24 dezembro, 2013

E SOBRE O NATAL...

 


Como é de conhecimento dos que me conhecem mais de perto, sou mais um daqueles que gosta de desafinar o coro dos contentes. Então, neste momento tão sublime para os cristãos – e com reflexos também nos não-cristãos, porque envolvidos na Cultura Judaico-Cristã  – socorro-me de um dos grandes da Arte: DOSTOIEVISKI.
Embora, talvez, o presente presente não alegre o seu Natal, pode ser que alegre o seu viver. Também pode ser que te entristeça. De uma coisa, sei: há o risco de sua vida passar a ter mais nuances de vitalidade.
Simples: ao invés da costumeira oração, acesse este podcast e aumente o volume para que todos os convidados de sua ceia o ouçam. Mesmo que você seja o tipo de pessoa que alega aos quatro ventos que prefere a companhia dos animais não-humanos este fantástico conto pode te fazer bem.
Como o objetivo é presentear o maior número de pessoas possível, o conto A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DO CRISTO  tanto pode ser ouvido (basta clicar na seta do player sob a foto) e/ou lido.
Arrisque-se!

Ps. 1 - a foto é gentilmente cedida por minha irmã Zarif, embora sem o seu conhecimento, e é um flagrante da maneira como os humanos, de maneira geral, têm tratado uns aos outros.
Ps. 2 - saiba mais sobre a leitura radiofônica no MÚSICA DISCRETA
experimente navegar pelos HYPERLINKS (palavras realçadas).

17 dezembro, 2013

BACALHAUS, LARANJEIRAS & TODOS NÓS




É até bacana ver esta revolta toda por causa do resultado do julgamento envolvendo a Portuguesa. Entretanto, por não ser torcedor de nenhum time do Rio (e quase todos sabem que torço para alguns times) sinto-me tranquilo para colocar uma questão: alguém aí se perguntou por que os dirigentes luso-paulistanos não prestaram atenção aos documentos que assinaram ao resolverem participar do chamado Brasileirão?
Muitos estão a dizer que a recente "tapetada" é um reflexo do que acontece na política brasileira. Sugiro que se perguntem:  como nossa Política pode ser diferente se o eleitor brasileiro vota, de maneira geral, em quem lhe ordenam, sem se preocupar com o que o eleito fará com a concessão recebida?

A raiz do problema não está no Fluminense. Os diretores da Portuguesa fariam o mesmo se a situação fosse inversa. A falha, para não dizer outra coisa, está nos administradores da Portuguesa que, como boa parte dos brasileiros, acreditam que podem viver ignorando a legislação estabelecida e que, se der zebra, ainda lhes restará o “jeitinho brasileiro”. O problema é que o tal jeitinho pode beneficiar apenas uma das partes envolvidas. E, normalmente, as benesses sempre vão para os beneficiados de sempre.
Todo este papo sobre o Fluminense estar sendo beneficiado é alimentado por aquela parte da Inpremça que só sabe faturar em cima do sangue alheio. Se não fosse o Fluminense seria qualquer outro que tivesse terminado o campeonato na 17ª posição.
O Brasil só vai despiorar quando os brasileiros começarem a fazer questão de que a Lei seja aplicada no seu inteiro rigor. Não há outro caminho.
Há um provérbio que merece uma pequena reflexão: se cada um limpar sua calçada, toda a cidade ficará limpa.
Simples, não é mesmo?

 
Ps.: para saber mais sobre nós mesmos, experimente ler a íntegra do DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA.

10 dezembro, 2013

CULTURA: O QUE VOCÊ TEM A VER COM ISTO?

Hoje tem:

O papo é diretamente dirigido ao pessoal envolvido na produção audiovisual no âmbito do Município de Florianópolis. Entretanto,  talvez tenha a ver com todo mundo de todo o Mundo.  E por que digo isto?
O que você tem a ver com CULTURA? Já se perguntou sobre isto? O que sente quando ouve alguém a dizer que fulano ou sicrano não tem cultura? Você se considera alguém que tenha cultura?
O artigo/desabafo abaixo transcrito é de EDUARDO PAREDES que, pelo jeito, ainda pratica a NOVEMBRADA. Foi publicado no caderno de cultura do Diário Catarinense em 30/11/2013. Mesmo que você, caro leitor, pulule em outras regiões que não seja nossas belas e desamparadas Floripa e Santa Catarina, o teor pode ser muito útil como peça instigadora à ação.
Deixe a preguiça de lado, só um pouquinho, e leia junto. Sugestão: não tire as crianças da sala; ao contrário, leia em voz alta para elas.. A vida delas tem muito a ver com tudo isto.


A morte do poeta e os ecos da “novembrada

 

Historicamente Santa Catarina é um estado privilegiado, como poucos, em termos de produção cultural. A pluralidade e diversidade desse patrimônio imaterial advêm, acredito eu, de um encantamento com suas belezas naturais e do encontro das inúmeras etnias que se espalham por todo o território catarinense. Por isso mesmo, é absolutamente inadmissível que a Cultura continue sendo (mal) tratada como peça assessória no contexto das políticas governamentais. Essa riqueza artística e cultural acumulada é que dá identidade ao povo catarinense. No entanto, infelizmente, o setor cultural vem lutando para sair do plano do supérfluo e ganhar a importância que lhe é devida.

Em termos de política pública cultural o que constatamos é um estado de abandono, desrespeito e contínua omissão. Há muitos anos a Cultura foi embrulhada num mesmo pacote com o Turismo e o Esporte, compondo uma Secretaria que já se chamou SOL – Secretaria da Organização do Lazer, inspirada nas teorias do “ócio criativo” do sociólogo italiano Domenico De Masi.  Qual o sentido de se "organizar o lazer" e de se pregar o "ócio criativo", especialidade na qual boa parte dos nativos da Ilha de Santa Catarina são PHD?Parece piada, mas não é.

Tendo recebido como herança maldita do seu antecessor, o atual governador manteve intacta a estrutura de Governo que, a par das chamadas Secretarias Centrais, sustenta a paquidérmica coleção de quase 40 Secretarias de Desenvolvimento Regional. Qualquer cidadão com um mínimo de bom senso, informação e cultura reconhece que esse modelo condena o Estado a uma situação de profunda anemia financeira. É cristalino que essas SDR somente existem para acomodar cabos eleitorais e que a descentralização poderia muito bem ser executada através de Coordenadorias, Diretorias ou Gerências. Mas quem se atreve a cortar as benesses, mordomias e privilégios contidos no status de Secretaria? Por que arriscar a base de sustentação política que assegura a continuidade no poder? Ninguém é bobo – somente o povo, o contribuinte, que paga a conta.

É triste reconhecer que o Governo do Estado, tão pródigo na criação e manutenção de tantas Secretarias, não dê autonomia e independência para esses três setores importantíssimos, que são o Turismo, o Esporte e a Cultura. Não há como reconhecer a importância do Turismo para a economia do Estado. Mas esse setor também não consegue se desenvolver e expandir suas potencialidades da forma como está situado. As demandas do Turismo são vastas e complexas e precisam de um planejamento próprio. O mesmo vale para o Esporte e a Cultura, que são determinantes para uma política pública séria que pensa em formação de cidadania e inclusão social. Se em determinado momento o Turismo se entrelaça com a Cultura, essa área de convergência é ínfima para justificar tal atrelamento. Arrisco dizer que de cada mil turistas que visitam o Estado, depois da praia menos de uma dúzia procuram por um museu, teatro ou galeria de arte. O destino natural são os shoppings, bares, restaurantes e baladas. Isso é óbvio.

A Cultura padece ainda mais por esse equívoco administrativo, pois sobrevive à sombra do Turismo. As casas de cultura e espaços culturais vivem à míngua. Os artistas há muito foram deserdados, com os poucos editais públicos de fomento às atividades artísticas sendo ano a ano empurrados com a barriga, procrastinados ou adiados. O que impera é a política neoliberal de transferência de responsabilidade das decisões sobre a Cultura para a iniciativa privada, na medida em que a principal ação de governo é induzir os produtores e agentes culturais a utilizar os mecanismos de incentivo fiscal. Isso quando o próprio Governo não compete de forma desigual com os produtores independentes, indo ao mercado captar patrocínio para seus próprios projetos, como no caso emblemático da Ponte Hercílio Luz. E com isso, o que resta como marca de ação governamental são a ausência, o autoritarismo e a instabilidade na área cultural.

