Como faz bom tempo que não acontece aqui, segue um poeminha suave.
manhã tranqüila como qualquer outra
pracinha
mais precisamente banco da pracinha
dona crosemira
senhora ciosa dos seus deveres para com a comunidade
atravessa a manhã fria
apressada rumo ao prédio da liga das senhoras do bairro
ao ver o pimpolho
adormecido naquele banco abandonado
dona crosemira detém-se
toca-lhe o ombro suavemente
temendo assustá-lo
seu coração estremece
ante aquele olhar azulim feito o do jesus menino
(quem sabe era ele mesmo
querendo dela uma prova de amor)
- onde moras tens fome como tua mãe pode deixar-te assim
vem, dar-te-ei uma blusinha que já não serve mais em meu filhinho...
rápida e seca como a sinceridade
a resposta vem
no peito pleno de amor
cravado um canivete
- por que justo com ela
perguntam-se estupefatos os eternos passantes
já longe
corrente e medalhinha balançando nos dedos de sangue
os homens de novo pensam em linchamento
e repensam
como matar quem já nasceu morto
{8¬)
Um comentário:
dá-lhe poetinha!
e se amigo pode dar pitaco no poema: eu mudaria o nome de dona crosemira. não parece muito verdadeiro e natural... ah! também tiraria mesóclise e segunda pessoa da boca da dona... (pra aumentar a autenticidade)
- no mais é tudo verdadeiro e natural como a fome...
- ô shasça... morreu nosso amigo julio, você lembra? tempos de unicamp, ele era professor de literatura em sampa, só 39 aninhos... estou amargando esse lance de enterrar amigo...
- deu saudade de todos os outros...
grande abraço
fernando
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