29 outubro, 2007

JABOURU

Pois bem (pra usar o estilo Jaburu)
Vou contar pra vocês uma historinha protagonizada por esta nossa fantástica sentinela figura, guardião-mor da moral e bons costumes da terra brasilis. Este singelo conto de fodas explica o azedume do ex-cineasta que descobriu uma forma infalível de ganhar grana. Assim como o Dráuzio Varella e o Maurício Kubrusly também perceberam que muito poderiam ampliar seus indignos rendimentos se passassem a discutir a cor da pomba das anjas e a investigar se o pássaro preto é mesmo preto ou só o fingi ser.
Voltemos ao global enfant terrible.
Alguns guris, ao descobrirem a sexualidade na tenra, terna e doce infância, optam por desenvolvê-la através de trabalho em grupo. Daí, soe acontecer de trocarem isto e aquilo com algum coleguinha optante pelo mesmo modus operandi. Estando bom para ambas as partes, com diz aquele excelso deputado paulista colega de outros tão excelsos quanto, fica todo mundo satisfeito com o que leva.
Com o Jabouru aconteceu um imprevisto traumatizante. Foram lá pra moita, ele e um coleguinha também disposto a descobrir os tais mistérios gozosos dos quais fala o livro, aquele. O coleguinha soltou os suspensórios e arreou a bermudinha cor azul-calcinha com barra de cor idem, atracou-se delicadamente ao cupim e oferendou o derrière (o butão, como diria cumpadi Orni). Jabouru, rapinante como de costume, crau!
Feito o serviço, bateu-lhe a coceirinha. Jabouru deixou escorrer o xortisinho florido, atracou-se ao cupim, o mesmo, e entregou-se a enlevadas elucubrações freudianas. Quando Ipojuquinha encostou-lhe o bingolim no raiado, ouviu aquela voz inconfundível:
-“Vais perder a aula, Jabouruzinho! Vem que o papá está à mesa!”
E lá se foi o guri, resmungando horrores, maldizendo aquela corta-barato. Não conseguira ser comido. E um não comido, embora desejoso, é um caso triste de doer. Lá nele, claro.
Vem daí a sua figura sorumbática e furibunda e o seu estilo desenvolvido após muito estudar Zé Fernandes e Pedro de Lara. Também vem daí sua dificuldade em enxergar alguma coisa bonita ou alegre na vida.
Embora acredite que desenvolver e manter um trauma é uma espécie de opção, penso que hábitos da infância podem influenciar a adultice de alguns. Ou de muitos, talvez.
Pronto. Aguardo os apupos dos seus ardorosos fãs.

27 outubro, 2007

E A SAÚDE O QUE É?

“hospitais são onde eles tentam matar você sem explicar por quê. a fria e calculista crueldade do hospital americano não é causado por médicos que estão sobrecarregados de serviços e que estão habituados e entediados com a morte. é causada por MÉDICOS QUE GANHAM DEMAIS PRA FAZER TÃO POUCO e que são admirados pelos ignorantes como feiticeiros que curam, quando na maior parte do tempo não sabem diferenciar seus próprios cabelos do PÍÍÍÍÍÍ de barbas de milho.”

(BUKOWSKI, in Notas de Um Velho Safado)