Na última segunda-feira, 25 de novembro, tive a honra de ser agraciado com a Medalha do Mérito Cultural Cruz e Souza. A maior honraria da Cultura no Estado, algo que nunca cobicei e que jamais imaginei alcançar. Ainda tenho dúvidas se de fato sou merecedor de tal distinção. Mas como estava em ótima companhia, resolvi aceitar. Juntos estavam, in memoriam, o mestre Zininho e o escritor Holdemar de Menezes, mais o coreógrafo Amarildo Cassiano, do Ballet Bolshoi de Joinville, o cenotécnico e administrador cultural Osni Cristóvão, o historiador e fotógrafo Joi Cletison Alves, e as instituições Associação Coral de Chapecó, Federação Catarinense de Teatro – FECATE, Museu Victor Meirelles e Biblioteca Pública do Estado.  Confesso que quando o escritor Amilcar Neves, membro do Conselho Estadual de Cultura, fixou em meu peito a medalha que leva o nome de Cruz e Souza, a emoção bateu forte e invadiu a minha alma. Um momento fugaz, que ficará guardado eternamente. Só que a realidade dos fatos logo me fez trocar em parte a alegria pela tristeza, o envaidecimento pela indignação.

A começar pela consciência de que a sina de Cruz e Souza, apesar da passagem do tempo, ainda persiste entre boa parte dos que se atrevem a fazer da arte uma profissão de fé.  Gênio do simbolismo universal, maior poeta brasileiro de todos os tempos na minha modesta opinião, Cruz e Souza morreu na mais absoluta miséria. Em vida, sofreu na pele negra a rejeição causada pelo preconceito e racismo, tendo suportado a dor de ver quatro de seus filhos morrerem de tuberculose e a mulher Gavita enlouquecer aos poucos diante de tanto sofrimento, decorrente da fome e da péssima condição de vida da família. De Minas Gerais, onde havia ido buscar tratamento para a tuberculose que por fim também o levou, o corpo de Cruz e Souza foi transportado em um vagão de trem que levava gado para o Rio de Janeiro, onde foi sepultado praticamente como indigente. Bastou morrer para que a sua genialidade fosse reconhecida, sendo alçado ao panteão do simbolismo universal ao lado de Verlaine, Rimbaud e Mallarmé. Mas seus restos mortais, trasladados alguns anos atrás para Florianópolis, a sua cidade natal, entre discursos demagógicos e foguetórios, vergonhosamente continuam abandonados num canto perdido do Museu Histórico que, solene e ironicamente, também leva seu nome – Palácio Cruz e Souza.

Enquanto as medalhas iam sendo distribuídas eu me afundava na poltrona e em meus pensamentos cada vez mais cinzas. Olhando o palco do Teatro Álvaro de Carvalho, fundado em 1857 e que tantos artistas e espetáculos memoráveis acolheu ao longo de sua história, lembrei-me de que ele também, Álvaro de Carvalho, o primeiro dramaturgo catarinense, igualmente não teve o descanso eterno que merecia e o respeito que se esperava dos governantes catarinenses. Seus ossos mortais continuam abandonados em Buenos Aires, aonde veio a falecer de febre tifoide em 1865.

Pensei em Zininho, o nosso poeta maior, autor do hino oficial da capital catarinense. Enquanto sua viúva e sua filha recebiam a comenda que, em seu caso, já veio tarde, também lembrei de toda a privação que passou no crepúsculo de sua vida. O nosso maior músico, Luiz Henrique Rosa, que naquela mesma data se vivo fosse completaria 75 anos, também foi solenemente ignorado. Assim como a data litúrgica, 25 de novembro, que é dedicada a Santa Catarina - padroeira dos artesãos, artistas, bibliotecários, jovens, estudantes e desse Estado – sequer foi mencionada pelo cerimonial, num lapso imperdoável. Pior foi constatar que o desprestígio e desapreço pela Cultura catarinense se evidenciava na ausência de quem se esperava exatamente o contrário. Não apareceu nenhum senador, deputado, representante do prefeito, vereador, secretário de Estado (além do titular da pasta do Turismo, Esporte e Cultura, Valdir Walendowski),  sequer representantes das entidades culturais (com raras exceções), assim como nenhuma cobertura por parte dos jornais ou emissoras de televisão. O próprio Governador do Estado, Raimundo Colombo, que foi quem assinou a outorga da Medalha do Mérito Cultural,  vim a saber pela coluna do Cacau que naquele exato momento tinha ido ao shopping assistir a um filme depois de  dez anos sem ir ao cinema. Poderia ter esperado um pouquinho mais. Gostaria muito de ter dirigido a fala que me encarregaram em nome dos homenageados (e que reproduzo em parte nesse artigo) olhando nos olhos do nosso governador só para ver qual a sua reação e o que teria para dizer. Por isso, só tenho uma palavra para resumir o que ocorreu: lamentável! 

