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01 maio, 2020

FOI-SE-O-BOOK - DESAFIO #2: LIVING IN THE PAST




O álbum duplo LIVING IN THE PAST, do fantástico JETHRO TULL, lançado em 1973, é-me essencial por dois motivos:
1 – Jorjão Baracat – que me chamava de Gordo e a quem eu chamava de Magro – gostava e tinha muitas cassetes desta banda;
2 – “Living in The Past” é a primeira música do Jethro que ouvi.

Ps.: num dos HYPERLINKS (palavras realçadas), Gastão e Clemente – quem sabe o que é rock brasileiro conhece estes dois – batem um papo sobre o Jethro. Click lá!

19 março, 2017

GO CHUCK, BE GOD!


Por ocasião de um show de Chuck Berry em São Paulo, meu irmão Chulipa, o gaiteiro-mor de Cosmópolis, convidou-me pra ir. Juntamente com Edão, Degan, Junião e Vascão, entre outros, já havíamos curtido vários shows de rock e de blues. É impossível esquecer nossa ida ao festival de blues em Ribeirão Preto, o primeiro que rolou no Brasil: Buddy Guy, Junior Wells, Magic Slim e por aí afora. Aliás, até minha ida pra Ribeirão foi blusística: de trem, com uma garota de Chicago e uma garrafa de whisky de cincão.
Pois, bem. Pra variar, eu estava com a quaiaca desprevenida e não pude ir ao show de Chuck. Quando nos encontramos no dia seguinte, Chulipa me deu a maior bronca porque eu não havia ido. Ouvi esta bronca por muitos anos, toda vez que alguém tocava no nome do legítimo Rei do Rock ‘n’ Roll. E não adiantava eu dizer que fiquei agoniado por não dispor dos necessários caraminguás ao ingresso. Porém, como se diz nas Geraes, antes pingar do que secar. Voo como posso:


Tenho certeza de que meu irmão Chulipa já estava na fila, com seu colete preto, prontinho para curtir o primeiro show de Berry nos palcos de lá. Enquanto aguardava, deve ter trocado altas ideias com os guitarmen da fila: Roy Buchanan e Hendrix, entre outros.
Let the good times roll!


Ps.1 – Como não tenho muita paciência com rock-barulho, permaneço ao lado de Chuck: ele tinha mais é que ter negado este autógrafo:

19 novembro, 2015

HURDY GURDY

Para quem ainda não conhece - e para quem já - apresento um HURDY GURDY, a orquestra de um instrumento só, construído por Cumpadi Edão.

15 janeiro, 2015

DENGUE AVANÇA EM SANTA CATARINA


Em 17 de abril de 2013, postei o texto abaixo, cujo objetivo é apontar falhas na campanha contra Dengue no Brasil e, por conseguinte, em Santa Catarina. Hoje, quase dois anos depois, a cena escrita virou um roteiro para curta-metragem à espera de alguém que se disponha a realizá-lo. Já o estado, conseguiu cumprir a profecia. Profecia que não é minha, mas do desleixo com que os brasileiros - representantes e representados - tratam o Saneamento Básico.
Enfim, Santa Catarina chegou lá: ITAJAÍ INVESTIGA O QUINTO CASO DE DENGUE.
Leia, reflita, acorde e cobre do teu representante eleito:


CRÔNICA DE UMA EPIDEMIA ANUNCIADA.

EXTERNA. FIM DE TARDE. VILA DE PERIFERIA
Crianças descalças jogam futebol na rua esburacada.
AGENTE DE SAÚDE PÚBLICA caminha por entre as crianças. Olha para os lados em busca de casebres suspeitos. Escolhe uma e caminha em sua direção. Para alcançar a porta, pula o pequeno regato de esgoto que escorre pelo canto da rua. Bate na porta.
Surge uma MULHER com uma criança de colo. A criança come um pedaço de pão. Agente nota que as mãos e a boca da criança estão sujas de terra.

MULHER
- Oi. Você é do posto de saúde? Voltou a funcionar?

AGENTE
- Não sei. Eu trabalho no controle da dengue. Preciso olhar se no teu quintal tem criadouros de mosquitos. Sua caixa d’água é bem tampada?

