Sabe, como as outras, que desfruta do mais
belo jardim e que o bondoso
jardineiro jamais deixaria
alguém lhe arrancar
uma pétala sequer.
O canteiro fica em frente à janela da
menina mais romântica da aldeia.
O seu mais profundo desejo é ser levada
para o pequenino vaso de
porcelana branca com
passarinhos azuis e amarelos
posto sobre o criado mudo,
ao lado da cama, cujos lençóis
exalam as mais finas
fragrâncias de colônia
e platônicas paixões
arrebatadoras.
Ah... aquele brilho que suas pupilas irradiavam
quando, ao chegar do colégio,
jogava-se sobre a cama,
abraçada à almofada, em meio
a murmúrios e suspiros profundos.
Tudo o que quer nesta vida é trocara segurança
das mãos do velhinho e os beijos
profissionais das abelhas e borboletas
pelo suave roçar daquela pele aveludada
ou, pelo menos, um simples olhar.
Todas as outras, como soe acontecer, repreendem-na,
meneando suas corolas ao vento, por esta
inconseqüência adolescente de sonhar
em abandonar a terra fértil do canteiro,
o regador infalível, e etc.
No entanto, lá no íntimo, todas sabem que a vida é uma
só.
Ps.: pra ti, Bonita.
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