Por que o funcionário público é atendido através de convênios de saúde?
Observando recente movimentação em torno da renovação do convênio médico que o Governo de Santa Catarina, a exemplo de outros governos estaduais, municipais e o federal, oferece ao funcionalismo do Estado, voltaram-me à mente algumas perguntas: por que funcionários públicos – inclusive aqueles que trabalham em órgãos prestadores de serviços de Saúde Pública – não merecem ser atendidos nas mesmas unidades e pelos mesmos profissionais que atendem a maioria da população? como é possível que a qualidade do serviço que o poder público nos oferece não seja adequada às necessidades dos seus funcionários? será que a maioria da população é menos vulnerável que os funcionários públicos a problemas de saúde e, por isto, não precisa da tão propalada melhor qualidade da rede privada?
Antes de possível apedrejamento em hasta pública, deixo claro não desejar que funcionários públicos engrossem as fileiras de macas nos corredores de hospitais superlotados ou que amarguem meses em filas de espera. Até porque iria complicar ainda mais o atendimento aos comuns. Quero mais é que todos desfrutemos do melhor sistema de Saúde Pública que nossos impostos possam pagar. Também não defendo que prestadoras de serviços privados de saúde fechem suas portas e guichês. Elas constituiriam alternativas àqueles que querem tratamentos mais sofisticados, cirurgias opcionais, quartos de luxo ou rearranjos estéticos, por exemplo. Isto seria positivo para seus profissionais, pois poderiam cobrar o que julgam justo, sem pedir aditivos por fora aos conveniados.
A proposta é outra: acredito que todos ganharíamos se os servidores públicos, através de suas entidades representativas, pleiteassem (não apenas nos discursos das campanhas salariais) melhorias na qualidade do serviço público de saúde, acompanhando o atendimento e fiscalizando os procedimentos também como potenciais pacientes. Por trabalharem diretamente na Saúde Pública têm muito mais conhecimento e condições de cobrar tais melhorias junto aos governantes. O cirurgião que for atendido pela rede pública exigirá – e providenciará – presteza no agendamento de exames e realização de cirurgias porque saberá que o próximo paciente da empresa em que trabalha poderá ser tanto um estranho quanto um parente seu. O ocupante do guichê de informações procurará informar-se sobre como funciona a unidade onde trabalha, suas qualidades e suas carências, pois a próxima pessoa naquela longa fila à sua frente poderá ser tanto seu filho quanto um simples contribuinte. E aqui cabe uma constatação: somos todos contribuintes, embora nem todos sejam simples: alguns poucos de nós conseguem receber de volta consideráveis parcelas do conjunto das contribuições que nos são impostas. Às vezes, até recebe com dividendos e subtraendos.
Embora pareça o contrário, se o funcionário público também pudesse ser atendido na rede pública só teria a ganhar, pois seria duplamente beneficiado: desfrutaria de serviços de saúde de boa qualidade e ainda teria seu salário acrescido do valor da sua mensalidade que lhe é recolhida na fonte para pagar o convênio. Porque, na prática, quem paga o convênio integralmente, ainda que pareça um benefício, é o empregado. Na planilha de custos, toda empresa coloca os custo de convênios na coluna dos encargos sociais.
Claro está que nós, reles contribuintes, também teríamos vantagens com esta revolucionária mudança. Veja a reportagem do DIÁRIO CATARINENSE de 15/01/2011:
"Governo de Santa Catarina estuda mudança no plano de saúde dos funcionários públicos
Hoje, benefício representa um gasto de R$ 16,35 milhões do Estado"
Caro leitor, como é fácil perceber, estes milhões poderiam ser canalizados para a Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina.
Considerando que é gasto pela União, juntamente com outros estados e municípios que também oferecem convênios de saúde a seus funcionários, consegues imaginar quantos milhões, ou bilhões, poderiam ser investidos na construção de uma rede pública de saúde EFICAZ e EFICIENTE. Teríamos um SUS ainda melhor. Sim, porque, mesmo com suas conhecidas carências, alguns milhões de NORTE-AMERICANOS sentir-se-iam felizes se pudessem contar com atendimento semelhante.
Ps.: saiba muito mais navegando pelos HYPERLINKS (palavras realçadas); ou você sabe qual a diferença entre eficaz e eficiente?
6 comentários:
Está tudo muito bem, mas, por quê não se faz a campanha para nivelar por cima e não por baixo. Sabe o que pode acontecer? Nivelamento por baixo. Tiram o que foi conquistado pelos funcionários públicos e não melhoram as condições dos segurados do SUS.Ademais, trata-se de plano de saúde empresarial com participação financeira do segura, aos moldes do que é feito pelas empresas particulares.
Ítalo Prado
Meu caro shasça, casa de ferreiro, espeto de pau...
Caro Ítalo,
O que seria nivelar por cima nessa situação??
Para o SUS melhorar para todos é preciso arrancar do poder os capitalistas que governam.
O interesse deles é sempre favorecer os negócios dos ricos e não os interesses dos cidadãos.
O servidor público é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo!
Todo apoio ao movimento pela saúde pública!
http://forumpopulardesaude.com.br/site/
O Lula no seu ultimo discurso aqui em Joinville foi bem claro"TEMOS QUE ERRADICAR O DEM DO SUL'"
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