão Nietzsche
Onde o filósofo diz que:

“Os fortes quando tomam veneno
O veneno só os torna mais fortes.”
Ah! Olhou para aquela bela lata de DDT à sua frente
E tomou todo o seu conteúdo num só gole
Neste dia estouraram-se os neurônios
E eis que nasceu o primeiro super-mosquito
De todas as gerações
E ele me manda este recado para vocês:
“Canalhas seres humanos, arrependei-vos!
Vós sereis julgados pelo

Tribunal Popular da Frente de Libertação Nacional e Universal dos Mosquitos
Sob o meu comando
Acusados de massacres, torturas
E cruéis assassinatos
De milhares de bebês-mosquitos,
Mulheres-grávidas mosquitos,
Anciãos-mosquitos...
Canalhas, arrependei-vos!
É chegada a vigésima quinta hora!
Ouvi falar que uma pulga e um piolho
Estão no mesmo caminho!”
− Mãe, mãe! Olha o céu de Araraquara
Tá preto de mosquito!
Eu tô com medo, mãe!−
“Canalhas! Arrependei-vos!!!”

Ps. 1 – procurei o vídeo e, lamentavelmente, não o encontrei; segue a letra da canção do Mautner que no blog Idéias e Algo +
Ps. 2 – a música pode ser ouvida em ARQUIVO DO ROCK BRASILEIRO
Ps. 3 – aceito, com prazer, indicação de onde encontrar o vídeo

12 novembro, 2008

DENGUE TIPO ASSIM


No programa BRASÍLIA AO VIVO (canal RECORDNEWS, 11/11/08) apresentado por Cristina Lemos, vejo o Sr. Fabiano Pimenta, do Ministério da Saúde, explicando quais as providências que estão sendo tomadas em relação ao flagelo dengoso, mais conhecido com
A DENGUE. Fico atento, pois ainda acredito que, um dia, verei uma tomada de atitude no sentido de resolver o problema. Qual o quê... Apenas a gravata (por sinal, bem bacana) é diferente.
Há mais de 20 anos acompanho, quando está para chegar o verão, a mesma ladainha: aquele exército de cavaleiros mosquitantes borrifando veneno nos pratinhos dos xaxins, pneus velhos, tampando a caixa d’água e outras iniqüidades do tipo. E, até onde sei, o papo é o mesmo nas instâncias municipais, estaduais e acadêmicas:
ELIMINAR OS CRIADOUROS!!!
Eu cá, que não consegui ser forte o suficiente para continuar o curso de História, fico a imaginar: quando será que começarão a se interessar pelas condições nas quais os CRIADOUROS são criados? como surgem? por que continuam a existir e aumentar? há, na ignara população, uma deliberada escolha pelo suicídio lento, gradual e coletivo?
Participo da tese (não-acadêmica, é claro) de que problemas como, por exemplo, saúde, educação e segurança públicas somente serão resolvidos quando for identificada a maneira como o PÚBLICO enxerga estas questões. É um trabalho que exige a presença de sociólogos, historiadores e antropólogos (desde que não-viajantes) junto aos técnicos sanitaristas. Ou, então, que estes estudem um tanto daquelas ciências humanas.
Em sã consciência, respondam (para vocês mesmos, no caso dos tímidos) a estas simples questões:
- Por que alguém que veja o esgoto escorrendo pela rua onde mora, terrenos baldios cheios de lixo, pátios de órgãos públicos lotados de “criadouros”, pré-vistas inundações anuais e praias com eternos cartazes de impróprias vai se preocupar com isto?
- Por que alguém que carregar, no lombo, a água pra fazer o dicumê, quando tem onde buscar, tem condições de se preocupar com mosquitinho nadando numa tampinha de refrigerante?
- Até quando conviveremos medidas “tipo assim” no combate à dengue?
Com a palavra...

Ps.: foto emprestada de site do
Governo do Maranhão.