20 dezembro, 2011

CINE CLUBE YEDA BECK - ÚLTIMA SESSÃO


Tenho teclado aqui que a BARCA DOS LIVROS é dos melhores espaços para se visitar em Floripa, embora poucos nativos - e turistas, menos ainda - a conheçam. Outro lugar bacanuto e também ainda desconhecido da maioria é a Travessa Cultural, oficialmente denominada TRAVESSA RATCLIF, onde rola muita música, papos & goles nas mesinhas postas no meio da rua.

Pois, para quem puder, esta quarta-feira será uma oportunidade fantástica: teremos filmes e lançamento de revista sobre cinema editada pela CINEMATECA CATARINENSE.
Vamos lá que o último a chegar é um saco de pipoca!
{8¬)

Ps.: saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)


DAN TREANOR: SLIDE GUITAR

Como a proposta primeva do blog é estar um playground ao qual todos são convidados, vamos ao lado divertido da vida. Sempre na linha de oferecer alguma informação que colabore para melhorar o mundo. Obviamente que o conceito mundo melhor é subjetivo e o sujeito aqui é pretensioso sim.
Aí vai uma breve história da SLIDE GUITAR, musicalmente contada por uma camarada que acabo de descobrir: DAN TREANOR. Deixando as delongas nos HYPERLINKS, vamos ao que interessa. Quem puder que aumente o volume até que as notas lhe atinjam os ossos!
{8¬)





Você aí que gosta e blues sabe o que vem a ser PEDREGAL FIELD HOLLER?

19 dezembro, 2011

SE NÃO ERA O SANTOS NÃO TINHA COMO DAR BOLA

Ainda bem que Cumpadi Macka alerta-me para o fato de, inconscientemente, ter previsto a vã tentativa: o Santos não poderia ser o campeão de 2012 jogando em 2011. Parece-me que MURICY leu minha postagem, pois não pôs o time em campo, explicando, ao final da partida, que o Santos voltará a Tóquio para disputar no próximo ano, que vem a ser 2012. Ou será que minha postagem previu a explicação de Muricy? Do meu ponto de vista (e só posso falar a partir dele) o treinador optou por não colocar o real-Santos em campo. Aquele esquema de anti-jogo nada tem a ver com o time que foi campeão da Copa do Brasil, do Paulistão e da Libertadores.
Digo sempre que, ao contrário dos torcedores de outros clubes, sou santista por escolha racional: em 1962, tinha sete anos de idade e fui obrigado a perceber que o futebol existia por causa daquele escrete (como se dizia então) que trucidou a tudo e a todos que pisaram dentro das quatro linhas mais comumente denominadas “campo”. Creio que fica fácil compreender que não me tornei santista por obedecer ao Véio Leite ou porque queria protestar contra a escolha dele, por exemplo. Por mais de uma década minha opção foi sendo cristalizada através das notícias que chegavam de todo o Mundo. Torcedores de outros clubes não sabem o que é isto. Talvez os barcelonenses de hoje em dia tenham alguma noção do que digo, quero dizer, teclo.
O Santos que conheço é o time da virada, dos muitos gols (mesmo que tome um punhado, parfois). Quando vi a escalação dos três zagueiros, independentemente da qualidade de cada um deles, senti que o brejo se aproximava da vaca. Pensei comigo: o Muricy deve ter tomado banho como sabonete do Felipão ou se enxugado com a toalha do Parreira. No transcorrer do jogo, ficou claro que o brejo era destino: Danilo afrouxou o raiado (alegou que sentiu incômodo nas costas); Ibson entrou no lugar de Ganso para fazer o quê não consegue desde que saiu do Flamengo; querendo fugir deste mundo terminou por apelar ao Além Kardec. Tudo aquilo acontecendo e o Muricy sentadim sem saber onde deixou os milhos de atirar aos pombos. No seu BLOG Xico Sá já havia dado a dica e pena que ele não leu:
“Confio no Muricy, mas a preleção para a decisão teria que ser do Serginho Chulapa, com quem estive ontem, para a minha sorte e recreio d´alma. Ele diria, certamente: “Quem tiver com medo desses branquelos donos da bola que pegue o trem-bala, hoje precisamos de homens.”
Quanto à reação da Imprensa e dos torcedores rivais, de maneira geral, fica comprovado o que eu afirmei na postagem anterior: o desejo de se submeter que norteia os filhos de PINDORAMA não é pouco. O papo geral é que todos os bípedes do planeta têm (não que precisem, “têm”) que jogar conforme a aula ministrada por Guardarola & Cia. Ora, o sucesso brasileiro no futebol, nas muitas ocasiões em que ocorreu, deveu-se ao estilo de jogar desenvolvido aqui: jogar e fazer os gols sorrindo, brincando com a bola e com o adversário. Foi com futebol assim que brasileiros construíram seu nome no reino das chuteiras. Foi botando pra F que Santos, Flamengo, São Paulo e Internacional sagram-se campeões do mundo. Aliás, o divinal Barcelona, com a vitória de ontem igualou o número de títulos do próprio Santos.
Enfim, e repetindo, é botando pra F.... que brasileiros (incluindo aí a selelerda do Mano) que voltaremos a instaurar no temor nos adversários dos outros países. Não é, como Muricy pareceu também acreditar, botando pra ser F...do.
Ô professor! Por que não deixou o Santos ir pra dentro deles?!
{8¬?!

17 dezembro, 2011

QUEM DÁ BOLA É O SANTOS!



Há vários tipos de expectativas geradas a respeito da partida entre SANTOS e BARCELONA que definirá qual é o time campeão mundial de 2012. Vão desde a fé cega dos santistas fanáticos à barcelonite invejante de magoados torcedores dos outros clubes brasileiros, incluindo o apoio solidário de muitos outros torcedores destes mesmos clubes. Há também aquela velha síndrome de vira-latas que costuma acometer a imprensa tupiniquim, reflexo de sentimento nacional do mesmo nome, em só enxergar valor naquilo que vem de fora, naquilo que invade nossos portos muito antes de 1808 – lamentavelmente ou não – a tribo que recepcionou CABRAL e seus salteadores não era composta de antropófagos militantes. Talvez, venha daí este jeitão submisso quando, ao recebermos uma visita, mesmo que moremos em luxuoso palacete, suplicamos - “Por favor, não repare...” ainda que o brilho do assoalho perpasse o persa legítimo.
Nossa cultura de eternos colonizados não nos permite acreditar que também podemos e, mais que isto, fazemos. Seo Barack resignou-se ao podemos. Some-se a isto o fato que, devido a REDE GLOBO deter o monopólio da transmissão dos principais campeonatos envolvendo equipes brasileiras (da SELELERDA DO MANO ANO a este MUNDIAL DE CLUBES), emissoras como BAND e ESPN precisem alimentar seu caixa através de retransmissões de campeonatos nacionais europeus quase sempre decididos entre os mesmos dois clubes (vide Espanha, Itália etc.). Na Zoropa, para juntar meia dúzia de participantes de boa qualidade faz-se mister um torneio continental e, ainda por cima, recheado por jogadores – os melhores – oriundos da periferia afrolatinoamericana. No nosso BRASILEIRÃO várias são as equipes que iniciam o certame com chances e vencê-lo. Não é interessante como a maioria dos jornalistas esportivos acreditam e, pior, repassam que o Barcelona não conhece o Santos sendo que é notório o assédio dos dois únicos times espanhóis pela compra de NEYMAR?
Tinha eu 15 anos – um a mais que o Paulinho da Viola daquele SAMBA – quando nossa Seleção conquistou a tricampeonato; tinha 27 quando TELÊ SANTANA seus guris perderam para a Itália. Lembro-me claramente que o GRUPO DE 70, apesar de contar com Pelé, não unanimidade nacional (valei-me são NELSON), tinha o dedo do MÉDICI e o fantasma da derrota de 66. Quando a Tchecoslováquia abriu o placar, os 90 MILHÕES EM AÇÃO tremeram. O GRUPO DE 82, além do melhor treinador que já comandou a Seleção, contava com alguns dos principais jogadores do mundo e era tido como infalível: o caneco era caçapa cantada. Deu no que deu e, até hoje, os experts gastam parcos miolos tentando identificar os “culpados” pelo resultado.
Voltando ao jogo deste domingo, estou entre os que acreditam que podemos – e vamos! – ganhar. Aprendi com VÉIO LEITE que quem vai bater está sujeito a apanhar. Emendo que, se entramos na briga, precisa ser para bater. Quanto ao resultado, aprendi com ele que quem está apanhando também está brigando. E todos sabemos que muitos outros torcedores, espanhóis inclusive, estão se mordendo por não terem conseguido uma vaguinha nesta briguinha.
Vamos pra dentro deles, Santos!
É nóix!


