a vida traz
a vida leva
ávida
sabe o que faz
Palavras brincantes, nem sempre sisudas. Às vezes, sim. Normalmente, não. No fundo, e no raso, não passa de meu playground. Como playground não é para ser curtido sozinho, todos estão intimados. Um detalhe: este blog não faz a menor questão do novo trambique ortográfico.
30 dezembro, 2006
18 dezembro, 2006
NATAL
o espírito natalino pegou-o
quer beber ainda mais
odeia o sorriso besta
a porquice imensa
aquelas boas almas impregnadas de
pompa circunstâncias e
lavanda de shopping
como sempre
alguns babacas
que lhe encheram o saco o ano inteiro
virão desejar-lhe feliz natal
e ele lhes retribuirá sorrindo
(como um jacaré sorrindo
para a canela
de quem cai da canoa
e há sempre alguém caindo)
deseja o caos
o transbordar do lodaçal
lama entupindo a boca dos puros
uma gaita geme um blues
a ira aumenta
não é solidão
não há saudades
as pessoas que trariam saudades
não merecem vê-lo agora
é apenas o ódio subindo à cabeça
como o álcool
mas
cuidado
não eufemize
não está bêbado ou revoltado ou
deprimido ou injuriado ou etc.
apenas pura e simplesmente odiando
e se ainda acreditas que ele te gosta
não venhas à minha mesa agora
Cosmo, anos 80
quer beber ainda mais
odeia o sorriso besta
a porquice imensa
aquelas boas almas impregnadas de
pompa circunstâncias e
lavanda de shopping
como sempre
alguns babacas
que lhe encheram o saco o ano inteiro
virão desejar-lhe feliz natal
e ele lhes retribuirá sorrindo
(como um jacaré sorrindo
para a canela
de quem cai da canoa
e há sempre alguém caindo)
deseja o caos
o transbordar do lodaçal
lama entupindo a boca dos puros
uma gaita geme um blues
a ira aumenta
não é solidão
não há saudades
as pessoas que trariam saudades
não merecem vê-lo agora
é apenas o ódio subindo à cabeça
como o álcool
mas
cuidado
não eufemize
não está bêbado ou revoltado ou
deprimido ou injuriado ou etc.
apenas pura e simplesmente odiando
e se ainda acreditas que ele te gosta
não venhas à minha mesa agora
Cosmo, anos 80
12 dezembro, 2006
eh meu pai!
[poeira entra em meus olhos
não fico zangado não
pois sei que quando eu morrer
meu corpo irá para o chão
se transformar em poeira
poeira vermelha
poeira do meu sertão
(que ouvi com Cascatinha e Inhana lá pelos meus seis carnavais)]
eh meu pai nosso que estais comigo
santificado seja o nosso rumo
caminhas por onde estou
como eu danças no bojo do vento que brinca nesta beiramar
onde mulheres bonitas
- ah como tu irias gostar de vê-las!
cheirosas balançando suas nádegas
prestes a romper justas malhas coloridas
e ofuscar o sol
maravilhar o sol
beiramar continuação
embora aparentemente distante
da morada da tua ex-carne
aparente porque quando olho tu olhas
sentes a escuma da cerveja que bebo
e te escuto a bronquear por minha barba
e meu cabelo comprido que este nosso vento bagunça
e aquela do jogo de futebol entre cabelo ruim e cabelo bom? hein?
sabes que riem quando esta tua nossa história
e outra vez desobedeço
filho do Leite que sou
e se fosse diferente terias vergonha de mim
como teve em Pedregulho
enquanto me gritavas teu orgulho
- na nossa família tem criminoso; ladrão, não!