Ao que parece, os sismógrafos dos políticos e governantes continuam desligados. Não captaram ainda os tremores que vêm das ruas, do povo anônimo e cada vez mais impaciente. Esqueceram-se dos ecos da “novembrada” (que hoje faz 34 anos e que também deve passar no esquecimento), assim como das “diretas já”, do impeachment do Collor e até mesmo das manifestações que varreram esse país como um tornado em meados deste ano. Podia ainda lhes lembrar da revolução francesa e bolchevique, da chinesa e da cubana, com as consequências diretas para os incautos governantes que também ignoraram as vozes inconformadas que vinham das ruas. Mas prefiro mirar a outra margem: se os governantes não mudam, que se mudem os governantes. Para tanto, é necessário que o povo se mobilize, permanentemente, determinado a combater essas redes piramidais de apadrinhamento que mantêm inabaláveis as estruturas desgastadas do poder e que permitem aos seus ocupantes manterem por longos períodos o estamento e o status que lhes asseguram as benesses e as vantagens que ele, o povo, banca. Mas para isso é preciso liberdade de informação e um processo contínuo de cidadania, educação e inclusão cultural. 

Ainda haverá o dia em que o slogan para esse nosso Estado, muito mais do que uma mera peça publicitária artificial, mas como reflexo concreto de um pacto pela Cultura entre governo e sociedade, seja de verdade “Santa, Bela e Culta Catarina”!

05 dezembro, 2013

POEMA SUJO


Como sabem, sou daqueles bestas que acredita que a vida sempre melhora.
Pois, depois de ter sido contemplado pelos deuses ao devolverem minha caninha com butiá, recebo o livro que me fez escrever Fratura Exposta, meu primeiro p
oema longo. Anos atrás, havia lido sobre o POEMA SUJO, de FERREIRA GULLAR. Não conhecia o poema em sua totalidade, apenas uns trechos aqui e acolá. Sempre me recusei a lê-lo pela internet ou em livro emprestado. Só de ficar sabendo da sua existência e importância, compus um poema.
Pra quem viveu a Campinas dos antigamente, comecei a composição aguardando no carro de uma amiga, olhando a multidão apressada que passava, enquanto ela ia ao supermercado (Pão de Açúcar, creio) que ficava numa das esquinas da Ferreira Penteado, perto do terminal de ônibus.
Agora, o livro está aqui, avec moi. Mesmo Gullar tendo tomado os rumos da Direita e - num dos documentários que assisti sobre ele - afirmado que parou de fazer poesia porque não se espanta com mais nada, vou mergulhar no seu Poema Sujo.
Fique tranquilo, Seo Gullar que, daqui pra frente, toco o bonde. E tenho certeza de que vou me espantar com ele.
Bejotas de brigadim, minha Bunitinha!



Ps.: saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

01 dezembro, 2013

NOSSA COSMÓPOLIS QUE NUNCA DEIXEI.




Neste dia em que COSMÓPOLIS comemora 69 anos de emancipação, faço uma singela homenagem ao que esta cidade - uma das onde nasci - tem de melhor: seu povo. Parece incrível mas, em Cosmó, até os chatos não chateiam muito: são menos chatos que os chatos de outros lugares.
Então, aí vai um poemeta cometido nos anos 70, creio eu, e que faz parte do meu segundo livro de poemas, "VIDA?", lançado em 82. Devo a inspiração às meninas que frequentavam/passavam pela Esquina do Itaú. Esquina esta que foi por muito tempo, este local foi o centro cultural da região, atraindo pessoas de quase todas as cidades vizinhas. Talvez sua influência e contribuição seja maior até mesmo que o famoso centro cultural do banco que leva o nome.
Hip hip hurra!´
{8¬)

27 novembro, 2013

NEGRITUDE: CUJO & CUJA

Fechando - momentaneamente, é claro (ou escuro) - os papos baseados na Semana da Consciência Negra, curtam minha Cumadi ANA ROCHA de Fortaleza, João Pessoa e Paraty interpretando um poemeta de minha lavra. Poemeta que já foi gravado pelo swingante ZUCO 103, no disco OUTRO LADO. A leitura ocorreu no CINECLUBE PARATY em 20/11/2013.
Assim, fechamos com um papo leve, antes das próximas bordunadas.
Curta o show de Ana e ouça a gravação do Zuco 103 num dos HYPERLINKS (palavras realçadas).
Carpe!
 
