12 julho, 2010

CÓDIGO BESTIAL*

Há, no mínimo, duas questões interessantes neste atual projeto de código florestal brasileiro:
1 – por que um país, para progredir, precisa ir na contra-mão do que é considerado moderno e, principalmente, imprescindível às gerações atuais (as futuras terão suas oportunidades de luta)?
2 – como é possível, salvo engano ou má fé, que alguém acostumado às lides do campo – pecuária ou agricultura, não saiba da importância da mata ciliar para a preservação de cursos d’água e, por extensão, da própria água?
Tomemos o caso de SANTA CATARINA que conseguiu aprovar um código ambiental inconstitucional e danoso à qualidade de vida dos catarinenses. Talvez seja o estado mais frágil na relação com os fenômenos climáticos: conforme a região, sofre com seca, chuvas e/ou ventania. Ou seja, dificilmente não está em situação de risco.
Durante o período chuvoso de 2008, entre inúmeras perdas humanas e materiais, tivemos a paralisação das atividades do PORTO DE ITAJAÍ. O aumento do volume de água no Rio Itajaí Açu destruiu instalações fundamentais ao seu funcionamento. O rio também teve seu processo de assoreamento intensificado, o que reduziu sua capacidade de receber navios de grande calado. Ora, as pessoas envolvidas na administração do porto, assim como seus usuários sabem que a qualidade do rio é fundamental para a operação do mesmo. Não é necessário grande esforço intelectual para compreender que tudo o que acontece à bacia hidrográfica reflete no porto. Então, que tal incentivar o proprietário rural, independente do tamanho da sua posse, a preservar as margens dos cursos d’água e nascentes e a fazer a sua recomposição recompensando-o por isto?
Se a preocupação do COMUNALDO é não inviabilizar as pequenas propriedades, por que é tão difícil que ele compreenda que a existência das matas ciliares, além de melhorar a vida de quem habita ou trabalha rio-abaixo, ainda evita que a área da sua propriedade diminua com o desbarranqueamento que causa o assoreamento que prejudica o abastecimento das cidades e complica o porto?
Aliás, o Porto de Itajaí, sabedor que serviços de dragagem implicam em milhões de reais não se preocupa como o ASSOREAMENTO do Rio Itajaí -Açu?
O CÓDIGO FLORESTAL importante para todos, não apenas para alguns setores, como defendem COMUNALDO REBELO e seus colegas.

Ps. 1 - * que as bestas me perdoem pela comparação ambientalmente incorreta;
Ps. 2 - saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas)

2 comentários:

Beto Laranjeira disse...

Infelizmente a maioria daqueles que se dizem defensores da terra há muito tempo já perderam o contato com a mesma. A maioria já não faz idéia do peso da enxada, sabem o que assistem pela TV. Até esses movimentos que lutam pela reforma agrária tem na maioria uma nova geração nascida nos movimentos e que jamais cultivaram coisa nenhuma. Tudo no Brasil gira em torno dos interesses financeiros de meia dúzia, que com seu dinheiro mantém velhas sanguessugas e suas herdeiras numa ciranda de faz de conta entre situação e oposição, esquerda e direita. Só educação pode mudar está desgraça social. DEQUE ADIANTA LEIS SE O POVO NÃO SABE O PORQUÊ DAS LEIS?Pra que legislar onde só se cumprem as leis para não ser multado ou preso?Um povo educado tem consciência que sua vida depende do equilíbrio ecológico e protege a natureza por sobrevivência e não por medo das leis. Os índios faziam isto muito bem. Parabéns pelo texto e obrigado pelo espaço.
Um forte abraço
Roberto Laranjeira

Toni Gumauskas disse...

O grande problema é quando se esquece do bem comum,em favor do individual.
Um bom exemplo é a senadora Kátia Abreu(DEM-TO).Ela afirmou que os produtores rurais continuarão insistindo na autonomia dos Estados para decidir sobre Áreas de Proteção Permanente(APPs)nas margens de rios e córregos.
Valdir Colatto(PMDB-SC)apresentou na noite de 03/06/2010, quase ao final da sessão ordinária,o projeto de lei que cria o Código Ambiental Brasileiro e estabelece uma nova Política Nacional de Meio Ambiente.
A proposta, protocolada com 45 assinaturas de deputados que apoiam o projeto, pretende revogar o atual Código Florestal.
A principal mudança prevista no projeto é dar autonomia aos estados para que eles estabeleçam leis ambientais específicas. Os ruralistas querem estender a experiência com a criação do Código Ambiental Catarinense para os demais estados. O código de Santa Catarina, no entanto, está sendo contestado tanto na Justiça do estado, quanto no Supremo Tribunal Federal (STF).
Dessa forma,a sociedade permanece à mercê das respostas da natureza às agressões sofridas.E os representantes que foram eleitos para defender os interesses da sociedade,acabam apenas defendendo um pequeno grupo.
Então que recebam apenas votos desse pequeno grupo!
Parabéns pela matéria e pelo blog!