MULHER
- Cri-o-quê?! Aqui tem quintal não, moça. Também não tem caixa. A gente busca água na bica lá embaixo.

AGENTE procura onde anotar estas informações na prancheta, mas não há local específico para este tipo de anotação.

MULHER
- Quando o posto de saúde volta a funcionar?

AGENTE
(ainda procurando onde anotar)
- Hein?!

FADE OUT

*****

Este roteiro bem poderia ter sido escrito lá no início dos anos noventa, quando eu trabalhava na área ambiental da Prefeitura de COSMÓPOLIS e participava do Conselho Municipal de Saúde. À época, estávamos numa situação semelhante à que Santa Catarina se encontra neste exato momento, pois a DENGUE, batia às nossas portas.
Ao começarem a citar as medidas a serem tomadas (busca por xaxins, vasos em cemitérios, pneus velhos, tampinhas de garrafa etc. e o indefectível fumacê) argumentei que a cidade não dispunha de local adequado para descartar estes materiais e se fossem jogados no lixão, aumentaria a população de moscas, que já era preocupante. A médica sanitarista retrucou-me: “mosca não transmite dengue”.
Tive a plena certeza de que não havia clima para propor a intensificação dos trabalhos visando saneamento básico. Também tive certeza de que o aedes havia encontrado um confortável lar.
Acreditava – e ainda acredito – que fica difícil convencer alguém de que tampinhas de garrafa podem ser perigosas à Saúde se o esgoto escorre a céu aberto, se o lixo não é corretamente recolhido e descartado. Alguns dos demais conselheiros disseram-me que isto iria demorar muito e a questão da dengue era urgente. Foi minha derradeira participação naquele conselho.
Lá se vão 20 anos e a região de Campinas – SP conseguiu ter seus “desejados” casos de DENGUE HEMORRÁGICA o que, naquela ocasião, só acontecia na Baixada Fluminense.
Hoje, vejo Santa Catarina caminhando para também ter sua própria EPIDEMIA de dengue. Pois, como facilmente se pode constatar, a preocupação dos órgãos estaduais com saneamento básico aproxima-se de zero.  Porém, os caçadores dos xaxins perdidos já estão em campo.
Boa sorte para nós todos!

Ps.: saiba mais sobre o assunto clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).

03 dezembro, 2014

CINE PARADISO APRESENTA: NADIR


Decididamente, não tenho porque reclamar das situações em que a vida me colocou. Nem mesmo daquelas em que, momentaneamente, “a boca da égua tenha azedado”. Creio que não precisa explicitar aqui o quanto gosto de cinema. Quando resolvi, pela primeira vez morar sozinho, aluguei um casarão antigo numa das melhores vizinhanças que tive o prazer de desfrutar, em COSMÓPOLIS. Então, no início dos anos 90, fui ser vizinho, dentre outras não menos bacanas pessoas, do projetista do Cine Avenida: meu amigo Nadir. Por mais um feliz acaso, o cinema ficava bem na esquina, a poucos metros de minha casa.
Lembro-me sempre de uma noite em que, passando pela frente do cinema, encontrei o Nadir, pois a sessão ainda não havia começado, e parei pra prosear. Papo vai, papo vem e nós conversando sobre a queda no número de espectadores e quais as razões disso estar acontecendo. Ele me conta que muitas pessoas, principalmente estudantes, chegavam à bilheteria e perguntavam:
- “O filme é de ler?”
Segundo Nadir, se fosse, a pessoa não entrava. “Filme de ler” significava “filme legendado”. Havia tristeza no que ele me dizia e não pude senão concordar com ele em relação à preguiça mental que, sem que o soubéssemos, já estava virando moda. Hoje em dia, quando vejo que, nos cinemas de shoppings, as sessões dubladas são as mais frequentadas, fico com a impressão de que a moda pegou.
O Cine Avenida, assim como quase todos os cinemas de cidades pequenas ou não, foi fechado. Nadir perguntou-me se havia, em minha casa, lugar onde pudesse guardar algumas coisas que precisaria retirar do prédio. Ofereci-lhe um dos quartos que eu não utilizava. Ele trouxe um bocado de coisas: latas de filme, cartazes, duas cadeiras de estofado vermelho e sei-lá-mais-o-quê. O material ficou lá até o dia em que me mudei e precisei entregar a casa. Várias noites, eu abria a porta do quarto e ficava olhando aquelas relíquias, viajando a bem mais que 24 quadros por segundo.
Na noite passada, fiquei sabendo que Nadir foi viajar. Penso que foi recepcionado em belo salão repleto de espectadores e com uma comissão organizada por Seo Hardy e composta de cineastas e atores a quem ele sempre tratou muito bem.
Boa viagem, Nadir.