 
 
cuja & cujo
 
dito e dita nasceram
              (há quem diga
               que preto não nasce
               surge)

 Porém insisto
dita e dito
nasceram num desses morros do macaco
numa dessas favelas por aí
onde poucos fartos despejam
o que muitos ditos e ditas
disputam com as moscas 

como escaparam à natural seleção social
dito e dita cresceram
cada qual no seu barraco
unidos na fome
no lixo
e no espanto de estar vivo 

dito
enquanto crescia
sonhava ser cantor
jogador ...or ...or
não deu
foi fazer avião
devido lugar de ditos
dita
enquanto crescia
sonhava ser cantora
professora ...ora ...ora
não deu
foi ser doméstica
devido lugar de ditas 

o que dito e dita sonhavam
era puro delírio
eram pobres e pretos
e se pobre branco já não dá sorte
imgine preto pobre
(rico preto
ainda fecha os olhos
preto pobre pesadela) 

dito era sempre o primeiro a ser preso
sempre pelo que era
nunca pelo que fez
dita perdeu a virgindade
(que inocência depende
de se ter alma branca)
junto com a do patrãozinho
e a dos seus amiguinhos
a patroa
com a dignidade ferida
botou-lhe porta afora
na rua outra dita 

foi na subida do morro
como diz o samba
que dito viu dita
dita viu dito
sorriram-se
gostaram-se
e como pouca desgraça é bobagem
resolveram somar as suas
e dividir num barraco
as ilusões
as barrigas rajadas
as doenças venéreas
tudo a que os ditos e ditas
têm direito 

todos os dias
dito bebia e batia em dita
dita fugia e traia dito
dito batia e não entendia
porque ainda sofria
dita traia e não entendia
porque ainda sofria 

nem dito nem dita
em sua via crucis percebiam
que o seu sofrer convinha ao bacana
que do seu duplex & whisky & sol
cuspia no mesmo morro fudido
onde mandava buscar sua alegria
nem dita nem dito
em sua angústia compreendiam
sua maldita sina
lá no seu zinco esgoto e só
tão perto e tão longe
debruçados sobre a casa grande
os culhões
enredados em humildade e esperança 

e foi depois de mais uma sessão
de porre e porrada
que dito enfrentou-se
seguindo a lição do avô:
pendurou-se na cumeeira
e lá ficou
dançando como um frango
com aquele olhar de quem trucou o zap
e foi depois de passar a acreditar
na existência do mal
que dita entregou-se
ao evangelho segundo qualquer paletó
aproveitando uma promoção no dízimo
oferecido por uma nova igreja lá do centro
(o disc-jockey era irresistível:
“não percam
um pecado é três
três é dez”) 

corre lá no morro que a tragédia virou
             um samba enredo mas este foi
                     desclassificado na escola
                  por excesso de estranheza
                          das gentes e escassez
                            de alegoria adequada

21 novembro, 2013

NEGRITUDE: REDENÇÃO? NÃO. AÇÃO!

E lá vamos!
Continuamos a série com REDEMPTION SONG, de BOB MARLEY, executado pelo projeto PLAYING FOR CHANGE.
Curta a canção saiba mais sobre ela clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas). Principalmente, preste atenção ao significado da LETRA.
Let's go, Bob!





20 novembro, 2013

NEGRITUDE: UM BLUES

(WHAT DID I DO TO BE SO) BLACK AND BLUE é uma das canções que mais gosto, por um bocado de motivos, e faço questão de dividir até mesmo com quem não gostar dela. É simples: quem gostar, muito bem; quem não gostar, vai goela abaixo, mesmo!
Procurei-a na voz de FATS WALLER, um dos seus autores, mas não encontrei. Então, vamos com esta clássica gravação de um outro negro não menos importante: LOUIS ARMSTRONG.
Para facilitar a compreensão de quem curtir, a letra está em um dos hyperlinks. Clique e se plugue nos versos!
{8¬)




Ps.: como sempre, o bolo da cereja está nos HYPERLINKS (palavras realçadas).

19 novembro, 2013

NEGRITUDE: ABDIAS NASCIMENTO


Saravá!
Continuando este papo lastreado na Semana da Consciência Negra, aí vai uma amostra da Pessoa que é ABDIAS NASCIMENTO que, pelas obviedades sociais ignoradas (com um bocado de esforço) pelos racistas tupiniquins. Abdias que, juntamente com outros de não somenas importância, é responsável pelo desenvolvimento do TEATRO EXPERIMENTAL DO NEGRO. Abdias, de quem tenho a obra Sitiado em Lagos, autografada por ele e dedicada a Salim Miguel, escritor nascido no Líbano e radicado em Santa Catarina. Já aviso que comprei o livro num sebo de Floripa e tenho vontade de entender como Salim perdeu esta jóia.
Vamos lá conhecer um pouquinho da História do Brasil que os dubladores da História Oficial tentam empurrar para debaixo do tapete?





Ps.: tua viagem pode ser mais rica se clicar nos HYPERLINKS (palavras realçadas).

17 novembro, 2013

NEGRITUDE: MALCOM X

Saravá!
Como algumas das pessoas próximas o sabem, não creio em efemérides, preferindo acompanhar o processo da Vida. Ainda assim, procuro acompanhar os acontecimentos, pois a vida social é pautada por eles. Destarte (caprichei, hein?), o blog inicia sua agenda da SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA. Consciência que, ao contrário do que muito intelectual acredita, não é possível ser replicada. Daí, minha desconfiança toda vez que ouço alguém pronunciar "é preciso conscientizar".
E vamos começar por uma das figuras públicas que mais admiro: MALCOM X.
Invista uns minutos de sua preciosa vida e, talvez, fique sabendo um pouco mais sobre ela mesma.
Vamos lá!
 


Ps.: experimente navegar pelos HYPERLINKS (palavras realçadas).

01 novembro, 2013

CIDA É BALA!

Ter um punhado de irmãos, tem desta: quase todo dia, algum faz aniversário. Hoje, É Cida. E a canção dos seus parabéns vem de um povo que também gosta da luta. O que me remete ao incendiário de mentes que conseguem assistir filmes com legenda.
Assim sendo, peço licença ao Bertoldo - não, sua permissão, - para dedicar este hino, que bem poderia ser o de Spartacus.

As que lutam
 
Há mulheres que lutam um dia
e são boas
Há outras que lutam um ano
e são melhores
Há aquelas que lutam muitos anos
e são muito boas
Porém, há aquelas que lutam toda a vida
Estas são as imprescindíveis


E, aora, com nuestros hermanos cubanos...




FELIZ CUMPLEAÑOS!




E QUE TUDO O MAIS VÁ PRO INFERNO!

Sei que muita gente considera o supra-sumo da liberdade de opinião este papo de liberar pra quem queira fazer a biografia de quem quer que seja. Aliás, é o papo revolucionário do momento. Até porque tem mais apoio que o black block.
Caraca! O cara (e muitos outros caras) trabalham décadas na criação de canções, filmes ou "batatinhas quando nascem" e aparece um outro cara querendo,  govindamente*, surfar na onda dos criadores.
Por que o pretendido biógrafo desta ou daquela personagem pública não utiliza suas sinapses para criar uma obra própria? Pô, se acredita que sabe escrever, escreva. Viva da sua própria luz.
E o tal biógrafo (que está estrelando o Roda Morta, repetido neste momento da madrugada pela ex-TV Cultura) acaba de dizer que não se importa com a opinião do Roberto Carlos, que o Roberto é apenas seu objeto de estudo. Como se diz nos pampas, é de cair os butiás do bolso!
A imprensa, que não é trouxa, fatura um monte com este nhém nhém nhém. Alguém se pergunta por que será que o AUGUSTO NUNES não convida Amaury Jr. para discutir a obra A PRIVATARIA TUCANA no Roda Morta?
Às vezes, parece-me que neste brasirsão o lobo nem precisa por fantasia de cordeiro.

Para amenizar, procure saber:
 


Ps.: saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).
 
* os que lêem estas mal tecladas já devem ter lido Sidarta, suponho.