eh meu pai nosso que estais comigo
quando passo/passa por mim uma bela mulher
solteira casada tanto faz
e me lembro do quanto demorei para perceber
o porquê daquele teu sorrir safado
quando tocava a ponta do nariz com a língua
continuas vivo
nos chanfros onde derramastes tua solda
dos cafundós das Geraes aos cafundós da África
da Rua dos Cachorros ao Brega de Candeias
eh meu pai nosso que estais comigo
rei dos cavalos bravios de Peçanha
criado a samambaia e angu
desafiando as leis protéicas e vitamínicas
em tuas mortes não morridas
tuberculoses maleitas costelas quebradas
eletrochoque apendicites e etc
e o petit déjeuner de cerveja e conhaque
eh meu pai nosso que estais comigo
como nos domingos curitibanos de missa feijoada e zoológico
das cervejas no Caneca de Sangue
dois perdidos em Jacarezinho depois de goles de Ipanema
as noites nos botecos da baixada fluminense
e aquele insólito estilo de dividir a grana:
fregueses dos botecos saindo sorrateiros atrás de fregueses do boteco
e voltando sorridentes a contar o dinheiro dos fregueses do boteco:
a grana de mão em mão até à gaveta do balcão
onde descansaria até ser coletada sob mira do treizoitão
e outro balcão outro freguês outras mãos outras...
do baixo dos meus 20 anos olhava pra ti
e ouvia teu já conhecido mote, desde Curitiba
- onde tem gente vai gente
e lá íamos outra vez pra dentro da noite
cruel moedora de hipócritas e frouxos
bundas-moles rejeitados até pelo ralo da vida
a se perguntarem o quê fazer na superfície
além de bancarem os prazeres sadomasô de farmacêuticos
advogados cardiologistas psyco-gurus
e outras espécies de geriaputas
eh meu pai nosso que estais comigo
te vejo correndo atrás do Gentil homem
que atirou em meu primeiro amigo Suíço
protagonista da primeira cena de cinema
que ainda habita minhas retinas por quase meio século;
tu quixoterói canivete na mão rua abaixo
no encalço de Gentil e seu 38 que lhe pedia:
- não vem Leite, não vem!
e Mareca correndo e gritando e caindo na poeira sobre um Tião ainda em seu ventre
e tudo na hora do almoço
e eu tinha 4
e por esta e outras cenas do mesmo naipe
hoje ultrapasso os 400
eh meu pai nosso que estais comigo
e com teus filhos por sangue ou escolha e amigos
que dionisiacamente te saudaram noite adentro
rindo de suas/nossas histórias
sorrisos porque não mereces choro
nem a hipocrisia do respeito
que respeito é a súplica dos fracos
eh meu pai nosso que estais comigo
cavalgando alta mula de arreios tilintantes
cruzastes o Suassuí-Poca
este nosso Hades
reza de Vó Rosa a abrir porteiras
e no pa-ca-tá pa-ca-tá das patas levantando a terra vermelha
tua alegria a se fundir com o horizonte
eh meu pai nosso que estais
vivo é o vosso sumo
lagoa, 28/11/06
não fico zangado não
pois sei que quando eu morrer
meu corpo irá para o chão
se transformar em poeira
poeira vermelha
poeira do meu sertão
(que ouvi com Cascatinha e Inhana lá pelos meus seis carnavais)]
eh meu pai nosso que estais comigo
santificado seja o nosso rumo
caminhas por onde estou
como eu danças no bojo do vento que brinca nesta beiramar
onde mulheres bonitas
- ah como tu irias gostar de vê-las!
cheirosas balançando suas nádegas
prestes a romper justas malhas coloridas
e ofuscar o sol
maravilhar o sol
beiramar continuação
embora aparentemente distante
da morada da tua ex-carne
aparente porque quando olho tu olhas
sentes a escuma da cerveja que bebo
e te escuto a bronquear por minha barba
e meu cabelo comprido que este nosso vento bagunça
e aquela do jogo de futebol entre cabelo ruim e cabelo bom? hein?
sabes que riem quando esta tua nossa história
e outra vez desobedeço
filho do Leite que sou
e se fosse diferente terias vergonha de mim
como teve em Pedregulho
enquanto me gritavas teu orgulho
- na nossa família tem criminoso; ladrão, não!