Ps.: saiba muito mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

13 dezembro, 2011

MAS, A IMPRENSA COMETE CRIMES?!

Será que GUTEMBERG supunha que seu mais famoso rebento envolver-se-ia com o lado obscuro da vida, cometendo crimes enquanto defende o direito de cometê-los?
Enquanto refletimos a respeito, PALMÉRIO DÓRIA e MYLTON SEVERIANO lançam hoje, na BARCA DOS LIVROS, este diagnóstivo da midia informativa: CRIMES DE IMPRENSA.
Vamos lá?
{8¬)






03 dezembro, 2011

SEO GEORGE, THE HARRISON

Para iluminar a caminhada, ainda que via chapéu alheio, ofereço esta que é das melhores canções que, creio, já foram compostas e executadas. Convosco, conosco e com eles - por que não? - Seo GEORGE HARRISON, mais que bem acompanhado, e sua fantástica WHILE MY GUITAR GENTLY WEEPS!
Sugestão: esqueça a efeméride e curta o som: TODAS AS COISAS PASSAM.
{8¬)



Ps.: naveguem pelos HYPERLINKS (palavras realçadas) e saiba muito mais: num deles, tem a letra pra cantar junto; num outro, você pode encontrar um presente bacana (pra quem gosta, é óbvio)

02 dezembro, 2011

COMENTÁRIOS SOBRE O TAL DO CINTO

Cumadis e cumpadis,
Em nome de uma parte dos usuários de ônibus urbanos, fico contente com a recepção que a postagem anterior obtve. Maria Cândida agradece aos titios e titias que, comentaristas ou não, preocupam-se com sua segurança enquanto cochila, tranqüilinha, nos braços de seu painho.
E aqui vão algumas tecladas a respeito dos comentários.
{8¬)

@PortalMatrix disse...
1) Acho que quem paga uma passagem de um transporte coletivo, paga para viajar sentado. Deveria ter preço diferenciado para os de pé.
2) Se os passageiros de Pé correm risco em potencial, a empresa de transporte coletivo, deveria ser responsabilizada, por assumir o risco de causar danos a integridades física de usuário.
3) Papai Noel, chapéuzinho vermelho e justiça, são lendas no Brasil.


R – Cumpad, o que mais me intriga é que a maioria dos passageiros, mesmo aquele que viajam em pé, parecem-me bem acomodados, a não ser por alguma eventual reclamaçãozinha.



Mylène Jacques disse...
Sempre pensei nesse assunto e achei muito oportuno abordares o tema em tempos de discussão de mobilidade urbana em Floripa. Excelente!


R – Mylène, que tal, na próxima vez que vc vir alguém carregando uma criança nas mesmas condições da fotografia, perguntar ao cobrador (com calma, pois ele não é o responsável pela situação) o que ele imagina que aconteceria no caso de o ônibus bater na traseira de outro veículo ou for obrigado a frear bruscamente? Talvez, a partir daí, ele também passe a refletir sobre o assunto.

Luis Celso Lula dos Santos disse...
Companheiro, esse assunto é complexo demais. Lembro da obrigatoriedade do uso de capacetes por motociclista. Sempre usei o meu mesmo antes da lei. Transportava meus filhos também equipados. Mesmo indo a praias no Rio era com capacetes, tênis, calças e jaquetas jeans. Entendo cinto de segurança da mesma forma. Uma segurança para a minha pessoa, tanto no transporte coletivo quanto no transporte individual. Questão de consciência.
Aí já questiono bancos laterais no Metrô, transporte de passageiros em pé nos ônibus. Aliás, ônibus deveria ser transporte alternativo e para curtas distâncias em opções municipais. Tudo com cinto de segurança, cadeiras especiais, etc..
Mas como escrevi inicialmente: Depende do grau de consciência da população.
Abraços,
Luis Celso


R – Seo Luis, não de se estranhar que, ainda hoje, muita gente recuse-se a utilizar o cinto de segurança, quando viaja de automóvel, preferindo sentar-se sobre as fivelas deles?


Gilberto disse...
Meu caro, além dos transportes coletivos os próprios taxis não tem a obrigação de dispor as cadeiras para crianças. Logo... para que serve a Lei mesmo?


R – Pois é, Seo Gilberto, esta é uma das questões: devemos usar o cinto para a nossa segurança ou pelo cumprimento da Lei? Ou, modificando um pouco a tua pergunta, por que é mesmo que existe a lei que obriga a existência do cinto em alguns veículos?


Mozart Faggi disse...
Isto não é complexo, isto é utopia.


R – Grande Mozart, acreditar em utopias sempre leva à transformação da realidade, desde que a crença não se resuma a abaixo-assinados e petições virtuais. O movimento pode nos levar a outras sinfonias.


Ana Pokora disse...
Muito boa e oportuna sua observação sobre este tema, mas como sempre, infelizmente, as estatísticas de acidentes com ônibus urbanos ainda não provocaram comoção nas autoridades executivas/legislativas. Tem-se percebido claramente que quando há vítima fatal (várias) é que aparece alguém, normalmente para tirar vantagem, a apresentar uma proposta de solução ao problema, reputo isso ao descaso que nós, enquanto cidadãos, temos com os assuntos de/em nossa cidade, não há posição , movimento, apenas reclamação....quando aprendermos isso talvez possamos ser mais felizes. Parabéns por sua iniciativa e ação, conte comigo para uma continuidade, sou boa de briga
.

R – Dona Donana, saber que não estamos sós na luta é sempre estimulador. O blog, com a luxuosíssima participação de cada um de seus e-leitores, expõe a questão. Cada pessoa interessada na melhoria da qualidade de vida para todos tem suas armas para lutar por isto. E esta luta precisa ser contínua até que os eleitores, em sua maioria, deixem de usar sua mais potente arma contra si mesmos.

24 novembro, 2011

POR QUE USAR O CINTO DE SEGURANÇA?




Aproveitando este momento em que o GRUPO RBS nos apresenta os resultados de importante pesquisa do Instituto Mapa sobre MOBILIDADE URBANA, volto a levantar a questão do título: o uso do CINTO DE SEGURANÇA é obrigatório por nos oferecer segurança enquanto o veículo está em movimento ou apenas para efeito de cumprimento de lei?
Observando a foto, pode-se chegar a algumas indagações:
- se somos obrigados a utilizar o cinto-de-segurança apenas porque há uma lei que reza que devemos nos amarrar aos bancos de alguns tipos de veículos motorizados, qual seria a justificativa desta lei? o quê MURILO ANTUNES ALVES, vereador de São Paulo, tinha em mente quando apresentou o projeto que resultou na LEI que obrigava o seu uso, e Paulo Maluf, então prefeito, que o sancionou?
- se somos obrigados a utilizar o referido cinto para a nossa proteção, por qual razão estes passageiros não precisam ser protegidos enquanto são transportados em ônibus urbano, como acontece em qualquer cidade brasileira?
- se, pela legislação em vigor, crianças desta idade devem ser transportadas assentos aprovados pelo INMETRO (e os ônibus até disponibilizam bancos para pessoas carregando crianças, assim como para gestantes, idosos e portadores de necessidades especiais), por que a tal CADEIRINHA, ou adequado substituto, não é disponibilizada?
- o quê torna os passageiros de ônibus urbanos mais imunes a traumas por acidentes de trânsito que alguém sentado num confortável (e merecido) automóvel arrodeado de air-bags?
Com a palavra, autoridades, especialistas e, principalmente, passageiros.



Ps. 1 - percebam que nem comentei a respeito dos passageiros que viajam em pé.

Ps. 2 - saiba muito mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)


21 novembro, 2011

QUE FAREMOS ATÉ O PRÓXIMO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA?

Para um reflexão a respeito da efeméride denominada DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA (20/11) e do que normalmente acontece à maior parte dos negros, no Brasil e pelaí afora, no restante do ano, sugiro assistir o vídeo abaixo. Trata-se de trecho do programa PROVOCAÇÕES, apresentado por Antônio Abujamra na TV Cultura. Pode ser interessante confrontar a opinião de ITAMAR ASSUMPÇÃO sobre temas como preconceito racial e movimento negro com fato de ele ter sido preso por causa de um toca-fitas. O poema declamado por Abujamra e as outras declarações temperam o papo.

Enquanto isto, como você acredita que o negro - e sua cultura - será tratado de hoje, 21/11/2011 até 19/11/2012? Acredita que será na base do pão-de-ló, com microfone aberto, editorial nos órgãos de imprensa e festa na praça? Ou será que já retiraram o cenário festivo e reinstalaram o pelourinho?
Com a palavra...
{8¬?




Ps.: saibam mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).

07 novembro, 2011

FLORIPA x MEIMBIPE

Para quem é de FLORIANÓPOLIS ou veio morar aqui ou veio pasear ou pretende morar aqui, sugiro a leitura deste artigo do cumpadi CÉSAR FLORIANO que foi anteriormente publicado no jornal NOTÍCIAS DO DIA.
Aos que tiverem um pouquinho mais de disposição, sugiro refletir sobre o tema do texto, ainda que brevemente. Como se diz em Minas, antes pingar do que secar.
Boa leitura e aproveite para navegar pelos hyperlinks (PALAVRAS REALÇADAS)!

{8¬)


"Uma Ilha chamada Meiembipe,
uma cidade chamada Florianópolis

Ao terminar de ler o livro “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra” do escritor moçambicano MIA COUTO, uma obra prima da literatura contemporânea, pensei na nossa ilha querida, Ilha de Meiembipe. O livro narra a trajetória do jovem Mariano, protagonista da história, que retorna à sua terra natal, a ilha Luar-do-chão, para coordenar os procedimentos, comuns às famílias moçambicanas, da morte do seu avô, o velho Dito Mariano. Ao chegar à ilha, tomou conhecimento, de forma inusitada, dos mistérios que rodeiam o morto, a família e o lugarejo de sua infância. Esta história que me comoveu de forma marcante, primeiro pela impecável narrativa e em segundo por suas metáforas, me serve de partida para refletir sobre o processo de ocupação e urbanização da Ilha de Santa Catarina.

Depois de anos afastado do convívio familiar e da ilha, o jovem Mariano se depara com a destruição do patrimônio cultural e a venda das terras ancestrais. A especulação imobiliária, promovida em nome da modernização, do progresso e desenvolvimento, contaminam todas as relações sociais e os valores determinantes da estruturação simbólica da família. Em resposta a esta situação, uma seqüência de mistérios ronda a ilha Luar-do-chão, o funeral persiste em não se consumar, um mundo mágico vai se configurando e um morto vivo busca no jovem Mariano a possibilidade de resgate dos valores em risco. A terra em protesto da destruição do espírito do lugar se fecha para o sepultamento do avô. O coveiro tenta cavar, cavar, mas seu gesto, para o desespero da família, é inútil, o chão havia se tornado rocha. A terra mãe ilha, lugar dos ancestrais, se negava a receber o morto, seu fechamento é revolta, protesto e uma condenação aos vivos.

Este conto me fez pensar na Ilha de Santa Catarina, a destruição dos lugares sagrados, da paisagem cultural e a venda para o setor especulativo da paisagem natural. A Ilha como mercadoria, nos últimas décadas, teve sua venda anunciada, travestida de desenvolvimento e progresso. E em nome de um desenvolvimento especulativo, parte do patrimônio foi desfigurado ou destruído. Embora a máquina especulativa tenha atuado de forma agressiva sobre o território, agenciado por um Plano Diretor equivocado e pernicioso, grande parte dos elementos da paisagem cultural da ilha se mantém preservada e devem ser o objeto central de um planejamento sustentável e do novo Plano Diretor em construção.

Nas últimas décadas, alguns equívocos de planejamento e inserções promovidas por um urbanismo e uma arquitetura “tacanha”, provocaram uma desfiguração irreparável no perfil da cidade histórica e portuária. Ter construído o aterro afastando a cidade histórica do mar foi um erro irreparável, mas ter destruído o parque de Roberto Burle Marx, como continuidade da Praça XV foi uma ignorância cultural absurda. A verticalização e a ocupação desenfreada por todo o território da ilha é um desastre ecológico que tem que ser estancado imediatamente. Operação possível, mas somente a partir de uma mudança de paradigma na forma de pensar o crescimento urbano da cidade de Florianópolis e a ocupação do território da ilha. Faltou e falta para os gestores a compreensão de conceito de “insularidade”. Isto é, compreender a configuração lha como caráter do lugar, marcada por um território finito delimitado pelo mar. Compreender que é a condição de ilha que nos diferencia das demais cidades e determina nossa condição histórica. Pensar uma cidade dentro desta paisagem ilha é pensar uma cidade ilha. A Ilha de Santa Catarina, em praticamente na sua totalidade, é uma paisagem cultural que deve ser gerenciada por instrumentos avançados de urbanismo sustentável, um modelo que permita a ativação econômica sem criar desfiguração da cultura. Neste sentido, a cidade de Florianópolis não pode ser pensada como uma grande cidade capital a partir da ilha, ela tem que surgir no continente, é na sua parte continental que ela pode se afirmar como metrópole. Temos que pensar em uma cidade dividida, múltipla, polinucleada. A cidade continental deverá ser a grande prestadora de serviços, pólo de desenvolvimento regional e peça indutora do crescimento metropolitano. Não precisa ter grandes conhecimentos em urbanismo nem bola de cristal para antever esta realidade, Palhoça, São José, Biguaçu e Tijucas irão compor um grande corredor metropolitano. É urgente preparar o continente para esta realidade, criar infraestrutura para agenciar todo o crescimento que irá explodir nos próximos 30 anos nestas cidades. Transferir o aeroporto para Tijuquinhas, levar parte da máquina do estado e rodoviária, para o continente seriam algumas atitudes indutoras deste processo.

Para pensar a cidade ilha é preciso construir um plano diretor de paisagem, uma lei de paisagem rigorosa, que iniba as grandes obras de impacto. Uma lei de paisagem que preserve os visuais, os espaços perspectivos, os cones visuais, vias panorâmicas, lugares de memória, bordas d’água, trilhas, mirantes e as planícies. Na ilha a altura máxima não deveria passar de 4 pavimentos e o modelo do urbanismo baseado em lote residencial deveria ser evitado. Esta forma de ocupação é predadora para o desenho de paisagem, além de criar ruas sem definições de espaços públicos, serviços, unidades de vizinhança, alimenta a cultura dos puxadinhos e máxima ocupação do território. O modelo residencial proposto por parte do movimento social vai contra a idéia de sustentabilidade urbana.

A perspectiva de desenvolvimento para a ilha está em potencializar sua estrutura paisagística, criar uma série de eventos que dinamizem as bordas d’água em todos os seus níveis, gerando espaços públicos de laser, parques e dinamização cultural. Ativar percursos paisagísticos em diferentes escalas, trilhas, teleféricos, mirantes. Ativar o centro histórico como um corredor cultural, criando leis de incentivo para funcionamento de cinemas, restaurantes, clubes, albergues, livrarias e todos os serviços que dinamizem o setor 24 horas, o centro da cidade tem que ter vida noturna e para isto é preciso uma atitude política. A cidade ilhoa para ser viável e aprazível tem que levar em consideração seu limite de escala. Estamos no momento crítico, não podemos mais errar.

Voltando ao texto de Mia Couto, fico pensando no fantástico que seria, se a terra mãe Meiembipe, em rocha impenetrável se transformasse, impedindo novas estacas para construções, sinalizando em revolta que é preciso pensar a terra como suporte da vida e a paisagem cultural como condição e princípio de ocupação do território ilha de Santa Catarina.

Rio de Janeiro, primavera de 2011"


03 novembro, 2011

NOVEMBRO TAMBÉM É CULTURA

A Frente em Defesa da Cultura Catarinense é um movimento que agrega pessoas e entidades de todas as regiões de Santa Catarina interessadas em debater os rumos da Cultura no Estado e apresentar propostas que objetivem melhorias neste setor. Sendo um movimento aberto e horizontal, não é necessário autorização ou mesmo consultas para propor atividades relacionadas à sua razão de existir: a Cultura Catarinense. Por esta razão, a FDCC lança a

#NovembradaCultural
Por uma Política Pública para a Cultura

A #NovembradaCultural é um movimento aberto a todos que concordarem com o seu manifesto Por uma Política Pública para a Cultura, que está aberto a assinatura de entidades e coletivos. Para assinar, basta publicar um post de apoio ou inserir o selo (com o link) da campanha no seu site e/ou blog ou no do seu coletivo. As atividades também podem ser integradas a manifestações culturais já existentes como, por exemplo, a leitura das reivindicações expressas no manifesto antes de sessões de cineclubes, espetáculos, shows, exposições etc.

As propostas também podem ser debatidas nos mais diversos ambientes, tais como:
- na lista de e-mails da Frente em Defesa da Cultura Catarinense,
- no twitter, usando a hashtag #NovembradaCultural,
- no facebook (
http://www.facebook.com/event.php?eid=257220220995780),
- postando nas caixas de comentários do blog
http://novembrada.org/,
- inserindo o endereço do blog na assinatura dos seus e-mails,
- realizando debates sobre a Cultura em Santa Catarina em sua organização coletiva (sindicatos e associações),
- conversando sobre Cultura com seus familiares, vizinhos e colegas de trabalho.

A Frente em Defesa da Cultura Catarinense sugere que tanto a agenda da sua atividade quanto registros posteriores (textos, fotos, audiovisuais, clipagem na mídia etc) sejam enviadas ao blog da #NovembradaCultural para fins de agregação e difusão de informações.

E tem mais:
Santa Catarina está prestes a perder a integração ao SNC – Sistema Nacional de Cultura. Para reverter esta situação, produtores culturais catarinenses criaram uma petição pública pela integração de Santa Catarina ao Sistema Nacional de Cultura:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N15494
Assine e divulgue!!!

27 outubro, 2011

BARCA DOS LIVROS: PROGRAMAÇÃO

E a BARCA DOS LIVROS continua bacana com sempre e cada vez maior e melhor, como precisa ser. Não sabes o que estás perdendo se ainda não navegou por ela.
{8¬)

21 outubro, 2011

É PRECISO OCUPAR O ESPAÇO

Sou eterno fã daquele verso do TORQUATO NETO que diz PRIMEIRO PASSO É TOMAR CONTA DO ESPAÇO... Também por isto, recomeço o blog com esta paulaa convidativa.
Você aí sentado, só reclamando da vida e torcendo para que alguém resolva o seu problema, preste atenção à letra.
Tens coragem?
{8¬?



A letra é simples:

"
If I had a million dollars
I'd rent me cop
feed him full of steroids
and watch him pop pop

'cause I'd own
own your government

If I had a million dollars
I'd be on T.V.
and I'd tell you just why
you oughta vote for me

If I had a millon dollars
I'd buy me a lake
and I'd say to the hungry
let them eat cake

If I had a million dollars
I'd buy me a nazi
I'd tie a flag to his eyes
and tell him to fuck me.

let me tell it to you straight now
so you make no mistake now
fuck your government

let me break it on down for y'all
on why we occupying Wall Street
Because a few feast
while most don't eat

AI ain't got no million
no hundred thousand
I ain't even got ten dollars
to my name

All i got
is a handful of nickels
hoping to the lord its enough
to buy me a bagel

I got them I'm the 99% minority blues"


Ps.: muito mais informações nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

26 agosto, 2011

BORGES POR ELE MESMO

Para falar d'O cara, ninguém é melhor que O cara mesmo: JORGE LUIS BORGES



Ps.: clique no HYPERLINK e descubra um roteiro interessante.

14 agosto, 2011

Ê MEU PAI - DE NOVO

Mais uma vez posto aqui esta tentativa de fotografar meu pai. Divido com aqueles que têm pais, independente do plano que habite. Somos todos Um.
{8¬)
eh meu pai!

[poeira entra em meus olhos
não fico zangado não
pois sei que quando eu morrer
meu corpo irá para o chão
se transformar em poeira
poeira vermelha
poeira do meu sertão
{que ouvi com Cascatinha e Inhana lá pelos meus seis carnavais)]

eh meu pai nosso que estais comigo
santificado seja o nosso rumo
caminhas por onde estou
como eu danças no bojo do vento que brinca nesta beiramar
onde mulheres bonitas
- ah como tu irias gostar de vê-las!
cheirosas balançando suas nádegas
prestes a romper justas malhas coloridas
e ofuscar o sol
maravilhar o sol
beiramar continuação
embora aparentemente distante
da morada da tua ex-carne
aparente porque quando olho tu olhas
sentes a escuma da cerveja que bebo
e te escuto a bronquear por minha barba
e meu cabelo comprido que este nosso vento bagunça
e aquela do jogo de futebol entre cabelo ruim e cabelo bom? hein?
sabes que riem quando esta tua nossa história
e outra vez desobedeço
filho do Leite que sou
e se fosse diferente terias vergonha de mim
como teve em Pedregulho
enquanto me gritavas teu orgulho
- na nossa família tem criminoso; ladrão, não!

eh meu pai nosso que estais comigo
quando passo/passa por mim uma bela mulher
solteira casada tanto faz
e me lembro do quanto demorei para perceber
o porquê daquele teu sorrir safado
quando tocava a ponta do nariz com a língua
continuas vivo
nos chanfros onde derramastes tua solda
dos cafundós das Geraes aos cafundós da África
da Rua dos Cachorros ao Brega de Candeias

eh meu pai nosso que estais comigo
rei dos cavalos bravios de Peçanha
criado a samambaia e angu
desafiando as leis protéicas e vitamínicas
em tuas mortes não morridas
tuberculoses maleitas costelas quebradas
eletrochoque apendicites e etc
e o petit déjeuner de cerveja e conhaque

eh meu pai nosso que estais comigo
como nos domingos curitibanos de missa feijoada e zoológico
das cervejas no Caneca de Sangue
dois perdidos em Jacarezinho depois de goles de Ipanema
as noites nos botecos da baixada fluminense
e aquele insólito estilo de dividir a grana:
fregueses dos botecos saindo sorrateiros atrás de fregueses do boteco
e voltando sorridentes a contar o dinheiro dos fregueses do boteco:
a grana de mão em mão até à gaveta do balcão
onde descansaria até ser coletada sob mira do treizoitão
e outro balcão outro freguês outras mãos outras...
do baixo dos meus 20 anos olhava pra ti
e ouvia teu já conhecido mote, desde Curitiba
- onde tem gente vai gente
e lá íamos outra vez pra dentro da noite
cruel moedora de hipócritas e frouxos
bundas-moles rejeitados até pelo ralo da vida
a se perguntarem o quê fazer na superfície
além de bancarem os prazeres sadomasô de farmacêuticos
advogados cardiologistas psyco-gurus
e outras espécies de geriaputas

eh meu pai nosso que estais comigo
te vejo correndo atrás do Gentil homem
que atirou em meu primeiro amigo Suíço
protagonista da primeira cena de cinema
que ainda habita minhas retinas por quase meio século;
tu quixoterói canivete na mão rua abaixo
no encalço de Gentil e seu 38 que lhe pedia:
- não vem Leite, não vem!
e Mareca correndo e gritando e caindo na poeira sobre um Tião ainda em seu ventre
e tudo na hora do almoço
e eu tinha 4
e por esta e outras cenas do mesmo naipe
hoje ultrapasso os 400

eh meu pai nosso que estais comigo
e com teus filhos por sangue ou escolha e amigos
que dionisiacamente te saudaram noite adentro
rindo de suas/nossas histórias
sorrisos porque não mereces choro
nem a hipocrisia do respeito
que respeito é a súplica dos fracos

eh meu pai nosso que estais comigo
cavalgando alta mula de arreios tilintantes
cruzastes o Suassuí-Poca
este nosso Hades
reza de Vó Rosa a abrir porteiras
e no pa-ca-tá pa-ca-tá das patas levantando a terra vermelha
tua alegria a se fundir com o horizonte

eh meu pai nosso que estais
vivo é o vosso sumo

lagoa, 28/11/06

12 agosto, 2011

THE CLASH: LONDON'S BURNING



Como muita gente tem se lembrado nos dias que correm, THE CLASH nostradamou (pensam que só ELE tinha o dom de nostradamar?) este fogaréu acompanhado de saques e quebra-quebra no circo inglês. Pela crise social que começa a espalhar pela Europa, as agitações lastreadas na inconformidade da maioria das pessoas em ficar assistindo uma minoria desfrutar da riqueza que todos produzem começaram a cruzar o Mediterrâneo. Agitações que pareciam estar circunscritas a alguns longínquos países árabes.



Talvez, a partir destes momentos de crises social e econômica, os eleitores europeus e norte-americanos acordem do delírio que os faz acreditar que sua felicidade só é possível através do massacre dos outros povos do Mundo. Quem sabe, descobrem outros motivos para votar neste ou naquele candidato que não sejam promessas de envio de tropas ao Afeganistão, por exemplo. Porque, ao contrário do que é costume pensar, é o eleitor que move o eleito. Simples relação entre o sujeito e objeto direto da ação.
Enquanto isto não acontece, o LONDON'S BURNING até já deu o toque.

