16 outubro, 2007

BRINCADEIRINHA

A EDUCAÇÃO EM COSMÓPOLIS: acabaram-se os burros?

Ainda outro dia, quando estava apreciando mais uma atuação do meu glorioso Mancha F. C., um amigo disse-me que nem todos iriam entender
O artigo que escrevi sobre o fim do Cine Avenida. Respondi-lhe, talvez até de maneira deselegante, que eu havia estudado no GEPAN e que ele ainda funcionava no mesmo lugar. Minha intenção era dizer-lhe que o pouco que sei devo, principalmente, à escola pública e que o GEPAN, assim como as outras escolas do Município, continua com suas portas abertas.
Hoje, pensando no que disse, assaltaram-me algumas dúvidas: a quantas andará o meu também glorioso GEPAN? Como são seus mestres? Como são seus atuais formandos e formados?
Estamos presenciando, atualmente, mais um movimento do magistério público por melhores salários. Como sempre, o Estado jura que está preocupadíssimo com a situação do ensino público, mas não tem recursos. Como sempre, apenas uns poucos professores apresentam-se para a luta. Como sempre, os alunos só se preocupam se terão que repor aulas. Como sempre, a Sociedade se divide entre quem consegue manter o filho na escola privada, quem sonha com esta possibilidade e quem ainda tenta, desesperadamente, manter o filho, ao menos, na escola pública. Os “políticos”? Bem, estes são profissionais; não dão ponto sem nó. Na verdade, pouquíssimas pessoas estão preocupadas com os objetivos do tipo de educação que a rede pública tem oferecido.
Tenho ouvido muitos afirmarem que está havendo um desmantelamento do sistema educacional, que o Estado abandonou o ensino público. Ledo engano. Aqueles que ocupam cargos onde as decisões são tomadas, assim como aqueles que dão sustentação política, social e financeira a estes ocupantes de cargos têm objetivos claros: não querem dividir o reinado e, muito menos, largar o osso. Sabem qual é o tipo de estudante, professor, operário ou família que desejam. Enfim, sabem qual é o tipo de sociedade que permitirá que continuem nadando de braçada neste mar de lama que o país tem sido há 495 anos.
Comparada à maioria das cidades brasileiras Cosmópolis possui uma considerável estrutura de ensino de 1º e 2º graus e, além disso, está construindo uma unidade educacional que se pretende seja inovadora. Talvez estejamos vivendo o momento de iniciarmos um debate em busca de propostas adequadas às nossas potencialidades e necessidades. Pode ser que consigamos ir além da tradicional choradeira às vésperas de datas-base e vestibulares. Para sairmos desta pasmaceira intelectual é preciso que os estabelecimentos de ensino entreguem à sociedade algo além de futuros desempregados tecnicamente qualificados.
Bem sei que vão dizer que só critico, que, para mim, nada está bem. Então, fica aqui uma sugestão: que tal todos os interessados na questão, que eu sei são pouquíssimos, mobilizarem-se para a realização de, por exemplo, um SEMINNÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO aberto a toda a sociedade cosmopolense?
Felizmente, há um saldo ecológico na situação: dificilmente um professor tem se sentido apto a chamar um aluno de burro, o que poupa a fauna de comparações pouco louváveis.
Com a palavra, os interessados. Ou os incomodados.

Shasça, 18/04/95


Ps 1: este artigo foi publicado num jornal de Cosmópolis – SP e GEPAN é o colégio onde estudei e tomei gosto por rabiscar minhas brincadeiras. Foi publicado no Jornal de Cosmópolis, em 22/04/1995.
Ps 2: apesar da magistérica efeméride comemorada no 15 de outubro de todo ano, a publicação do artigo não tem a intenção de homenagear aos homenageados do dia. Mesmo porque, muita coisa deve ter mudado de 1995 pra cá. Muita água passou debaixo da ponte do Pirapitingüi. Né mesmo?

Um comentário:

Anônimo disse...

Vejam vcs, parece que cinema e Cosmopolis realmente nunca se entenderam, recentemente perdemos tambem o cine plaza, alguem se lembra quantos anos ficamos sem cinema desde o fim do cine avenida e a chegada do plaza? E agora? Ate o proximo cinema, talvez uns 20 anos!!!