25 maio, 2014

POR QUE MATAR UM HOMEM?



Em GRAND CANYON uma das personagens diz à outra que as respostas estão nos filmes. Não é um dos clássicos da filmografia mundial, mas a afirmativa pode ser conferida em qualquer um dos grandes filmes. Ontem, após mais uma sessão do 18º FAM - Florianópolis Audiovisual Mercosul, festival que acontece anualmente em Florianópolis, do qual sou fã desde 2003 quando o conheci, lembrei-me da importância do cinema como meio de responder aos dilemas humanos. “Explicar não significa “dar de mão beijada”. O cinema, como toda Arte – atenção à maiusculidade da inicial – propicia o caminho para a lavra. O caminhar, ou a vontade de, para este garimpo das respostas depende da curiosidade e, principalmente, da recusa em aceitar o que é oferecido “de bandeja”.
O filme MATAR A UN HOMBRE, de Alejandro Fernandez Almendras, que assisti ontem, trata de um comportamento que existe, talvez, desde que o Mundo é mundo: o de justiçar com as próprias mãos ao invés de recorrer e, principalmente, aguardar pela Justiça regulamentada do Estado. Simplificando a história: Jorge, um pai de família trabalhador, tem suas vida e a de sua família infernizada por um grupo de vagabundos que moram perto de seu lar. Sem acreditar no braço judicial do Estado, resolve tomar as providências que julga necessárias e imprescindíveis à paz de sua família. Depois de realizar a missão que tomou pra si, Jorge vê sua vida familiar desmoronar quando o que desejava era exatamente o contrário.
Nestes tempos em que, para alguns, há uma tentativa de transformar linchamentos em moda, pode ser interessante assistir a Matar a un Hombre. Pena que, embora tenha sido premiado como melhor drama filmado fora dos EUA pelo SUNDANCE FESTIVAL FILM não será exibido nos cinemas dos shoppings preto de sua casa. O que não deixa de ser mais uma injustiça contra a Arte.
Aliás, como alguém já disse, a Justiça não é justa. Creio que se pode incluir aí que a justiça feita com as próprias – e as próximas – mãos também não o é.


Ps. 1 - Seja fã do FAM você também. É uma das melhores coisas a se fazer em Floripa..
Ps. 2 - A imagem foi "emprestada" do blog ARTE - FONTE DO CONHECIMENTO.
Ps. 3 - Saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).

15 maio, 2014

14 DE MAIO...


Nos estertores de minha participação no curso de História da Unicamp consegui uma bolsa de auxílio ao estudante. O trabalho era colaborar na organização de jornais antigos no Centro de Memória. Desde esta época instalou-se em meus parcos neurônios uma questão: como terá sido o dia 14 de maio de 1888?
Até hoje esta pergunta ocupa-me a mente e é o ponto que mais me instiga em tudo aquilo que se relaciona com a escravidão dos negros. Sim, dos negros. Porque, ainda hoje, como antes, o TRABALHO ESCRAVO continua a fazer parte do modo de produção instalado no Brasil após a chegada dos portugueses.
A escravidão atual difere-se daquela extinta em 1988 por dois motivos: é ilegal e inclui escravos de várias cores (não vou dizer raça pra não incomodar os anti-cotistas de plantão) e nacionalidades. Basta conferir as notícias envolvendo grandes grifes da moda e quartinhos escuros com latino-americanos dormindo aos pés das máquinas de costura. Como reação, às vezes, pessoas ilustres, juntamente com aquelas que têm vontade de parecer ser da elite, comem bananas que estampam camisetas das confecções de grife.

Fico com a impressão de que desfrutamos de outro tipo de racismo, muito mais inclusivo em termos de cores humanas, o que facilita a crença na balela difundida pela tal elite de que nosso racismo é apenas social. Apenas...

Ps. 1 - imagem "emprestada do blog FOCO CIDADÃO.
Ps. 2 - saiba mais sobre o assunto clicando no HYPERLINK (palavras realçadas)