Ps.: para saber mais, navegue nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

11 agosto, 2011

SAÚDE PÚBLICA PARA TODOS

Por que o funcionário público é atendido através de convênios de saúde?
Observando recente movimentação em torno da renovação do convênio médico que o Governo de Santa Catarina, a exemplo de outros governos estaduais, municipais e o federal, oferece ao funcionalismo do Estado, voltaram-me à mente algumas perguntas: por que funcionários públicos – inclusive aqueles que trabalham em órgãos prestadores de serviços de Saúde Pública – não merecem ser atendidos nas mesmas unidades e pelos mesmos profissionais que atendem a maioria da população? como é possível que a qualidade do serviço que o poder público nos oferece não seja adequada às necessidades dos seus funcionários? será que a maioria da população é menos vulnerável que os funcionários públicos a problemas de saúde e, por isto, não precisa da tão propalada melhor qualidade da rede privada?
Antes de possível apedrejamento em hasta pública, deixo claro não desejar que funcionários públicos engrossem as fileiras de macas nos corredores de hospitais superlotados ou que amarguem meses em filas de espera. Até porque iria complicar ainda mais o atendimento aos comuns. Quero mais é que todos desfrutemos do melhor sistema de Saúde Pública que nossos impostos possam pagar. Também não defendo que prestadoras de serviços privados de saúde fechem suas portas e guichês. Elas constituiriam alternativas àqueles que querem tratamentos mais sofisticados, cirurgias opcionais, quartos de luxo ou rearranjos estéticos, por exemplo. Isto seria positivo para seus profissionais, pois poderiam cobrar o que julgam justo, sem pedir aditivos por fora aos conveniados.
A proposta é outra: acredito que todos ganharíamos se os servidores públicos, através de suas entidades representativas, pleiteassem (não apenas nos discursos das campanhas salariais) melhorias na qualidade do serviço público de saúde, acompanhando o atendimento e fiscalizando os procedimentos também como potenciais pacientes. Por trabalharem diretamente na Saúde Pública têm muito mais conhecimento e condições de cobrar tais melhorias junto aos governantes. O cirurgião que for atendido pela rede pública exigirá – e providenciará – presteza no agendamento de exames e realização de cirurgias porque saberá que o próximo paciente da empresa em que trabalha poderá ser tanto um estranho quanto um parente seu. O ocupante do guichê de informações procurará informar-se sobre como funciona a unidade onde trabalha, suas qualidades e suas carências, pois a próxima pessoa naquela longa fila à sua frente poderá ser tanto seu filho quanto um simples contribuinte. E aqui cabe uma constatação: somos todos contribuintes, embora nem todos sejam simples: alguns poucos de nós conseguem receber de volta consideráveis parcelas do conjunto das contribuições que nos são impostas. Às vezes, até recebe com dividendos e subtraendos.
Embora pareça o contrário, se o funcionário público também pudesse ser atendido na rede pública só teria a ganhar, pois seria duplamente beneficiado: desfrutaria de serviços de saúde de boa qualidade e ainda teria seu salário acrescido do valor da sua mensalidade que lhe é recolhida na fonte para pagar o convênio. Porque, na prática, quem paga o convênio integralmente, ainda que pareça um benefício, é o empregado. Na planilha de custos, toda empresa coloca os custo de convênios na coluna dos encargos sociais.
Claro está que nós, reles contribuintes, também teríamos vantagens com esta revolucionária mudança. Veja a reportagem do DIÁRIO CATARINENSE de 15/01/2011:

"Governo de Santa Catarina estuda mudança no plano de saúde dos funcionários públicos
Hoje, benefício representa um gasto de R$ 16,35 milhões do Estado"

Caro leitor, como é fácil perceber, estes milhões poderiam ser canalizados para a Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina.
Considerando que é gasto pela União, juntamente com outros estados e municípios que também oferecem convênios de saúde a seus funcionários, consegues imaginar quantos milhões, ou bilhões, poderiam ser investidos na construção de uma rede pública de saúde EFICAZ e EFICIENTE. Teríamos um SUS ainda melhor. Sim, porque, mesmo com suas conhecidas carências, alguns milhões de NORTE-AMERICANOS sentir-se-iam felizes se pudessem contar com atendimento semelhante.

Ps.: saiba muito mais navegando pelos HYPERLINKS (palavras realçadas); ou você sabe qual a diferença entre eficaz e eficiente?

10 agosto, 2011

CULTURA EM FLORIPA

Cultura é como e porque fazemos o que fazemos. Sabias, né mesmo?
Pois, aí vai convite pra lá de bacana e necessário:

CONVOCATÓRIA PARA REUNIÕES EXPANDIDAS DISTRITAIS DO
CONSELHO MUNICIPAL DE POLÍTICAS CULTURAIS DE FLORIANÓPOLIS

O Conselho Municipal de Políticas Culturais de Florianópolis – CMPC- iniciou no último sábado, dia 06 de agosto, uma caravana pelos distritos de Florianópolis com intuito de convocar entidades, agentes culturais e toda a comunidade interessada em participar da discussão e da proposição das políticas culturais para o município de Florianópolis.
Estará na pauta da reunião o relato sobre as ações do CMPC e o Plano Municipal de Cultura de Florianópolis que norteará as políticas públicas para o setor nos próximos dez anos.

Sobre o Conselho Municipal de Políticas Culturais de Florianópolis (CMPC):
O CMPC é órgão deliberativo, consultivo e normativo de assessoria direta ao Executivo Municipal, no que se refere a assuntos de planejamento e orientação cultural no município, nos termos da Lei nº. 7974, de 29 de setembro de 2009, que altera a lei 2.639 de 1987 que cria o Conselho Municipal de Cultura de Florianópolis.
O CMPC é composto por 30 membros, sendo 15 designados pelo Poder Executivo Municipal e 15 eleitos pela Conferência Municipal de Cultura ou sociedade civil organizada para a gestão bienal conforme o Decreto nº. 7825, de 28 de dezembro de 2009.


REUNIÕES EXPANDIDAS
09/08 - CC Córrego Grande - 19 hs (ao lao do supermercado Imperatriz)
10/08 Estreito: Biblioteca Barreiros Filho – 19 hs (Rua João Evangelista da Costa, 1160)
11/08 - Lagoa da Conceição: Casa das Máquinas – 19 hs (Rua Henrique Veras Nascimento, 50)
13/08 - Armação: E. B. Prof. Dilma – 10 hs e Ribeirão da Ilha – C. Comunitário – 15 hs
16/08 – Coqueiros - E. B. Presidente Roosevelt – 19 hs (Rua Pascoal Simone, 80)
17/08 – Centro: Sede da FCFFC – 19:30 hs (Rua Antônio Luz, 260)
20/08 - Rio Vermelho: E.B. Antônio Apostolo Paschoal – 10 hs (Rod. João Gualberto Soares, 6809) e Barra da Lagoa: C. Comunitário – 15 hs
22/08 – Campeche: Clube Catalina – 19:30 h
23/08 - Ingleses – E. B. Gentil Mathias da Silva – 19:30 h
27/08 – Ratones: E. B. Mâncio Costa – 10 hs e Sto Antônio: Ponto de Cultura Pescadores de Cultura – 15 hs.

Contamos com vocês para divulgar estas reuniões.


Marta Cesar
Presidente


Ps.: por motivos que escapam a este que vos tecla, a postagem sai meio atrasadinha, mas ainda tem muita ponte para rolar por cima das águas.

05 agosto, 2011

BARCA DOS LIVROS: PROGRAMAÇÃO AGOSTO/2011

Dos melhores lugares para conhecer e curtir em Floripa, ali na Lagoa da Conceição: A BARCA DOS LIVROS!

Ps.: saiba mais clicando no HYPERLINK (palavra realçada) e, sobretudo freqüente e apoie!

29 julho, 2011

AMY IN THE SKY WHITH JIMMI



Até parece que JIMI HENDRIX, o anfitrião, já tinha esta canção, IN FROM THE STORM, preparada para recebê-la no outro palco. Como a jam session nunca termina, o couro nem deve ter parado de comer. Vejo RAUL SEIXAS gritando em meio às guitarradas:
- NÃO PARE NA PISTA!

Muita coisa se falou sobre esta guria que cantava, canta e vai continuar cantando muito. Por que a vida não pára. Não pára nem para os que escolhem ficar parados no tempo ou acreditando em tempos e planos vindouros. Música é energia vibrando. Portanto, muito depois da próxima extinção de dinossauros, AMY WINEHOUSE ainda estará cantando pelaí, como outros tantos.