Pois é... Como o Velho Buck escreveu isto aí na década de sessenta, of course que muita coisa mudou, né?
Ao contrário de muita gente e baseado na minha experiência como funcionário do Posto de Saúde de Cosmó por pouco mais de dois anos, acredito que os serviços de saúde pública melhoraram. Tínhamos, à época, um jeep antigo e 20 litros de gasolina por mês, para, entre outras tarefas, visitar pacientes com tuberculose ou lepra, crianças e gestantes com vacinas atrasadas e ainda pro Seu Pereirinha fiscalizar estufas com coxinhas que mais pareciam quibes e por aí afora. Ao volante, Gil e seu bigode (já o citei em outra postagem aqui neste blog).
Quem viu ou foi atendido por esta estrutura não pode, se razoavelmente livre da hipocrisia, sair repetindo como um papagaio: A SAÚDE ESTÁ FALIDA! A SAÚDE ESTÁ FALIDA!
Os castos anti-lulinhas pode ficar tranqüilo. Estou dizendo que a saúde pública melhora desde Hipócrates e desde as benzeções de Vó Rosa. Quando aparece nos hemorrágicos telejornais entre sete e nove da noite uma agente de saúde pendurando uma balança num galho pra pesar uma criança lá na Amazônia, logo se diz: este é mais um sinal da falência da saúde pública no Brasil. Ora, até recentemente aquela criança só notaria se seu peso está ou não nos conformes, quando começasse a ler revista besta e a se comparar aos astros de novela.
Aqueles, poucos, que têm o imperdoável gosto por História, a mãe do conhecimento, sabem que já tivemos até uma tal Revolta da Vacina, lá no Rio de Janeiro. Os que tiverem alguma curiosidade em conhecer algo a respeito podem acessar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_da_Vacina .
Quantos países têm um sistema de atendimento como o SUS? Mesmo considerando fatos como uma pessoa mal-informada (ou má relacionada) morrer num corredor à espera de socorro ou uns poucos bem-informados (ou bem relacionados) terem acesso a cirurgias de redução do estômago ou trocar bingolim por pereca, o viver era bem pior antes dele. Claro que precisa melhorar. Porém, para reformarmos a casa, é preciso conhecer a mesma.
Eu cá, vejo que os equipamentos e instalações melhoraram. Falta melhorar o ponto crucial da máquina: o atendimento. E aí é que pega: o humano continua o mesmo, nestes milhares de anos. O funcionário público, em geral, por se considerar eterno e intocável em sua paralisante função, tende a nos olhar com desdém. Por isto o texto do Bukowski inspirou-me.
Bem, como o propósito aqui não é polemizar, vamos subir a viga. Há uma certa rede de farmácias que disponibilizam medicamentos básicos a preço de banana. Talvez, teu médico te diga:
- “Estas coisas do governo não são de confiança. Dê preferência às farmácias tradicionais e às recomendações dos artistas que garantem que usam esta cola pra dentadura, aquele remédio que levanta ou aquele outro que abaixa.”
Experimente ser curioso(a) e mande o gato do provérbio catar coquinhos. Dê uma olhada na tabela de preços que está em
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/medicamentosfarmaciapopular.pdf ou disque para 0800 61 1997.
É simples: se tiver saúde, não precisa de remédios; se precisa deles, compre onde é mais barato; vai sobrar mais pro leite ou pra cerveja.
E, lembre-se, cerveja previne pedra no rim e não contém soda cáustica.
{8¬)

16 outubro, 2007

BRINCADEIRINHA

A EDUCAÇÃO EM COSMÓPOLIS: acabaram-se os burros?