21 outubro, 2014

BOA VIAGEM, MEU IRMÃOZIM!



Lá pelo início dos anos 80, fomos – Junim, Piu e mais alguém cujo nome não me lembro – visitar um fornecedor da Leiteria Mumu. Na propriedade havia uma olaria. Aproximei-me e fiquei observando a lida de um homem de cabelos brancos e um menino de uns quinze anos, no máximo, manuseando o barro, amassando-o e colocando-o nas formas. Na volta, vim calado, o que não é muito comum de acontecer, como se sabe. A cena ocupava-me as parcas sinapses.
Quando chegamos à casa do Piu, onde costumava me hospedar quando ia passar os finais de ano em Caldas – MG, fui direto à máquina de escrever. Arranquei pedaço de um cartaz do Espectro Contínuo, banda rockeira de Cosmópolis - SP, e enfiei na máquina. Comecei a catamilhografar. Junim veio com o violão, pôs o pé na cadeira onde eu estava sentado e começou a dedilhar. De mim, as palavras saiam compulsivamente, apesar de meus dedos gagos. Lembro-me de sua pilhéria:
- “Do jeito que você escreve, ainda vai ser escritor. Dizem que escritor não sabe escrever à máquina.”
Terminei o poema, ainda sem nome, e recostei-me na cadeira. Junim perguntou:
- “terminou?”
Eu respondi:
- “Sim. Falta o nome.”
Ele retrucou:
- “Bota ‘Sô Vicente’, que é o nome daquele senhor que estava fazendo os tijolos.”
Dito isto, arrancou o pedaço de papel da máquina, sentou-se e cantou. Nossa música ficou pronta ali. O canto está na minha mente até hoje. O poema é o que se segue:

SÔ VICENTE

o oleiro
na sua santa inocência
atolava sua imaculada mão na argila
e fazia os tijolos
que formariam o muro
barreira
entre o pomar do patrão
e a fome dos seus filhos

o bom deus
como de hábito
espalhava suas eternas bênçãos
sobre o homem de boa fé
seculus seculorum
amém...

AMÉM?!

Ps.: a foto é da vez mais recente que nos vimos.

24 dezembro, 2013

E SOBRE O NATAL...

 


Como é de conhecimento dos que me conhecem mais de perto, sou mais um daqueles que gosta de desafinar o coro dos contentes. Então, neste momento tão sublime para os cristãos – e com reflexos também nos não-cristãos, porque envolvidos na Cultura Judaico-Cristã  – socorro-me de um dos grandes da Arte: DOSTOIEVISKI.
Embora, talvez, o presente presente não alegre o seu Natal, pode ser que alegre o seu viver. Também pode ser que te entristeça. De uma coisa, sei: há o risco de sua vida passar a ter mais nuances de vitalidade.
Simples: ao invés da costumeira oração, acesse este podcast e aumente o volume para que todos os convidados de sua ceia o ouçam. Mesmo que você seja o tipo de pessoa que alega aos quatro ventos que prefere a companhia dos animais não-humanos este fantástico conto pode te fazer bem.
Como o objetivo é presentear o maior número de pessoas possível, o conto A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DO CRISTO  tanto pode ser ouvido (basta clicar na seta do player sob a foto) e/ou lido.
Arrisque-se!

Ps. 1 - a foto é gentilmente cedida por minha irmã Zarif, embora sem o seu conhecimento, e é um flagrante da maneira como os humanos, de maneira geral, têm tratado uns aos outros.
Ps. 2 - saiba mais sobre a leitura radiofônica no MÚSICA DISCRETA
experimente navegar pelos HYPERLINKS (palavras realçadas).

01 dezembro, 2013

NOSSA COSMÓPOLIS QUE NUNCA DEIXEI.




Neste dia em que COSMÓPOLIS comemora 69 anos de emancipação, faço uma singela homenagem ao que esta cidade - uma das onde nasci - tem de melhor: seu povo. Parece incrível mas, em Cosmó, até os chatos não chateiam muito: são menos chatos que os chatos de outros lugares.
Então, aí vai um poemeta cometido nos anos 70, creio eu, e que faz parte do meu segundo livro de poemas, "VIDA?", lançado em 82. Devo a inspiração às meninas que frequentavam/passavam pela Esquina do Itaú. Esquina esta que foi por muito tempo, este local foi o centro cultural da região, atraindo pessoas de quase todas as cidades vizinhas. Talvez sua influência e contribuição seja maior até mesmo que o famoso centro cultural do banco que leva o nome.
Hip hip hurra!´
{8¬)

30 outubro, 2013

PRESENTE PRA SEO LUIZ: EDNARDO

Naqueles meados dos anos 70, que talvez tenham sido os nossos ANOS 60 (se é que me entendem), a TV Record oferecia um programa musical que seria revolucionário até mesmo nos dias de hoje: MIXTURAÇÃO. Afirmo, quase sem medo de me equivocar, que em toda a CIDADE UNIVERSO, apenas meu irmão Luiz mais eu assistíamos esta maravilha da televisão brasileira, dirigida por WALTER SILVA.
Uma das figuras que apareceram para o Brasil através deste programa é EDNARDO. Como Luiz até arranhava Terral no violão, este é o presente de aniversário para merrmão Luiz, que ele divide com vocês todos que passarem por aqui. Porque o costume lá em casa é deixar a porta aberta para quem gostar de festa.
Quem não gostar, por favor, nem apeie. Siga a recomendação lá das GERAES: vá caçar a rodilha onde quebrou o pote.



Ps.: exercite a curiosidade clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).

23 abril, 2013

DENGUE EM SANTA CATARINA




Até o ano passado, Santa Catarina não apresentava casos AUTOCTONES de pessoas contaminadas com o vírus da DENGUE. Neste início de 2013, já foram identificados casos em Chapecó, no oeste do Estado e em Itapema, que fica no litoral. Ou seja, SC está sendo ocupada pelo vetor da doença, conforme se pode constatar em reportagem do CLICRBS, apresenta a seguinte relação de focos do Aedes Aegypti identificados em SC, segundo a DIVE – Diretoria de Vigilância Epidemiológica:

854 — Chapecó 
289 — São Miguel do Oeste 
79 — Joinville 
77 — Xaxim 
37 — Blumenau 
34 — Pinhalzinho 
32 — Florianópolis 
29 — Itapema

Na mesma reportagem, Suzana Zeccer, gerente de controle de zoonozes da Secretaria Estadual de Saúde afirma:

– “Temos que eliminar os recipientes com água parada ou aqueles que possam acumular água.

Até o momento, os órgãos de saúde do Estado estão procedendo da mesma maneira que, entre tantos outros, os municípios da região de Campinas – SP. Lá,  como conseqüência, assistem os casos aumentarem ao ponto de já ocorrer DENGUE HEMORRÁGICA, a forma mais perigosa da doença.
Como se sabe, o aedes, ao contrário de outros insetos, desenvolve-se em recipientes contendo água limpa como, por exemplo, caixas d'água, vasos com plantas ou carcaças de automóveis armazenadas ao ar livre em pátios e ferro-velhos. Assim sendo, o trabalho de eliminação de possíveis recipientes hospedeiros precisa da colaboração de todos, população e autoridades (que, por incrível que pareça, também fazem parte da população).
Problemas públicos como Saúde, Educação e Segurança dependem, para a efetiva busca de soluções, da participação daquele que deveria ser o principal interessado: o Senhor Público. Entretanto, pelos resultados obtidos, a forma como os órgãos públicos têm procurado conquistar a participação da população tem se revelado ineficaz: o aedes multiplica-se aos borbotões aqui e acolá. Quando volto a Cosmópolis - SP, fico triste ao constatar que, 20 anos depois que o assunto dengue surgiu na cidade, continuam espalhando o fumacê e cutucando xaxins e coisa & tal. Enquanto isto, o aedes sente-se em casa e procria, procria...
Uma das razões para este descaso da população com sua própria saúde está no aparente descaso com que suas necessidades são atendidas no que se refere, por exemplo, ao Saneamento Básico.
Como acontece em muitos outros lugares brasileiros, talvez o cidadão catarinense se pergunte:

- "Por que vou me incomodar procurando tampinhas de garrafa no meu quintal se a cidade está cheia de terrenos baldios juntando mato e lixo?"

Aqui em Floripa, será tranqüilo convencer um morador da BACIA DO RIO CAPIVARI a fiscalizar seus vasos de bem cuidadas samambaias se ele sabe que o esgoto faz do seu vizinho rio um perene caminho até à praia, onde milhares de nativos e turistas se banham numa boa?

Ps.: saiba muito mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

17 abril, 2013

DENGUE: VOCÊ AINDA VAI TER UMA


CRÔNICA DE UMA EPIDEMIA ANUNCIADA.

EXTERNA. FIM DE TARDE. VILA DE PERIFERIA
Crianças descalças jogam futebol na rua esburacada.
AGENTE DE SAÚDE PÚBLICA caminha por entre as crianças. Olha para os lados em busca de casebres suspeitos. Escolhe uma e caminha em sua direção. Para alcançar a porta, pula o pequeno regato de esgoto que escorre pelo canto da rua. Bate na porta.
Surge uma MULHER com uma criança de colo. A criança come um pedaço de pão. Agente nota que as mãos e a boca da criança estão sujas de terra.

MULHER
- Oi. Você é do posto de saúde? Voltou a funcionar?

AGENTE
- Não sei. Eu trabalho no controle da dengue. Preciso olhar se no teu quintal tem criadouros de mosquitos. Sua caixa d’água é bem tampada?

MULHER
- Cri-o-quê?! Aqui tem quintal não, moça. Também não tem caixa. A gente busca água na bica lá embaixo.

AGENTE procura onde anotar estas informações na prancheta, mas não há local específico para este tipo de anotação.

MULHER
- Quando o posto de saúde volta a funcionar?

AGENTE
(ainda procurando onde anotar)
- Hein?!

FADE OUT

*****

Este roteiro bem poderia ter sido escrito lá no início dos anos noventa, quando eu trabalhava na área ambiental da Prefeitura de COSMÓPOLIS e participava do Conselho Municipal de Saúde. À época, estávamos numa situação semelhante à que Santa Catarina se encontra neste exato momento, pois a DENGUE, batia às nossas portas.
Ao começarem a citar as medidas a serem tomadas (busca por xaxins, vasos em cemitérios, pneus velhos, tampinhas de garrafa etc. e o indefectível fumacê) argumentei que a cidade não dispunha de local adequado para descartar estes materiais e se fossem jogados no lixão, aumentaria a população de moscas, que já era preocupante. A médica sanitarista retrucou-me: “mosca não transmite dengue”.
Tive a plena certeza de que não havia clima para propor a intensificação dos trabalhos visando saneamento básico. Também tive certeza de que o aedes havia encontrado um confortável lar.
Acreditava – e ainda acredito – que fica difícil convencer alguém de que tampinhas de garrafa podem ser perigosas à Saúde se o esgoto escorre a céu aberto, se o lixo não é corretamente recolhido e descartado. Alguns dos demais conselheiros disseram-me que isto iria demorar muito e a questão da dengue era urgente. Foi minha derradeira participação naquele conselho.
Lá se vão 20 anos e a região de Campinas – SP conseguiu ter seus “desejados” casos de DENGUE HEMORRÁGICA o que, naquela ocasião, só acontecia na Baixada Fluminense.
Hoje, vejo Santa Catarina caminhando para também ter sua própria EPIDEMIA de dengue. Pois, como facilmente se pode constatar, a preocupação dos órgãos estaduais com saneamento básico aproxima-se de zero.  Porém, os caçadores dos xaxins perdidos já estão em campo.
Boa sorte para nós todos!