Algumas eras atrás, compus esta brincadeira inspirado nas pessoas que não passam a vida esperando a gorjeta para ser feliz. Posto só agora porque, parece-me, que as piadas dos incapazes criativos recolhem-se às suas mentes cloacais.
A pergunta é simples e cada um tem sua resposta. Sinta-se à vontade para comentar a sua, caro vistante.
{8¬)


MUST THE SHOW GO ON?

deixou-se...
o coração a navegar demoradamente pelas
paisagens
incrivelmente ainda vivas
farol da barra arembepe trindade
na parede
naquele solo flamejante
um jimi
cujos olhos fizera com as sobras da seringa
emergiu
era preciso comer/pagar água&luz
jurou
“o último summertime”
apenas ele teimava
todos já haviam partido
“heróis são dispensáveis”
ponderou lá com seus bottons
apertou a gravata
ajeitou os cabelos
e marchou para o primeiro dia no banco
“talvez não fosse tão mal assim...”
seguia
construindo razões
abrindo caminho por entre o gado
não chegou ao outro lado do viaduto
soltou-se no ar
o sorriso tranqüilo
esperando o asfalto chegar

não muito longe dali
alguém cantarolava despreocupado
“summertime
and the fishs are jumpin’...”



Ps.: crie coragem e navegue pelos HYPERLINKS (palavras realçadas); num deles tem a letra da canção.

E O NOME DA PERSONAGEM É ...

Mô povo,
Estes dois textos (QUEM ESPERA... e ... ESPERA – O TRANSTORNO) fazem parte da oficina já citada. O primeiro foi escrito num dos pontos de ônibus da UFSC. Havia mesmo duas gurias vestidas a caráter para alguma festa junina e as pessoas que "pintam o que veriam no canal" são colegas da mesma oficina. Na verdade, estes também escreviam (embora divididos em grupos, os textos foram escritos individualmente). Voltamos para a sala e Grace pediu que refizéssemos a história incluindo diálogos. Na apresentação do meu segundo texto, ela me disse que estava muito cinematográfico e nem tanto dramático. A reclamação deixou-me contente porque quero muito aprender a escrever roteiros.
Meus sinceros brigadins aos visitantes e comentaristas. Vocês são o tempero da cereja do pudim.

Pena que nã descobriram que o nome da personagem é ....
{8¬)

25 julho, 2011

ESPERA II

... ESPERA – O TRANSTORNO

... olha o relógio mais uma vez:
- Puta que pariu! Que inferno! Este ônibus não passa nunca?!
Ao que a placa do ponto responde-lhe sarcasticamente:
- Aqui é uma par
ada e não uma passagem de ônibus.
... engole em seco, olha para as garotas fantasiadas de caipira e murmura pra si mesmo:
“Que palhaças... Quanta falta do que fazer...”
Uma ave faz um rasante atravessando o ponto de ônibus, pega uma pipoca que caíra do saco de uma das gurias, arremete de volta aos céus e junta-se ao bando que se diverte em loopings espaço à fora.
..., mais indignado ainda, grita:
- Na outra encarnação espero nascer estilingue!
O pardal, num muxoxo:
- Melhor já nascer sentado.
... trincando os dentes:
- grgrgr

Pano lento.


UFSC, 02/07/2011


Ps.: estas duas variações sobre a mesma cena brotaram durante oficina para produção de texto dramático ministrada por GRACE PASSÔ, do grupo de teatro ESPANCA.

23 julho, 2011

QUEM ESPERA...

QUEM ESPERA...

Chove. Ponto de ônibus. Poucos veículos passam, pois é sábado – pior só aos domingos.
Faz uma panorâmica do entorno: à esquerda, pessoas pintam o que veriam no canal onde escorre água morta; à frente, árvores e pássaros comemoram a chuva sem notar que também está frio; à direita, a placa confirma-lhe que se trata de uma parada de ônibus; às costas, a biblioteca desanimada como um bar na segunda-feira.
Confere o horário. Uma ave experimenta um vôo tranqüilo e, num rasante, cruza a rua vã. Lembra-se de catracas e filas.
Duas garotas travestidas de caipiras de festa esforçam-se em se mostrar alegres, uma à outra.
Olha para o início da rua: solta mais um muxoxo ao não ver o ônibus. Olha para o céu numa tentativa de súplica: aves soltas no espaço parecem não notar a pseudo-presença de ... que suspira:
- Na outra encarnação espero nascer estilingue...

Pano lento.


UFSC, 02/07/2011

22 julho, 2011

EDUCAÇÃO É PRIORIDADE? - RECOMENTANDO OS COMENTS

Vamos lá, se é que é possível, recomentar os comentários que, na verdade, são a vitamina do blog.

Gilberto disse...
Meu caro, como falei lá no twitter a conclusão do teu texto é bastante sensata. Além disso, tem algo que me questiono em relação ao movimento de greve: por que razão tal greve não ocorreu no governo anterior. Afinal, a situação já estava posta! E ainda por cima ex-governador e ex-secretário de educação foram eleitos senadores. Ano passado não havia problemas?

Recomenting... Penso em duas possíveis razões para o movimento só ter chegado às raias da greve no atual governo:
- talvez tenham esperado a decisão do STF sobre o piso salarial da categoria e, então, ter mais respaldo jurídico; e,
- talvez tenham acreditado, como costuma acontecer, que as melhorias viriam com u novo governo, mesmo que fosse o de Colombo, pois seu slogan era (ainda o é?) “as pessoas em primeiro lugar”.

Anônimo disse...
Primeiro belissimo texto, adorei inclusive o desfecho, mas gostaria de me colocar frontalmente contra qualquer tipo de manifestação grevista ou "reclamista" dos professores. O que temos assistido na educação publica é um monte de pseudos professores que ganham muito bem quando comparadas a outras profissões reclamando de salarios e ensinando muito pouco, melhorem a qualidade do ensino, cada um dentro de sua sala e depois vamos discutir salarios, os professores hoje são a categoria profissional onde as anomalias pensantes são as mais profundas, sinto muito pena de crianças que estudam em escolas publicas pelo descomprometimento dos professores enquanto houver corporativismo e não pudermos mandar embora maus professores sou contra todos pois meu desejo é ficar a favor dos bons professores... e você é a favor da manutenção desta situação?

Recomenting... Brigadim pelo elogio.
Quanto à sua pergunta, creio que fica claro que não sou “a favor da manutenção desta situação”. Até porque não vejo tanta qualidade na educação privada, com raras exceções. Principalmente, pelo fato de que quem estuda ou põe o filho em escola privada – universidade, inclusive – está pagando duas vezes pelo mesmo serviço.
Quanto aos salários dos professores, lamento discordar: teriam quer sofrer muitos reajustes para serem “baixos”: o setor da construção civil está pagando bem melhor.
E, sobre o “descomprometimento”, a meu juízo quem não tem compromisso coma Educação é a Sociedade que, por aparente incorência, é quem paga. E, como você sabe, não paga pouco!

Luiz Martins disse...
A educação voltará à pauta nas próximas eleições, uma vez mais para compor promessas vazias e compromissos nunca cumpridos. Aqui na UFABC, há uma pressa repentina para a inauguração do campus de S.Bernardo do Campo... dá pra imaginar qual seria a motivação dessa pressa, o prefeito e ex-ministro Luiz Marinho, amigão do "homi", é o maior interessado... Enfim, cabe principalmente aos educadores o papel de manter a pressão e a liderança da eterna luta pela Educação (isso sem excluir, é claro!, os demais movimentos populares).

Recomenting... Meu cumpadi de imemoriais tempos unicampianos, é como você mesmo disse: para que o tema Educação não venha à baila apenas durante as campanhas eleitorais é preciso que os educadores, assim como os demais movimentos populares, mantenham-no vivo pela vida inteira, na rua, na chuva ou numa escolinha de sapé.

Fabrício Biff disse...
Mesmo Colombo que votou a favor da Lei do Fundeb era senador de oposição e assim sendo jogava para torcida pensando no futuro político sem se importar com o fato em si. O que governa agora já chegou aonde queria e faz pouco do seu voto de outrora, pois poucas pessoas como você fazem lembrar o acontecido.

Bom lembrar que Colombo foi eleito em primeiro turno e não é possível que sendo eleito junto com ele o ex-governador LHS e o secretario de educação agora senador Paulo Bauer professores em sua maioria também não tenham votado nele. O povo catarinense é avalista mesmo que de forma indireta do atual governo. O elegeu dando continuidade a dois governos que o antecederam.

