02 abril, 2011

TODOS TEMOS O PÉ NA COZINHA?




Uma das principais razões que me fizeram abandonar o curso de Ciências Sociais/História na Unicamp foi a sensação de que nada há de mais distante da Humanidade que um curso de Humanas. Óbvio que tive bons professores e colegas de classe. Talvez até continuasse até o fim do curso se não fosse a minha sensação de ser uma cobaia manipulando o bisturi sobre mim mesmo.
Veja a satisfação bovina que a entrevistadora experimenta ao encontrar a ingênua, para dizer o mínimo, cientista política que é apresentada como uma especialista nas questões dos afro-brasileiros; Será uma africanist?
ROSA DINIZ inicia a entrevista perguntando como é que era a logística de trazer o negro pra ser escravo em outros países. JULIANA SOUZA responde que o processo de escravização surgiu da necessidade de aumentar a fé cristã.
Que coisa linda!
Juro que não sabia que a expressão TRÁFICO NEGREIRO havia sido eufemismada para o tucanês LOGÍSTICA e menos ainda sabia que a escravidão surgiu da junção das CRUZADAS com a INQUISIÇÃO. Negro de boa índole não é mole: está sempre quebrando o galho do senhor de engenho. Independente de qual seja a engenhoca.
Os morenos brasileiros contrários às COTAS, de alma branca e barriga cheia, estão aí para ilustrar. Os beneficiários do regime educacional excludente que, aos poucos, deixa de existir no Brasil adoram citá-los como prova de que é possível chegar lá pelo próprio esforço numa tentativa de transformar a exceção em regra. É como aquele velho papo dos donos dos rios: “não dê o peixe; ensine a pescar”. E, enquanto ensinam, colocam mais arame farpado na cerca.
Alguns, ainda que de pele negra, talvez tenham o pé na feitoria.


Ps. 1 - saiba mais clicando nos HYPERLINKS (palavras realçadas).
Ps. 2 - pode ser interessante comparar o vídeo da entrevista com que apresenta uma opinião diferente sobre a escravidão.

10 comentários:

Anônimo disse...

Sinceramente não entendi foi é nada nunca me aprofundei na história negra, mas o pouco que eu li contaram diferente.Cruzadas misturada com escavidão....pelo que sei a luta era completamente outra. Laurafg

Luís Abrianos disse...

Pois é, acabo de conhecer mais uma versão da escravatura. Independente de ter uma ou outra versão, escravidão é uma mancha que jamais será excluída da ética e moral da humanidade. Hoje, ainda somos escravizados pela opressão, miséria, por não assistencialismo por parte dos governates(aqueles em quem depositamos a esperança de melhorias), escravizados pela falta de condições de saúde, entre outros. Um dia seremos alforriados, assim espero.
Quanto a entrevista, me parece que a convidada entrou na arena para lutar contra a apresentadora Leoa. Tive a nítida impressão de deboche por parte da apresentadora. É ainda o reflexo da discriminação racial.
Espero estar errado no meu julgamento.

Luiz Valério disse...

Tem umas incoerências no posicionamento de alguns "cientistas sociais", assim como no de profissionais de imprensa. Alguns são capazes de dar nó em pingo d'água e querer transformar o errado em certo e o certo em errado. As teorias e a História às vezes são adaptadas ao gosto do freguês.

fernando pires disse...

Cruzadas, Inquisição, Igreja Católica e Vaticano, nunca fizeram bem pra ninguem, pois sempre pensaram na sua própria barriga, escondendo até hoje do povo a verdade, deturpando inclusive a própria Biblia ,produzindo Idolatria para distrair a galera.Podem sim terem tido participação nesta grande mancha Social, que foi a escravidão.
Esses caras acabaram com a cultura indígena Brasileira, participaram dos saques de ouro e de toda uma cultura Asteca/Inca no Peru e Mexico.Acredito que existam muitas pessoas rascistas, mas não acredito que um Negro possa ser impedido de vencer por conta disto.
Estudar até se formar, acordar cedo, não ter vícios, e ter um bom caráter, certamente trará vitórias e sucesso tanto para brancos como para negros.

Unknown disse...

Esse é um tema sempre discutido e com versões e análises totalmente contrárias. O que importa, de fato, é não passarmos mais alguns séculos
debatendo sem chegar a uma definição que agrade a todos.
Vamos, sim, procurar crescer através do conhecimento, para descobrir o que, de fato, poderá erradicar de vez essa praga chamada preconceito.
Sim , mais uma vez é apresentada uma versão para a tal pergunta. Temos pé na cozinha? SIM, temos.

André Barcelos disse...

A entrevista, apesar de trazer um pto interessante, de fato foi inapropriada. Durante muito tempo fui um militante que não acreditava nas cotas, mas depois de presenciar algumas cenas tive que substituir o meu pensamento caucasiano-socialista por uma linha mais próxima a realidade vivida por grande parte da nossa sociedade. Mas confesso que, esperançoso que sou, acredito que um dia será possível não precisar-mos de cotas de qualquer espécie.

Unknown disse...

Cara que absurdo! De onde esta "especialista" tirou estas pérolas da escravidão movida por cruzadas e inquisição? E os mercadores muçulmanos, onde entram nisso? Enquanto "especialista afro", dizer que "não temos quase nada de portugueses", que nossa sociedade é mais africana? Toda nossa música é afro brasileira? A única religião brasileira é o candomblé (religião que teve origem na cidade de Ifè, na África, e foi trazida para o Brasil pelos negros Iorubas)? Quem formou esta pessoa? Se ela neste nível de elaborações pretende representar os interesses dos negros vai arrumar muito, mas muito problema.
Sobre as cotas, não gosto de discutir. Acho que se deve investir na educação básica e PONTO.
O mundo acadêmico é proselitista. Muita teoria e produção intelectual para o deleite masturbatório de acadêmicos. Pouca, mas pouquíssima transformação social.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Shasça disse...
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Shasça disse...

Já que toquei no assunto, minha opinião sobre sistema de cotas está na seguinte postagem: http://shasca.blogspot.com/2008/11/contra-as-cotas.html
Brigadim a todos pela participação.
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