Ps.: saiba mais sobre o assunto clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).

10 março, 2012

LIXO: DE QUEM É, MESMO ?

Na primeira metade dos anos 90, quando trabalhava no Setor de Meio Ambiente da Prefeitura de COSMÓPOLIS, visitei o ATERRO MANTOVANI, um lixão industrial clandestino (como todos os lixões, industriais ou não, inclusive este aí que você permite na sua cidade) localizado em SANTO ANTÔNIO DE POSSE. Visitei o lixão juntamente com os prefeitos das duas cidades. Circulamos pela área ao lado do proprietário do lixão que, enquanto caminhávamos, nos contava sobre os resíduos que recebera durante mais ou menos 12 anos (até ser embargado pela CETESB).
Chegando próximo de uma mancha de piche que parecia ter acabado de jorrar através da terra vermelha, o proprietário estacou e disse ao prefeito possense:
“- Aqui, tem muito dinheiro. Recebíamos 30 toneladas, todos os dias! Já pensou o quanto isto significa termos de imposto para S. A. de Posse?”
Fiz uma conta rápida para entender este tal “significado”: 30 x 30 x 12 x 12 = 129.600 toneladas! E isto não é tudo: ele recebeu resíduos industriais de várias cidades e, muito provavelmente, do exterior, via PORTO DE SANTOS. Torci para ele estar exagerando. Então, olhei novamente para aqueles farrapos de sacos plásticos brotando do chão e dos barrancos, olhei bem para a imensa poça de óleo onde flutuavam bombonas azuis. Acreditei no que ele disse.
Detalhe: este lixão, que ainda está sendo
RECUPERADO, situa-se próximo à nascente do curso d’água que abastece Cosmópolis. O comopolense, como acontece com a maior parte da população de quase toda cidade brasileira, dormia tranquilo àquela época. Ainda dorme.
Aparentemente, daquela visita para cá o tempo passou. Aparentemente, porque, mais uma vez – e tenho certeza que não será a última, relatam os jornais que um desses países classificados como modernoso first world despachou uma carga de
LIXO PARA O BRASIL, camuflado como matéria prima.
Semana passada, o posto da Receita Federal situado no
PORTO DE ITAJAÍ apreendeu dois containers com sacolas e sacos plásticos contaminados como se fosse carga de polietileno. Segundo o DIÁRIO CATARINENSE, a origem deste mais recente presente de grego é o Canadá. Este mesmo Canadá que posa, e ingênuos acreditam, como país altamente cioso de suas obrigações com o Meio Ambiente.
Não é bem assim o que acontece, por exemplo, na extração de petróleo de suas
AREIAS BETUMINOSAS. Não sabia? Pois é, o primeiro mundo também faz sujeira. O diferencial é que fazem os países de segundo, terceiro, quarto etc. mundo de tapete, para baixo do qual empurram seus frutos indesejados. Como incentivo à leitura do artigo de Emmanuel Raoul veiculado pelo LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL, a respeito dos problemas causados pela extração de petróleo destas areias, experimente este trecho:
“Há aproximadamente dez anos, os habitantes de Fort Chipewyan começaram a pescar peixes disformes e com gosto de petróleo. Em seguida, o médico local deparou com vários casos de um câncer raro da vesícula biliar cuja incidência é, normalmente, de um para cada 100 mil habitantes. Ora, aqui vivem cerca de mil pessoas! Na primavera de 2006, o doutor John O’Connor responsabilizou a indústria petrolífera, publicamente, pela situação. As consequências foram terríveis para ele. A administração federal da saúde o processou por “atitude não profissional”. Mortificado por tais ataques, ele deixou a região em 2007.”
A pergunta que têm calado é: por que o lixo não é de responsabilidade de quem o produz?
Outras perguntas: que você tem a ver com isto?
Com a palavra, aqueles raros que refletem sobre o assunto.
{8¬?
Ps.: como sempre, muito mais informações nos HYPERLINKS (palavras realçadas). Basta clicar neles e outras portas se abrirão.