Sem duvida alguma professor inicio de tudo. Professor de mal com a vida aluno na maioria das vezes mal ensinado e muito mais mal educado. Mas como a coisa anda mesmo que criem bons indivíduos os mesmos poderão se perder pelo caminho se os valores hoje apresentados pela sociedade não mudarem. Ficou difícil ser honesto.

Quanto a sindicatos e seus integrantes tenho minhas dúvidas. Existe gente boa, mas também existe muita gente negociando por trás dos panos e lucrando com isso. Sem contar os palanques políticos montados a cada greve. Piso já diz tudo, é o mínimo. Agora cabe aos “educados” da justiça darem direção a situação. Em tempo, o brasileiro quase que num todo é muito mal pago e todas as profissões tem seu valor. No mais nada mais me espanta.

Recomenting... Você falou e disse: poucos eleitores enxergam a importância que tem o voto. Tem até o pessoal que se recusa a votar ou vota nulo e passa a vida reclamando, e seguindo, os ditames dos eleitos. Também acredito que grande parte, senão a maioria, de professores e alunos votou no atual governador, cuja campanha apresentou-se como continuação das administrações LHS, Pinho Moreira e Pavan. Pinho até voltou. Quanto a Salário, dependendo da análise, ele sempre é pouco, pois nunca reflete o valor real do que o trabalhador produziu.

Ps.: pode ser interessante tomar conhecimento das sugestões para a continuidade da mobilização do magistério catarinense nesta postagem do blog do MOACIR PEREIRA.

19 julho, 2011

TEDxFloripa: o otimismo militante



Lamentavelmente, palavra que apenas uso em caso de necessidade extrema (porque o viver não é para transcorrer em lamentos), cheguei ao local só no meio da tarde. Juntamente com cumpadi LINO, arquiteto professor na UFSC, implorei para entrar, pois a organização era mesmo organizada e, como tal, não permitia invasão de retardatários em meio às palestras. Felizmente (gosto mais desta), depois de nos explicarmos, deixaram-nos adentrar à cyber-ÁGORA. Atrasadim que seja, sou daqueles que procura fazer a caipirinha mesmo que só com a sombra do limoeiro, desfrutei (pra combinar com a anterior) de uma reunião pra lá de bacana: o TEDxFloripa.

Você aí, que me privilegia com a visita, sabe lá o que isto vem a ser? Pois, te digo: é um tipo de reunião onde um punhado de pessoas ouve outras que contam histórias interessantes, apresentam projetos idem e/ou apontam soluções. E, coisa rara, sem lamentações (e você, caro visitante, já sabe que não gosto) nem esperneios voluntaristas.

BRUNO CHEUICHE, o coordenador do evento, contou que tomou conhecimento do TEDx quando o irmão o convidou para assistir/participar do TEDxAmazônia. Gostou e resolveu organizar o de Floripa. Das poucas palestras que assisti, gostei de ouvir Duda Mattar (cadê teu site, guria?) explicar como é possível colorir a vida das pessoas a partir dos seus lares, como aconteceu, por exemplo, no MORRO DONA MARTA (Rio de Janeiro) e de tomar conhecimento da TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS.
Para fechar a festa de otimismo militante (nem todo otimista fica esperando que chova na sua horta), tivemos a apresentação do trabalho A REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS. Foi fantástico unir-me ao aplauso sincero e emocionado de todos os presentes.


Saí de lá mais crente que nunca naquele velho papo: se cada um não sujar sua calçada, a cidade inteira fica limpa. Mãos à obra?

Ps.: saiba muito mais, inclusive o que é TED e como foi o de FLORIPA, clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

15 julho, 2011

EDUCAÇÃO É PRIORIDADE?



Todos os brasileiros - ou quase todos – acreditam que Educação, assim como Saúde e Segurança, é importante. Por isso mesmo, quando das campanhas, eleitores e candidatos (independentemente de opção partidária) e também aqueles que defendem que o Mundo seria mais feliz sem a Política, requerem e/ou prometem melhorias nesses três itens básicos na cesta vital de qualquer ser humano. Entretanto, pouquíssimos são aqueles que se atêm a alguns, porém fundamentais, detalhes: que melhorias são essas tão propaladas durante as eleições? o quê vai melhorar? como e para quem vai melhorar?

Curiosamente, esses mesmos “todos os brasileiros” não acreditam que alguma coisa vá realmente melhorar e vêem as promessas como pura isca de boca-de-urna. Lamentavelmente, via de regra, Educação não passa de um tema que ocupa cabeças e conversas durante certo período e sai de cena logo que o voto é depositado na tecla.

Apuradas as urnas, o eleito descobre que os recursos são parcos e as dificuldades são muitas, que precisa de mais prazo e fecha-se no clássico e conhecido “agora não vai dar; vamos por ordem na casa, primeiro”. Como, normalmente, não é cobrado pelos eleitores, dorme a paz dos justos.

O eleitor, por sua vez, volta-se para seu viver comezinho enquanto torce para ser aquinhoado com alguma sinecura, por mais passageira que seja. Então, não conseguindo uma boquinha sequer (tetas e bocas sempre são poucas), volta-se para o muro das lamúrias ao qual já está acostumado e sem o qual seu viver parece perder a graça. Lamuriar é a principal característica da Cultura Judaico-Cristã (antes que saquem as armas, falo de Cultura e não de Religião): aquela velha crença que os humildes serão exaltados... que é mais fácil um camelo passar...

Escrevo num momento em que ocorre uma greve histórica e crucial dos professores da rede catarinense. Histórica porque o principal motivo é a recusa do Governo Estadual em cumprir a lei que cria o FUNDEB, aprovada em 22/05/2007 pelo Congresso Nacional, merecendo o SIM do então SENADOR RAIMUNDO COLOMBO, como pode ser conferido à página 4 de 23 das VOTAÇÕES NOMINAIS. Lei esta que teve sua constitucionalidade sacramentada pelo STF. Crucial porque dos seus resultados depende o presente de alunos, professores e pais, enfim, a Sociedade como um todo.

Deveria ser imprescindível que a Sociedade se envolvesse nesse processo, cobrasse e acompanhasse a execução de soluções que propiciassem avanços na qualidade do ensino público, porque paga por ele. Mesmo os pais que podem pagar – e também os que pagam sem poder – para que seus filhos estudem em escolas privadas (pagando duas vezes, portanto) precisam participar. Porém, o desejo geral é que o filho estude na rede privada de ensino, podendo pagar ou não. Esse fenômeno social responde a pergunta do título: Educação Pública não é prioridade; não, além dos discursos. Da mesma forma que Saúde e Segurança, Educação Pública não é prioridade para o eleitorado composto, em sua maior parte, justamente por alunos, professores e pais. Caso fosse, governantes e legisladores, ao contrário do que acontece, dar-lhe-iam prioridade real, posto que não existe candidato suicida. A Educação também não é prioridade para sindicatos de empregados (que precisam se preparar para o trabalho) nem para associações de empregadores (que precisam de empregados preparados).

A meu juízo, o professor é o profissional que tem mais de interferir na atual situação: ele é o único empregado que cria seu patrão quase que desde o berço, hoje em dia. Quando seu aluno crescer comporá tanto o eleitorado quanto os poderes executivo, legislativo e judiciário. O professor é o principal colaborador na formação da visão de mundo e do conjunto de valores do seu patrão. Tem a faca e o queijo; só precisa tomar cuidado para não cortar o dedo.

Quanto à presente greve, o vulgo costuma dizer que “mais vale um mau acordo que uma boa demanda”. Porém, como não sou professor, só posso conjeturar a respeito do movimento. Imagino o professorado voltando às aulas para que os alunos não tenham seu período escolar prejudicado ainda mais. Enquanto isto, sua entidade de classe aciona a instância juridicamente competente, pleiteando o recebimento de cada real que tenha faltado no seu salário desde a aprovação do PISO SALARIAL. E tem esse direito porque é desta maneira que o Estado age quando, por algum motivo, o cidadão fica em débito com seus impostos: toma-lhe, judicialmente, até a casa de morar. A decisão do STF é a garantia jurídica que pode embasar este processo.

Que te parece?


Ps.: nos HYPERLINKS (palavras realçadas) tem o voto de Colombo a favor do FUNDEB.

