Palavras brincantes, nem sempre sisudas. Às vezes, sim. Normalmente, não. No fundo, e no raso, não passa de meu playground. Como playground não é para ser curtido sozinho, todos estão intimados. Um detalhe: este blog não faz a menor questão do novo trambique ortográfico.
Será possível imaginar onde teria chegado
GIORDANO BRUNO caso tivesse escapado à sanha obscurantista de sacerdotes e,
principalmente, seus seguidores? Este PROCESSO POR PERSEGUIÇÃO IDEOLÓGICA
envolvendo uma mestranda e sua orientadora dá-me a impressão de que a
Humanidade ainda se encontra submetida a muitas das práticas que sustentaram a
Inquisição.
O dito processo me lembra de um fato
ocorrido quando eu tentava ser aluno de História no glorioso IFCH dos anos 80.
Havia um aluno que vinha de São Paulo para assistir aulas de algumas das
disciplinas. O rapaz era professor num colégio em São Paulo. Certo dia, depois
da aula, comentei com ele sobre Perguntas de Um Trabalhador que Lê, poema de BERTOLT BRECHT no qual o dramaturgo
trata do que resta ao operário do fruto do seu trabalho. Como ele se interessou,
emprestei-lhe o livro que incluía o poema.
Na semana seguinte, ele me devolveu o livro
e, chateado, contou-me que apresentou o poema aos seus alunos. Pensava, como
sói acontecer aos professores por vocação que estaria contribuindo para
formação de futuros cidadãos conscientes de sua condição no Mundo. Ledo – e Ivo
– engano. Segundo ele, uma das alunas, que professava uma religião dada ao
reacionarismo, ficou indignada com a propaganda subversiva que enxergava no
poema e o denunciou à diretora. A executiva não teve dúvidas: mandou que ele e,
principalmente, o poema sumissem de seu imaculado colégio: demitiu-o sem
pestanejar. Que fosse comunistar em outra freguesia!
De bom, ficou-me mais clara a certeza do
poder da Arte. Poder nem sempre aplicado pelos artistas nas suas relações com a
Sociedade.
Nas vozes de outras crianças, olhai o que pode
um singelo poema:
Ps.: saiba mais
clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).
Por ocasião de um show de Chuck
Berry em São Paulo, meu irmão Chulipa, o gaiteiro-mor de Cosmópolis, convidou-me
pra ir. Juntamente com Edão, Degan, Junião e Vascão, entre outros, já havíamos
curtido vários shows de rock e de blues. É impossível esquecer nossa ida ao festival
de blues em Ribeirão Preto, o primeiro que rolou no Brasil: Buddy Guy, Junior
Wells, Magic Slim e por aí afora. Aliás, até minha ida pra Ribeirão foi blusística:
de trem, com uma garota de Chicago e uma garrafa de whisky de cincão.
Pois, bem. Pra variar, eu estava com a
quaiaca desprevenida e não pude ir ao show de Chuck. Quando nos encontramos no
dia seguinte, Chulipa me deu a maior bronca porque eu não havia ido. Ouvi esta
bronca por muitos anos, toda vez que alguém tocava no nome do legítimo Rei do
Rock ‘n’ Roll. E não adiantava eu dizer que fiquei agoniado por não dispor dos
necessários caraminguás ao ingresso. Porém, como se diz nas Geraes, antes
pingar do que secar. Voo como posso:
Tenho certeza de que meu irmão Chulipa já
estava na fila, com seu colete preto, prontinho para curtir o primeiro show de
Berry nos palcos de lá. Enquanto aguardava, deve ter trocado altas ideias com
os guitarmen da fila: Roy Buchanan e Hendrix, entre outros.
Let the good times roll!
Ps.1 – Como não tenho muita paciência com rock-barulho, permaneço ao lado de Chuck: ele tinha mais é que ter negado este autógrafo: