28 agosto, 2013

EMBAIXADA DO DOI-CODI?!


Mô povo,
Será ofensa à fauna chamar de bestagem o ato de um cara que deve ter estudado dias e noites (ou ter sido bem indicado) para ser aprovado no Colégio Rio Branco e que, numa explosão de sinapses, comprar uma embaixada brasileira, seja lá onde for for, com o DOI-CODI?
Confiram a fantástica frase que pode ser conferida no GLOBO. COM:

"- Eu me sentia como se tivesse o DOI-Codi ao lado da minha sala de trabalho. Um confinamento prolongado e sem perspectivas - disse Saboia"
Que tipo de escola este cara frequentou? Quem terá sido o professor de História desta sumidade da diplomacia?
Não é à toa que Aócio & ACMelhados apoiam sua atitude. O pessoal que não consegue assistir filme com legenda também deve apoiar.

Sempre imaginei - e agora, já estou repensando isto - que diplomatas são pessoas que se preparam para,
principalmente, resolver conflitos entre nações.
A cena parece ser de um filme onde o mocinho invade o castelo para libertar os hóspedes da masmorra. Isto dá, no mínimo, uma mini-série na platinada. Ou uma fotonovela na Zóia.
Eu, hein?

Ps. 1 - Na imagem VLADIMIR HERZOG, que não teve a mesma sorte na embaixada do DOI-CODI.
Ps.2 - Saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).

11 agosto, 2013

EH MEU PAI!

Como sempre nesta data, divido este poema que compus para nosso Véi Leite com todos os pais, presentes, passados e futuros. Até por que, conforme Heráclito, o rio não para.
Só crê na morte quem não gosta da Vida.





eh meu pai!

         [poeira entra em meus olhos
         não fico zangado não
         pois sei que quando eu morrer
         meu corpo irá para o chão
         se transformar em poeira
         poeira vermelha
         poeira do meu sertão
          
(trecho da canção que ouço com o Duo Glacial desde os meus seis carnavais)]

eh meu pai nosso que estais comigo
santificado seja o nosso rumo
caminhas por onde estou
como eu danças no bojo do vento que brinca nesta beiramar
onde mulheres bonitas
         - ah como tu irias gostar de vê-las!
cheirosas balançando suas nádegas
prestes a romper justas malhas coloridas
         e ofuscar o sol
         maravilhar o sol
beiramar continuação
embora aparentemente distante
da morada da tua ex-carne
aparente porque quando olho tu olhas
sentes a escuma da cerveja que bebo
e te escuto a bronquear por minha barba
e meu cabelo comprido que este nosso vento bagunça
         e aquela do jogo de futebol entre cabelo ruim e cabelo bom? hein?
         sabes que riem quando esta tua nossa história
e outra vez desobedeço
filho do Leite que sou
e se fosse diferente terias vergonha de mim
como teve em Pedregulho
enquanto me gritavas teu orgulho
         - na nossa família tem criminoso; ladrão, não!

eh meu pai nosso que estais comigo
quando passo/passa por mim uma bela mulher
solteira casada tanto faz
e me lembro do quanto demorei para perceber
o porquê daquele teu sorrir safado
quando tocava a ponta do nariz com a língua
continuas vivo
nos chanfros onde derramastes tua solda
dos cafundós das Geraes aos cafundós da África
da Rua dos Cachorros ao Brega de Candeias

eh meu pai nosso que estais comigo
rei dos cavalos bravios de Peçanha
criado a broto de samambaia e angu
desafiando as leis protéicas e vitamínicas
em tuas mortes não morridas
         tuberculoses maleitas costelas quebradas
         eletrochoque apendicite etc.

