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02 dezembro, 2010

PARNASEANDO?!

Certa vez, um colega de trabalho disse-me que o que eu escrevia - e continuo escrevendo - não era poesia porque meu verso quase nunca prima pela rima (fica bacana o som destas duas palavras em seqüência, não?).
Foi um bom colega: criava caranguejeiras, gostava de serenata, distribuía um santo remédio à base de ARNICA, sempre alegre e pronto a ajudar os outros. Fiscal sanitário, orgulhava-se de nunca ter multado alguém. Não por receber propina. Porque, segundo dizia, não queria atrapalhar a vida de ninguém naquela nossa cidadezinha onde todos se conheciam e, quase sempre, se tratavam bem. Gente boa, morreu como normalmente morrem os bons: sozinho e esquecido.
Na ocasião do papo sobre a imprescindibilidade das rimas e métricas clássicas, compus esta ode ao Parnasianismo. Devo sofrer de algum desvio ao preferir AUGUSTO DOS ANJOS a OLAVO BILAC. Talvez seja a mania de não recusar palpites de São BAKUNIN.
Enfim (como dizem os cantores baianos) e ao cabo, eis uma das minhas tentativas de sonetar canonicamente. Aliás, hoje, me toquei porque não canônico: devo ser sou c'anêmico.
{8¬)

FLORILÉGIO SONETÍFERO

De tão pensativa, minha pena pousa,
florindo todo verso que, fino, ache.
E, como um mestre que domina a lousa,
tal qual coxo pincel alisa a guache:

“à merencória cruz da nua do bordel,
alvos seios arfando entre madeixas,
etérea, arremete-se do cordel
e em meio a escarros, a sonhar se deixa...

Ali, trêmula e sublime, a criatura
esposa o asco, que a tudo cura”.
O ósculo revisitado, nauseando.

E, posto a ruminar a rima mais pura,
alguém que não sei como outrem atura:
a antena da raça, parnaseando...



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