eh meu pai nosso que estais comigo
quando passo/passa por mim uma bela mulher
solteira casada tanto faz
e me lembro do quanto demorei para perceber
o porquê daquele teu sorrir safado
quando tocava a ponta do nariz com a língua
continuas vivo
nos chanfros onde derramastes tua solda
dos cafundós das Geraes aos cafundós da África
da Rua dos Cachorros ao Brega de Candeias
eh meu pai nosso que estais comigo
rei dos cavalos bravios de Peçanha
criado a samambaia e angu
desafiando as leis protéicas e vitamínicas
em tuas mortes não morridas
tuberculoses maleitas costelas quebradas
eletrochoque apendicites e etc
e o petit déjeuner de cerveja e conhaque
eh meu pai nosso que estais comigo
como nos domingos curitibanos de missa feijoada e zoológico
das cervejas no Caneca de Sangue
dois perdidos em Jacarezinho depois de goles de Ipanema
as noites nos botecos da baixada fluminense
e aquele insólito estilo de dividir a grana:
fregueses dos botecos saindo sorrateiros atrás de fregueses do boteco
e voltando sorridentes a contar o dinheiro dos fregueses do boteco:
a grana de mão em mão até à gaveta do balcão
onde descansaria até ser coletada sob mira do treizoitão
e outro balcão outro freguês outras mãos outras...
do baixo dos meus 20 anos olhava pra ti
e ouvia teu já conhecido mote, desde Curitiba
- onde tem gente vai gente
e lá íamos outra vez pra dentro da noite
cruel moedora de hipócritas e frouxos
bundas-moles rejeitados até pelo ralo da vida
a se perguntarem o quê fazer na superfície
além de bancarem os prazeres sadomasô de farmacêuticos
advogados cardiologistas psyco-gurus
e outras espécies de geriaputas
eh meu pai nosso que estais comigo
te vejo correndo atrás do Gentil homem
que atirou em meu primeiro amigo Suíço
protagonista da primeira cena de cinema
que ainda habita minhas retinas por quase meio século;
tu quixoterói canivete na mão rua abaixo
no encalço de Gentil e seu 38 que lhe pedia:
- não vem Leite, não vem!
e Mareca correndo e gritando e caindo na poeira sobre um Tião ainda em seu ventre
e tudo na hora do almoço
e eu tinha 4
e por esta e outras cenas do mesmo naipe
hoje ultrapasso os 400
eh meu pai nosso que estais comigo
e com teus filhos por sangue ou escolha e amigos
que dionisiacamente te saudaram noite adentro
rindo de suas/nossas histórias
sorrisos porque não mereces choro
nem a hipocrisia do respeito
que respeito é a súplica dos fracos
eh meu pai nosso que estais comigo
cavalgando alta mula de arreios tilintantes
cruzastes o Suassuí-Poca
este nosso Hades
reza de Vó Rosa a abrir porteiras
e no pa-ca-tá pa-ca-tá das patas levantando a terra vermelha
tua alegria a se fundir com o horizonte
eh meu pai nosso que estais
vivo é o vosso sumo
lagoa, 28/11/06
06 dezembro, 2006
HEY YOU, GET OFF OF MY CLOUD! *
puro rock’n’roll
homem aranha
simbólico, of course
não sou idiota a ponto de bancar o herói
nem acredito em final feliz
se é final, não pode ser feliz
curto o caminhar pelo arco-íris
pote?
se houver, charfudo nele
ouro?
meto bronca; sei onde melhor é a cerva
bicho de goiaba, goiaba é
o caminho é a própria meta: o caminhar
não sou, estou
à deriva, como tudo
como tudo!
à beira-mar
esta Beiramar é só um ex-mar
um tanto de ar roubado ao mar
mujeres da Beiramar, sirenas
[corte pro homem aranha 2 (o filme)]
HOMEM ARANHA
- I’m back!
A teia acaba no exato momento que o script decreta: em pleno salto.
HOMEM ARANHA
- My back!
De novo, a poça de lama.
é rap na veia
- e aí, malandraaagem?
mano santista Brown
- ratatatááá filédaputaaa!
fodam-se os lerdos e os inocentes e os ingênuos
gasolina dos afufs da vida
sigo
coisa alguma da coisa toda
like Hurricane Smith
vou lá pra dentro de mim sem sair daqui de fora
a alegria é uma ofensa à cultura cristã
em vida, é claro!
pois, post-mortem, só há glória
ou ranger de dentes, conforme a opção na vida
e o divino livre arbítrio:
- faz o que mando ou te fodo
a opção pelo culto à dor como possibilidade de gozo
eia Thoreau, meu parceiro de delírio
preso, pena e papel a endoidecer a canalha dominante
constantemente abastecida pela maioria cordeira
em ordem unida no seu ódio às ovelhas negras
cago e ando
depressa pra não fazer monte nem juntar mosquito
sigo
(trans)portador dos porcos & galinhas &, peixes &, vacas
& couves & goles & sorrisos & lágrimas
& porradas & trepadas que me compõem
e dispõem-me no mundo em mim
mim que é o mundo que há em ti que é o que há em tudo
sigo
mais um cão no trenó do Amundsen rumo ao pólo
nunca saber se é hora do almoço
ou se sou o almoço
avançar é o que importa
e chegar lá e passar de lá
movimento sempre
por fora ou por dentro do bucho
junto sempre
e se algum cão na bandeirinha cravada no marco do pólo uma mijada der
minha a mijada é
também
sempre
lagoa, 28/11/06
* de uma singela canção stoneana.
homem aranha
simbólico, of course
não sou idiota a ponto de bancar o herói
nem acredito em final feliz
se é final, não pode ser feliz
curto o caminhar pelo arco-íris
pote?
se houver, charfudo nele
ouro?
meto bronca; sei onde melhor é a cerva
bicho de goiaba, goiaba é
o caminho é a própria meta: o caminhar
não sou, estou
à deriva, como tudo
como tudo!
à beira-mar
esta Beiramar é só um ex-mar
um tanto de ar roubado ao mar
mujeres da Beiramar, sirenas
[corte pro homem aranha 2 (o filme)]
HOMEM ARANHA
- I’m back!
A teia acaba no exato momento que o script decreta: em pleno salto.
HOMEM ARANHA
- My back!
De novo, a poça de lama.
é rap na veia
- e aí, malandraaagem?
mano santista Brown
- ratatatááá filédaputaaa!
fodam-se os lerdos e os inocentes e os ingênuos
gasolina dos afufs da vida
sigo
coisa alguma da coisa toda
like Hurricane Smith
vou lá pra dentro de mim sem sair daqui de fora
a alegria é uma ofensa à cultura cristã
em vida, é claro!
pois, post-mortem, só há glória
ou ranger de dentes, conforme a opção na vida
e o divino livre arbítrio:
- faz o que mando ou te fodo
a opção pelo culto à dor como possibilidade de gozo
eia Thoreau, meu parceiro de delírio
preso, pena e papel a endoidecer a canalha dominante
constantemente abastecida pela maioria cordeira
em ordem unida no seu ódio às ovelhas negras
cago e ando
depressa pra não fazer monte nem juntar mosquito
sigo
(trans)portador dos porcos & galinhas &, peixes &, vacas
& couves & goles & sorrisos & lágrimas
& porradas & trepadas que me compõem
e dispõem-me no mundo em mim
mim que é o mundo que há em ti que é o que há em tudo
sigo
mais um cão no trenó do Amundsen rumo ao pólo
nunca saber se é hora do almoço
ou se sou o almoço
avançar é o que importa
e chegar lá e passar de lá
movimento sempre
por fora ou por dentro do bucho
junto sempre
e se algum cão na bandeirinha cravada no marco do pólo uma mijada der
minha a mijada é
também
sempre
lagoa, 28/11/06
* de uma singela canção stoneana.
Assinar:
Postagens (Atom)