30 março, 2017

NA FALTA DE LIVROS, QUEIMAM-SE PROFESSORES.


Será possível imaginar onde teria chegado GIORDANO BRUNO caso tivesse escapado à sanha obscurantista de sacerdotes e, principalmente, seus seguidores? Este PROCESSO POR PERSEGUIÇÃO IDEOLÓGICA envolvendo uma mestranda e sua orientadora dá-me a impressão de que a Humanidade ainda se encontra submetida a muitas das práticas que sustentaram a Inquisição.
O dito processo me lembra de um fato ocorrido quando eu tentava ser aluno de História no glorioso IFCH dos anos 80. Havia um aluno que vinha de São Paulo para assistir aulas de algumas das disciplinas. O rapaz era professor num colégio em São Paulo. Certo dia, depois da aula, comentei com ele sobre Perguntas de Um Trabalhador que Lê, poema de BERTOLT BRECHT no qual o dramaturgo trata do que resta ao operário do fruto do seu trabalho. Como ele se interessou, emprestei-lhe o livro que incluía o poema.
Na semana seguinte, ele me devolveu o livro e, chateado, contou-me que apresentou o poema aos seus alunos. Pensava, como sói acontecer aos professores por vocação que estaria contribuindo para formação de futuros cidadãos conscientes de sua condição no Mundo. Ledo – e Ivo – engano. Segundo ele, uma das alunas, que professava uma religião dada ao reacionarismo, ficou indignada com a propaganda subversiva que enxergava no poema e o denunciou à diretora. A executiva não teve dúvidas: mandou que ele e, principalmente, o poema sumissem de seu imaculado colégio: demitiu-o sem pestanejar. Que fosse comunistar em outra freguesia!
De bom, ficou-me mais clara a certeza do poder da Arte. Poder nem sempre aplicado pelos artistas nas suas relações com a Sociedade.
Nas vozes de outras crianças, olhai o que pode um singelo poema:



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