30 outubro, 2013

PRESENTE PRA SEO LUIZ: EDNARDO

Naqueles meados dos anos 70, que talvez tenham sido os nossos ANOS 60 (se é que me entendem), a TV Record oferecia um programa musical que seria revolucionário até mesmo nos dias de hoje: MIXTURAÇÃO. Afirmo, quase sem medo de me equivocar, que em toda a CIDADE UNIVERSO, apenas meu irmão Luiz mais eu assistíamos esta maravilha da televisão brasileira, dirigida por WALTER SILVA.
Uma das figuras que apareceram para o Brasil através deste programa é EDNARDO. Como Luiz até arranhava Terral no violão, este é o presente de aniversário para merrmão Luiz, que ele divide com vocês todos que passarem por aqui. Porque o costume lá em casa é deixar a porta aberta para quem gostar de festa.
Quem não gostar, por favor, nem apeie. Siga a recomendação lá das GERAES: vá caçar a rodilha onde quebrou o pote.



Ps.: exercite a curiosidade clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).

27 outubro, 2013

AMIGOS & MÚSICAS

Como hoje ainda é sexta-feira e continuo a gostar do Viver,  algumas pedradas (calma, mô povo que o sentido é stoneano) sonoras de gente bacana que conheço e recomendo. Se é que alguma recomendação deste desalmado que vos tecla tem valor.
Vamos lá com pouco papo e muita música. Abram uma garrafa do que quiserem - ou o pote de sais - e aumentem o volume!

Abrindo as cortinas com DIBIGODE, que Cai Matando no Baleiro:




Amenizando com CONRADO PAULINO e um tal de Esquimó em Olinda:




Com RENATA SWOBODA De Quando:




Desfrutando de Buenos Aires com ORQUESTRA TÍPICA FERNANDEZ FIERRO indo de Cuesta Abajo:





Entrando No País das Maravilhas com KARIBU, a banda mais africana de Floripa:




E saindo do SYBIL GAGE, my friend in New Orleans, que afirma: I'd Rather Drink Muddy Waters




Ps.: esqueça a preguiça e navegue pelos HYPERLINKS (palavras realçadas) porque, como aprendi lá em Madre de Deus - BA, o bom está no caldo.

21 outubro, 2013

FÓRUM CULTURAL FLORIANÓPOLIS: A ÁGORA

 
Um dos pleitos do FÓRUM CULTURAL FLORIANÓPOLIS, fundado em 2009, era a criação de uma secretaria específica para a Cultura no âmbito municipal. Com a chegada de César Souza Jr. ao comando do Poder Executivo local este pleito tornou-se realidade. Poucos meses depois de empossado, o Secretário Luiz Moukarzel foi exonerado – a pedido, pelo que saiu na imprensa. Até o presente momento, o cargo está vago e, também segundo a imprensa local, o Prefeito se dispõe a receber indicações para o futuro secretário.
Ora, há um ditado antigo que reza: “o dono do touro é que pega no chifre”. Então, talvez este seja um momento propício à retomada das atividades do Fórum que, juntamente com a sugestão de nome(s), poderia interferir efetivamente na política municipal para a Cultura.
Vejo e ouço muita gente reclamando das dificuldades. E se esta energia gasta com reclamações fosse aplicada à efetiva participação na tomada de decisões? Desta maneira, talvez os produtores e consumidores de atividades artísticas e culturais de Florianópolis conquistassem avanços mais  significativos  do que ficar aguardando o lançamento de editais e, depois, reclamando dos mesmos.
Vamos à
ÁGORA?


Ps.: saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

24 setembro, 2013

SINTO INSEGURANÇA



Está no CÓDIGO NACIONALDE TRÂNSITO, instituído pela Lei nº 9.503, de 23/09/97:

ART. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para condutor e passageiros em todas as vias do território nacional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN.

Entretanto, temos também este artigo:

ART. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos, entre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN:

I - cinto de segurança, conforme regulamentação específica do CONTRAN, com exceção dos veículos destinados ao transporte de passageiros em percursos em que seja permitido viajar em pé;
(...)

Veja lá o que recomenda o Corpo de Bombeiros de Santa Catarina quando trata do uso do CINTO DE SEGURANÇA no seu site.

A meu ver, usuário de ônibus urbano e muitas vezes em pé, cabe uma questão: afinal, qual a razão da obrigatoriedade do uso do cinto de segurança?
O Código reza que seu uso é obrigatório. Não é como, por exemplo, o triângulo cuja existência é obrigatória no veículo: seu uso não é obrigatório a não ser que surja circunstância em que se torne necessário. Ora, se a obrigatoriedade do cinto destina-se a oferecer segurança a passageiros e condutores, por que os ônibus urbanos são dispensados disso? Por que podem transportar passageiros em pé? A lógica é: já que é permitido pessoas viajando em pé, agarradas aos ferros destas modernas galés motorizadas, todos os passageiros podem curtir curvas, ladeiras e freadas soltinhos da silva? Então, na mesma avenida onde o passageiro de automóvel, até mesmo no banco de trás, é obrigado a usar o cinto, podem circular milhares de super-homens, supermulheres, supercrianças e superidosos dispensados do artefato imprescindível à segurança? Serão indestrutíveis? E quando o ônibus trafega por rodovias federais e estaduais é ou não importante a segurança de passageiros?
Neste momento em que o tema Mobilidade Urbana entrou em moda, pode ser interessante que as autoridades reflitam sobre isto.
E você aí com isto?

Ps.: saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

21 setembro, 2013

ALL ALONG THE WATCHTOWER.



 
Nada mais é que um poemeta cometido numa tarde chuvosa nos antigamentes quando morava em Sambaqui.
Experimentem à vontade que é de graça, como a vida me é.
{8¬)


“All Along the Watchtower”

         (... mas, assim mesmo, eu vou correndo
         só pra ver...)
 
... e lá vem o costume cristão de reclamar do viver:
“- que merda de chuva!”
(quando o sol aparece, apenas trocam chuva por sol
quando venta...)
“- que dia deprimente!”
                   (onde é que está, mesmo, a depressão?) 

À minha janela,
nada vejo do eterno verde.
Porém, sei-o.
O nada está no alcançar de minhas retinas.
Sinto-o em meu concreto espírito,
parte que estou da extensão de tudo
                   (no palco à minha volta,
o balé da ramagem feliz
e seu saltitantes cantores
nos oferendam esta certeza vital). 

Pra chorar num dia assim,
é preciso ter lágrima já pronta.

12 setembro, 2013

FLORIPA: ÔNIBUS URBANO AVESSO À RODOVIÁRIA?!



 
Alguns anos atrás, quando eu morava na Lagoa da Conceição, tomei um ônibus do Bairro até o centro, pois precisava ir até o TERMINAL RITA MARIA, de onde viajaria até outra cidade. Era final de tarde e a chuva caía fininha, daquele tipo de molhar cachorro besta. Quando o ônibus passou em frente à rodoviária, na costumeira lentidão do tráfego, resolvi marcar quanto tempo seria necessário para seguir até o ponto final, desembarcar e voltar caminhando até à estação rodoviária. Foram longos e encharcados vinte minutos. Isto significava cerca de um terço do tempo necessário ao deslocamento – do mesmo ônibus – entre a Lagoa e o ponto final.
Isto aconteceu muitas vezes comigo e, tenho certeza, com todos que precisaram – e precisam – se valer do transporte coletivo para se dirigir à estação rodoviária de Florianópolis. A diferença básica é que as pessoas que vêm do sul da Ilha ou do continente não passam em frente à rodoviária, como é o caso da maioria da população, que se distribui pelo norte e leste da cidade. Creio que nossa cidade seja a única que, possuindo um sistema de transporte coletivo, não oferece ponto de ônibus junto à rodoviária, como se seus moradores e visitantes merecessem “penar” carregando suas malas por uma razoável distância. Este fato é agravado quando o “merecedor” é portador de alguma deficiência motora ou é de idade avançada. Interessante é que o aeroporto dispõe de ponto de ônibus, mesmo recendo um afluxo de passageiros muito menor que a dita cuja. Na temporada de verão, a fila de caminhantes é engrossada pelos turistas e suas pesadas malas.
Às vezes, penso que os responsáveis pelo turismo nesta que se pretende a capital do Mercosul, incluindo nossos prefeitos e vereadores, não têm conhecimento deste despropósito rodoviário. Será que eles não percebem que há uma vasta área em frente à estação, exatamente entre ela e a avenida por onde passam ônibus urbanos?
Por que os usuários de transporte coletivo urbano de Florianópolis e região não merecem um ponto de desembarque Junto ao Terminal Rita Maria?
O que cometemos para merecer carregar nossa bagagem sob a chuva ou frio do inverno?
Neste momento em que a Prefeitura Municipal está discutindo a LICITAÇÃO referente ao Sistema de Transporte Coletivo, bem poderiam refletir um pouco sobre esta involuntária peregrinação.
 
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