14 julho, 2015

FALTOU SAL NÃO, CUMPADI



Comentário que fiz à crítica de JOSÉ GERALDO COUTO sobre o documentário O SAL DATERRA, de WIM WENDERS e JULIANO RIBEIRO SALGADO:

Cumpadi,
Assisti
O Sal Da Terra, ao lado de minha esposa que, em certo sentido, concorda contigo que Sebastião apresenta cenas da tragédia humana sem propor soluções.
Discordando, entendo este trabalho de SEBASTIÃO SALGADO como uma espécie de diagnóstico. Como um profissional de análises clínicas que identifica a quantas anda o colesterol de um paciente, contribuindo para que o médico, que tem a competência para tanto, melhor possa elaborar e propor tratamento para o problema. No caso das tragédias apresentadas em suas fotos, entendo que cumpre à Sociedade o papel de trabalhar para, ao menos, reduzi-las. Porém, a Sociedade, como alguns médicos, enxerga nelas pouco mais que possibilidades de faturamento.
Em relação ao REFLORESTAMENTO que Sebastião promove nas terras que pertenceram aos seus pais, por ter nascido naquelas bandas, vejo como um avanço além do diagnóstico, como uma ação de solução do problema identificado, num ponto em que ele tinha/tem competência para tanto. Em 1976, quando circulei com meu Tio Dó pelas carvoarias da região de Governador Valadares, cheguei a ver filho de fazendeiro que saiu da terra para estudar Agronomia e, depois de formado, voltou para gerenciar fornos na própria terra, ao invés de substitui-los por canteiros. Nunca me esqueci disso e desejo bastante que algum desses pródigos filhos de fazendeiros das Geraes assistam ao documentário e consigam acreditar que é possível salgar a Terra de outra forma.


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