Ainda outro dia, quando estava apreciando mais uma atuação do meu glorioso Mancha F. C., um amigo disse-me que nem todos iriam entender
O artigo que escrevi sobre o fim do Cine Avenida. Respondi-lhe, talvez até de maneira deselegante, que eu havia estudado no GEPAN e que ele ainda funcionava no mesmo lugar. Minha intenção era dizer-lhe que o pouco que sei devo, principalmente, à escola pública e que o GEPAN, assim como as outras escolas do Município, continua com suas portas abertas.
Hoje, pensando no que disse, assaltaram-me algumas dúvidas: a quantas andará o meu também glorioso GEPAN? Como são seus mestres? Como são seus atuais formandos e formados?
Estamos presenciando, atualmente, mais um movimento do magistério público por melhores salários. Como sempre, o Estado jura que está preocupadíssimo com a situação do ensino público, mas não tem recursos. Como sempre, apenas uns poucos professores apresentam-se para a luta. Como sempre, os alunos só se preocupam se terão que repor aulas. Como sempre, a Sociedade se divide entre quem consegue manter o filho na escola privada, quem sonha com esta possibilidade e quem ainda tenta, desesperadamente, manter o filho, ao menos, na escola pública. Os “políticos”? Bem, estes são profissionais; não dão ponto sem nó. Na verdade, pouquíssimas pessoas estão preocupadas com os objetivos do tipo de educação que a rede pública tem oferecido.
Tenho ouvido muitos afirmarem que está havendo um desmantelamento do sistema educacional, que o Estado abandonou o ensino público. Ledo engano. Aqueles que ocupam cargos onde as decisões são tomadas, assim como aqueles que dão sustentação política, social e financeira a estes ocupantes de cargos têm objetivos claros: não querem dividir o reinado e, muito menos, largar o osso. Sabem qual é o tipo de estudante, professor, operário ou família que desejam. Enfim, sabem qual é o tipo de sociedade que permitirá que continuem nadando de braçada neste mar de lama que o país tem sido há 495 anos.
Comparada à maioria das cidades brasileiras Cosmópolis possui uma considerável estrutura de ensino de 1º e 2º graus e, além disso, está construindo uma unidade educacional que se pretende seja inovadora. Talvez estejamos vivendo o momento de iniciarmos um debate em busca de propostas adequadas às nossas potencialidades e necessidades. Pode ser que consigamos ir além da tradicional choradeira às vésperas de datas-base e vestibulares. Para sairmos desta pasmaceira intelectual é preciso que os estabelecimentos de ensino entreguem à sociedade algo além de futuros desempregados tecnicamente qualificados.
Bem sei que vão dizer que só critico, que, para mim, nada está bem. Então, fica aqui uma sugestão: que tal todos os interessados na questão, que eu sei são pouquíssimos, mobilizarem-se para a realização de, por exemplo, um SEMINNÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO aberto a toda a sociedade cosmopolense?
Felizmente, há um saldo ecológico na situação: dificilmente um professor tem se sentido apto a chamar um aluno de burro, o que poupa a fauna de comparações pouco louváveis.
Com a palavra, os interessados. Ou os incomodados.

Shasça, 18/04/95


Ps 1: este artigo foi publicado num jornal de Cosmópolis – SP e GEPAN é o colégio onde estudei e tomei gosto por rabiscar minhas brincadeiras. Foi publicado no Jornal de Cosmópolis, em 22/04/1995.
Ps 2: apesar da magistérica efeméride comemorada no 15 de outubro de todo ano, a publicação do artigo não tem a intenção de homenagear aos homenageados do dia. Mesmo porque, muita coisa deve ter mudado de 1995 pra cá. Muita água passou debaixo da ponte do Pirapitingüi. Né mesmo?

12 outubro, 2007

FELIZ DIA DE TODOS NÓS CRIANÇAS!!!

Certa vez, um camarada que, segundo me disseram recentemente, já foi passear antes do combinado me disse que todo homem tem um pouco da Síndrome de Peter Pan. Respondi-lhe de bate-pronto (coisa rara em mim):
- Cara, eu sou o Peter Pan!
Tá escrito lá na http://pt.wikipedia.org/wiki/Síndrome_de_Peter_Pan :
"A Síndrome de Peter Pan foi aceite em psicologia desde a publicação de um livro escrito em 1983 The Peter Pan Syndrome: Men Who Have Never Grown Up ou "síndrome do homem que nunca cresce", escrito pelo Dr. Dan Kiley.
Esta
síndrome caracteriza-se por determinados comportamentos, imaturos em aspectos comportamentais, psicológicos, sexuais ou sociais. Segundo Kiley, rasgos de irresponsabilidade, rebeldia, cólera, narcisismo, dependência, negação ao envelhecimento."
Como não sou de botar fé em paranóias, taí uma oferenda à curuminzada.
Desejo que curtam e leiam para a prole (vossa e alheia).
Deixem as farpas nos comentários. Também, se arrisquem a deixar alguma identificação.
E como dizem os manos, É NÓIS!
{8¬)


CANTIGA DE NINAR

nunca implorar pelo peixe
mas apreender o pescar
e conquistar o rio

avançar sempre menina
os conselhos vêm dos lados
à frente está o rio

não lamentar o que é ido
parar pra contar os mortos
é dar chance ao inimigo

cuidar as margens menina
saber dividir o rio
e esquecer o que digo


Ps1: esta brincadeira deseja expressar, a meu confessamente míope ver, o único conselho que se pode dar a uma criança, não importando a sua idade cronológica ou social.
Ps2: imagem “emprestada sem permissão” do site http://releitura.wordpress.com/