10 julho, 2011

SANTA CATARINA: GREVE DO MAGISTÉRIO

Nada melhor do quem habita o olho do furacão para nos falar sobre a ventania. É por isto que tomo a liberdade de postar aqui o lúcido desabafo de alguém que tem a coragem e a perseverança de poucos para desempenhar aquele que deveria ser o trabalho mais importante aos olhos da Sociedade.
Principalmente por isto é que transcrevo as palavras de Emy Francielli Lunardi, originalmente publicadas no blog de MOACIR PEREIRA, jornalista do GRUPO RBS (e espero que ambos não fiquem chateados). Palavras que desejo que RAIMUNDO COLOMBO, Governador de Santa Catarina, e seu staff também tenham lido.
Estou curioso em saber a opinião daqueles que me privilegiam com sua visita a este blog. Portanto, aguardo comentários. Propositivos, é claro.
E vamos ao que interessa que a vida não tem pressa, mas também não espera!

"Relato penoso de um jornalista
9 de julho de 2011

”Prezado Moacir,
escrevo-te hoje pois cansei de ler e ouvir a “versão diplomática” (usando um eufemismo) dos meus colegas jornalistas (com exceção da tua pessoa). Escrevo-te como jornalista e como professora indignada… Gostaria de expor aos desinformados como o governo deste estado cumpre suas promessas e as leis. Permita-me falar em primeira pessoa, ou seja, falo por mim, não por meus colegas, nem pela minha escola, tampouco pelos professores em geral.
Antes, sinto-me impelida a reconhecer que, de acordo com a decisão de nossa regional (Xanxerê), voltei às aulas ainda na 5ª feira passada (07/07). Levo algumas conquistas na bagagem:

1º – meu salário, que deveria ser 11A (afinal possuo mestrado), continua no nível 7A (afinal, sou só uma ACT, e, como tal, obviamente deixo meu conhecimento em casa quando vou dar aula);

2º – meu salário aumentou inacreditáveis 26 reais mensais, se eu o receber integralmente… Ah, esqueci, mas eu perdi o prêmio assiduidade no final do ano, portanto, meu salário DIMINUIU 41,30 reais mensais;

3º – meu contracheque de junho veio com os descontos da greve: 23 dias. Vejam que conta fabulosa!!! – eu trabalho 3 dias (manhãs e tardes) por semana para o estado, de modo a cumprir 20h (não, eu não estou equivocada, deveria trabalhar 2 dias, mas trabalho 3, e recebo por 2 mensalmente, mas isso é outra história…) ou seja, uma vez que o mês tem 4 semanas, eu trabalho para o estado entre 12 e 15 dias no mês. No período do referido contracheque eu deveria trabalhar 14 dias, trabalhei 3, e tive 23 faltas!!! A secretaria de educação deste estado é realmente muito estudada, para eles 14 – 3 = 23…

4º – as medidas do governo afetam também os aposentados da educação, no caso, minha mãe – que trabalhou 36 anos em sala de aula e está aposentada há 17 anos – ganhou um DESCONTO de 200 reais (prêmio jubilar), DESCONTO de 43,46 reais (regência de classe) e DESCONTO de 71,88 reais (aulas excedentes);

5º – a lei, pelo cumprimento da qual entrei em greve, será apreciada por um grupo de estudos e sua aplicação será discutida até janeiro do ano próximo, para ver sobre a viabilidade de sua execução, no presente, sem sequer falar no pagamento dos atrasados devidos desde 2008…

6º – a partir da mesma data (janeiro/2012) o valor da regência e das aulas excedentes serão restabelecidos ao patamar de antes da greve. – Ah! esqueci-me, sou ACT, meu contrato acaba no dia 20 de dezembro, logo, eu não verei essa reposição afetar meus rendimentos…

7º – embora a decisão judicial que exigia a restituição dos descontos do mês de junho ainda não tenha sido cumprida, eu tenho a palavra do Sr. Governador que me restituirá tão logo eu reponha os dias letivos perdidos – claro, eu sou uma alma caridosa que não recebe salário, trabalha mais do que é paga para trabalhar e ainda pega dinheiro emprestado para pagar o transporte até a escola.

Com todas essas conquistas, como eu posso reclamar??? Vejam outros exemplos de como a situação da educação melhorou depois das promessas do Sr. Governador:

- nas manhãs geladas (-2ºC) dessa semana, eu e meus alunos encontramos as mesmas salas com vidros quebrados, goteiras, SEM LUZ ELÉTRICA, e o telefone e a internet já não funcionam mais;

- na 5ª feira pela manhã, comecei dando 5 aulas (quando deveria dar 3), porque estamos defasados de professores – não, eles não estão em greve!!! – estão doentes. A questão é que, essa semana nada se resolveu, afinal, já era 5ª feira… Semana que vem, possivelmente, as aulas vão para a escolha (mas, como no início do ano, há mais vagas que candidatos a elas) e se ninguém escolher, depois do dia 12, não pode mais contratar, porque já fechou a folha do mês… Então novamente preciso explicar aos meus alunos que eles, que já ficaram 20 dias no começo do ano sem aulas de matemática, religião, ciências e geografia, possivelmente ficarão mais 30 dias sem professores de artes, ciências, matemática e religião, e que os alunos do 4º e 5º ano ficarão 30 dias sem professor. Mas isso não precisa ser reposto. Afinal, o diretor e o secretário (2 pessoas) vão substituir esses 6 professores com facilidade e conhecimento suficientes…

- afora isso, encontrei novas ameaças acrescidas às já antigas: corte do salário também do mês de julho, a restituição dos descontos apenas se todos os grevistas voltarem às escolas, possibilidade de contratar ACTs (Deus sabe de onde…) para substituí-los, não-votação da lei complementar pela Alesc até agosto, volta ao salário de março (Deus queira!!!) execração pública na mídia, pressão de pais que não aguentam mais UM filho em casa (mas professor precisa lidar diariamente com 30 por turma…), fim do meu plano de carreira… e nem sei mais o quê.

Neste momento, infelizmente, me sinto como muitos personagens que costumo evocar nas minhas aulas de história: os farrapos que, em 1835-45, lutaram pela república no Império; os federalistas que, em 1893-95, lutaram por uma república mais justa no início do regime republicano; os pelados do Contestado (1912-16) que lutaram por um governo mais justo e igualitário; os “subversivos” que lutaram pelo retorno à democracia sob o regime ditatorial (1964-1985). Identifico-me com todos eles, não apenas porque tiveram a coragem de lutar por seus sonhos, mas porque todos acabaram, invariavelmente, difamados, julgados, condenados e, em muitos casos, mortos (para não dizer massacrados) pelos poderosos que ousaram enfrentar… chamados de revoltosos, monarquistas, fanáticos, loucos, malditos…

Diante disso tudo, vocês hão de me perguntar: “por que você voltou para escola?”

Eu respondo – com certeza, não foi por acreditar em promessas, em avanços ou em ameaças. Voltei pelos meus alunos e porque acho meu dever de professora de História contar-lhes essas trajetórias e ensinar-lhes as seguintes lições repetidamente, antes de abandonar essa profissão:

* a república brasileira foi proclamada em 1889 – por um golpe de estado. Os economicamente mais favorecidos da época fizeram o possível para apossar-se do poder – e não o largaram até hoje!!!

* no início da república, inventaram a troca de favores em busca de legitimação política – prática que permanece até hoje: uma cesta básica por um voto. E se cada eleitor não parar de trocar o seu voto por uma migalha, vai continuar perdendo milhões em impostos por quatro anos para os corruptos da vez.

* numa república representativa, a soberania está no povo. Os ditos “governantes” são nossos representantes, nossos empregados, não o contrário. Mas continuarão mandando em nós e desvirtuando suas funções se cada um não aprender a fiscalizar aquele em que depositou seu voto.

Por que meus alunos precisam saber disso? Porque nesses 122 anos de república a história não tem se desenrolado, tem se repetido, tem gaguejado… e só vai mudar quando cada um mudar a si mesmo e tomar as rédeas de sua própria história na mão.

É o que cada professor desse estado que entrou na greve esse ano tem tentado fazer. Sinceramente, gostaria que dessa vez a história não se repetisse… mas não tenho tanta certeza… Apavora-me a possibilidade, não de estar trilhando o mesmo caminho, mas de atingir o mesmo precipício… o mesmo fim… e, pior, de não ter sequer alguém para, daqui a 50 anos, dizer aos seus alunos que havia uma outra versão que não a dos vitoriosos, porque me parece que se eles vencerem dessa vez, não haverá futuro para os professores, nem haverá professores no futuro…

Emy Francielli Lunardi.”

Ps.: saiba mais clicandonos HYPERLINKS (palvras realçadas).