e o petit déjeuner de cerveja e conhaque

eh meu pai nosso que estais comigo
como nos domingos curitibanos de missa feijoada e zoológico
das cervejas no Caneca de Sangue
dois perdidos em Jacarezinho depois de goles de Ipanema
as noites nos botecos da baixada fluminense
e aquele insólito estilo de dividir a grana:
         fregueses dos botecos saindo sorrateiros atrás 
         de fregueses do boteco e voltando sorridentes
         a contar o dinheiro dos fregueses do boteco:
         a grana de mão em mão até à gaveta do 
         balcão onde descansaria até ser coletada sob
         mira do treizoitão e outro balcão outro freguês
           outras mãos outras...
do baixo dos meus 20 anos olhava pra ti
e ouvia teu já conhecido mote, desde Curitiba:
         - onde tem gente vai gente
e lá íamos outra vez pra dentro da noite
cruel moedora de hipócritas e frouxos
bundas-moles rejeitados até pelo ralo da vida
a se perguntarem o quê fazer na superfície
além de bancarem os prazeres sadomasô de farmacêuticos
advogados cardiologistas psyco-gurus
e outras espécies de geriaputas

eh meu pai nosso que estais comigo
te vejo correndo atrás do Gentil homem
que atirou em meu primeiro amigo Suíço
protagonista da primeira cena de cinema
que ainda habita minhas retinas por quase meio século;
tu quixoterói canivete na mão rua abaixo
no encalço de Gentil e seu 38 que lhe pedia:
         - não vem Leite, não vem!
e Mareca correndo e gritando e caindo na poeira sobre um Tião ainda em seu ventre
e tudo na hora do almoço
e eu tinha 4
e por esta e outras cenas do mesmo naipe
hoje ultrapasso os 400

eh meu pai nosso que estais comigo
e com teus filhos por sangue ou escolha e amigos
que dionisiacamente te saudaram noite adentro
rindo de suas/nossas histórias
sorrisos porque não mereces choro
nem a hipocrisia do respeito
         que respeito é súplica dos fracos

eh meu pai nosso que estais comigo
cavalgando alta mula de arreios tilintantes
cruzastes o Suassuí-Poca
         este nosso Hades
reza de Vó Rosa a abrir porteiras
e no pa-ca-tá pa-ca-tá das patas levantando a terra vermelha
tua alegria a se fundir com o horizonte

eh meu pai nosso que estais
vivo é o vosso sumo

06 agosto, 2013

O IMPORTANTE É O PRINCIPAL


 
Este papo de que “o importante é competir” não passa de pré-consolo de quem nasceu para comer um lanche. Por se resignar a isto. Na disputa, a meta é a vitória, mesmo que o resultado pareça não ser uma incógnita. Mesmo que contra o batalhão de calhordas distribuídos pela arena e arquibancada,  um miura entra para arrombar o toureiro. Do contrário, não é um miura.  É qualquer coisa pintada de preto.
Foi como qualquer coisa pintada de branco que um punhado de caras, dublando mal e porcamente o time do Santástico,  gastou noventa minutos de vida a oferecer o pescoço ao time do Barcelona. Treinador e jogadores – perdedores, melhor dizendo – entraram em campo como carneiros que enxergam, na degola, o alívio de seus males. Que passividade avassaladora! Digo isto, não por causa do placar elasticadamente vergonhoso, mas pela ausência de sangue por debaixo do sagrado manto alvinegro. Digo isto por causa da opção pela paralisia mental que tomou conta de quase todos.
Digo “quase todos” porque houve um miura em campo, mesmo que por pouco tempo. E este miura é VICTOR ANDRADE, que deu um pau num dos adversários e reagiu à altura quando teve recusada a sua mão estendida. É até possível que tenha tomado bronca no vestiário por ter reagido como homem, já que a entrega parecia ser de concordância de todos. Pois é sabido que o rebanho odeia as ovelhas negras. A atitude de Vitor merece, além de placa em praça pública, os versos de TORQUATO:
 
levem um homem e um boi ao matadouro
o que berrar é o homem
mesmo que seja o boi”.
 
É isto aí, guri!
Que a VILA MAIS FAMOSA DO MUNDO seja desinfetada urgentemente ao som de JACKSON DO PANDEIRO.
 
Ps. 1 - Saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).
Ps. 2 - Aproveite a chance e confira a arte de Torquato Neto, Jards Macalé, Wagner Tiso e Paulo José num dos hyperlinks.
Ps. 3 - Nosso fundamental slogan aos tempos do IFCH nos anos 80: "o importante é o principal; o resto é secundário."