22 dezembro, 2010

NA TAL POESIA

Como diz minha Vó Rosa: "este mundo para ser mundo em que haver de tudo". Filosofia mineira, porta de saída ao invés de explicação. Compreendeu? não? solte-se.
Resolvi postar esta novela radiofônica baseada no conto A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DE CRISTO, de DOSTOIÉVSKI, este garimpeiro da alma humana. Vai junto, de brinde, um poema composto na véspera do natal de 1980 (faz tempo, não é?)
Como, por esta época do ano, milhões de mensagens positivas ou promessas de presentes, bateu-me aquela influência TORQUATIANA de jogar areia no brinquedo. Não por maldade, que não tenho poder para tanto; apenas para propor reflexões que possam despertar ações mais concretas que reclamar dos políticos eleitos democraticamente, cuspir no prato que lambeu e coisas do tipo.
Para ouvir basta clicar na seta, emprestar os ouvidos e deixar a imaginação trabalhar. Se doer ou incomodar, basta interromper a narração. A história só vai continuar a existir lá fora, bem depois das cercas eletrificadas.
Experimente:


O poema é só um poema. No momento da criação eu estava tranqüilo, tomando uma cerveja no boteco do Lelo (um destes tantos amigos que já foi passear), que houve naquela Cosmópolis que já se foi. Ouvia Patinho guitarreando e Bartô gaiteando uma tentativa de blues. Escrevi; se senti, isto é lá com quem o ler.
O viés punk é só o molho.

NATAL

o espírito natalino pegou-o

quer beber ainda mais
odeia o sorriso besta
a porquice imensa
aquelas boas almas impregnadas de
pompa circunstâncias e
lavanda de shopping

como sempre
alguns babacas
que lhe encheram o saco o ano inteiro
virão desejar-lhe feliz natal
e ele lhes retribuirá sorrindo
(como um jacaré sorri
para a canela
de quem cai da canoa

e há sempre alguém caindo)

deseja o caos
o transbordar do lodaçal
lama entupindo a boca dos puros

uma gaita geme um blues
a ira aumenta

não é solidão
não há saudades
as pessoas que trariam saudades
não merecem vê-lo agora

é apenas o ódio subindo à cabeça
como o álcool

mas
cuidado
não eufemize
não está bêbado ou revoltado ou
deprimido ou injuriado ou etc.
apenas pura e simplesmente odiando

e se ainda acreditas que ele te gosta
não venhas à minha mesa agora



Ps. 1 - para saber mais clique nos HYPERLINKS (palavras realçadas)
Ps. 2 - mais uma vez, a forma do poema foi subjugada pela estrutura do blog.

11 fevereiro, 2010

Ê COSMÓ!!!

E não por excesso de barriga que o pessoar de Cosmó deixa de se chapinhar!
Vejam só que belezura:



Vamos ver se alguém tem coragem de comentar?
}8¬þ

20 fevereiro, 2009

BRIGADIM

Merrmãos et merrmãs,
Neste meu/nosso dia, meu eterno brigadim a todos os que me constroem e até aos que tentam me destruir (se é que alguém o tenta). Porque os amigos estimulam a mente e seus alegres delírios; os inimigos estimulam a musculatura e desencalham a porrada. Como não conheço inimigos, aí vai pros meus amigos, que são vários e variados, Born to Be Wild, do Steppenwolf, adornada com trechos do clássico filme EASY RIDER (no Brasirzão: Sem Destino). A gurizada que não teve a chance de curtir naqueles 70’s nem depois, pode atiçar as lombrigas com este tira-gosto. Aumentem que isto aí é rock and roll!
E vos digo: a bala não me alcançará! Nem que a vaca...
Antes, um poemeta:

NÃO CARA-PÁLIDA!

sei que só
não salvarei a tribo
mas não serei o batedor
que dirá à cavalaria
qual é a melhor hora para o ataque

não me cativam
teus espelhos e contas de vidro


E aí vamos nós, lobos e lobas!!!!!!
54 x {8¬) é pra arrombar qualquer tarrafa!

19 setembro, 2008

BOA VIAGEM, CHULIPA!

Pra Sirvico Chulipa, meu irmão do blues e de muitas risadas, que acaba de entrar pro time das estrelas:


Este aí, eu, Chulipa, Junião e Degã da Jaqueta Perdida curtimos no primeiro festival de blues do brasirsão:


Diga a Xexéu, Denão, Pedrão, entre outros, que mando um abraço.

16 outubro, 2007

BRINCADEIRINHA

A EDUCAÇÃO EM COSMÓPOLIS: acabaram-se os burros?

Ainda outro dia, quando estava apreciando mais uma atuação do meu glorioso Mancha F. C., um amigo disse-me que nem todos iriam entender
O artigo que escrevi sobre o fim do Cine Avenida. Respondi-lhe, talvez até de maneira deselegante, que eu havia estudado no GEPAN e que ele ainda funcionava no mesmo lugar. Minha intenção era dizer-lhe que o pouco que sei devo, principalmente, à escola pública e que o GEPAN, assim como as outras escolas do Município, continua com suas portas abertas.
Hoje, pensando no que disse, assaltaram-me algumas dúvidas: a quantas andará o meu também glorioso GEPAN? Como são seus mestres? Como são seus atuais formandos e formados?
Estamos presenciando, atualmente, mais um movimento do magistério público por melhores salários. Como sempre, o Estado jura que está preocupadíssimo com a situação do ensino público, mas não tem recursos. Como sempre, apenas uns poucos professores apresentam-se para a luta. Como sempre, os alunos só se preocupam se terão que repor aulas. Como sempre, a Sociedade se divide entre quem consegue manter o filho na escola privada, quem sonha com esta possibilidade e quem ainda tenta, desesperadamente, manter o filho, ao menos, na escola pública. Os “políticos”? Bem, estes são profissionais; não dão ponto sem nó. Na verdade, pouquíssimas pessoas estão preocupadas com os objetivos do tipo de educação que a rede pública tem oferecido.
Tenho ouvido muitos afirmarem que está havendo um desmantelamento do sistema educacional, que o Estado abandonou o ensino público. Ledo engano. Aqueles que ocupam cargos onde as decisões são tomadas, assim como aqueles que dão sustentação política, social e financeira a estes ocupantes de cargos têm objetivos claros: não querem dividir o reinado e, muito menos, largar o osso. Sabem qual é o tipo de estudante, professor, operário ou família que desejam. Enfim, sabem qual é o tipo de sociedade que permitirá que continuem nadando de braçada neste mar de lama que o país tem sido há 495 anos.
Comparada à maioria das cidades brasileiras Cosmópolis possui uma considerável estrutura de ensino de 1º e 2º graus e, além disso, está construindo uma unidade educacional que se pretende seja inovadora. Talvez estejamos vivendo o momento de iniciarmos um debate em busca de propostas adequadas às nossas potencialidades e necessidades. Pode ser que consigamos ir além da tradicional choradeira às vésperas de datas-base e vestibulares. Para sairmos desta pasmaceira intelectual é preciso que os estabelecimentos de ensino entreguem à sociedade algo além de futuros desempregados tecnicamente qualificados.
Bem sei que vão dizer que só critico, que, para mim, nada está bem. Então, fica aqui uma sugestão: que tal todos os interessados na questão, que eu sei são pouquíssimos, mobilizarem-se para a realização de, por exemplo, um SEMINNÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO aberto a toda a sociedade cosmopolense?
Felizmente, há um saldo ecológico na situação: dificilmente um professor tem se sentido apto a chamar um aluno de burro, o que poupa a fauna de comparações pouco louváveis.
Com a palavra, os interessados. Ou os incomodados.

Shasça, 18/04/95


Ps 1: este artigo foi publicado num jornal de Cosmópolis – SP e GEPAN é o colégio onde estudei e tomei gosto por rabiscar minhas brincadeiras. Foi publicado no Jornal de Cosmópolis, em 22/04/1995.
Ps 2: apesar da magistérica efeméride comemorada no 15 de outubro de todo ano, a publicação do artigo não tem a intenção de homenagear aos homenageados do dia. Mesmo porque, muita coisa deve ter mudado de 1995 pra cá. Muita água passou debaixo da ponte do Pirapitingüi. Né mesmo?