20 março, 2012

UNIVERSIDADE VERSUS MOBILIDADE?

Nos anos 80, tentei ser estudante na UNICAMP. Lembro-me que, quando lá cheguei, os prédios eram emoldurados por belos gramados. Quando saí, muitos destes espaços já haviam se transformado em grandes estacionamentos, repletos de automóveis. Em pouco tempo, já não eram mais suficientes, pois o número de automóveis aumentava em PROGRESSÃO GEOMÉTRICA (na qual q é desembestado), ao contrário da superfície terrestre que, à semelhança da banheira do CHACRINHA, continua do mesmo tamanho. Sem pretender questionar a importância da Unicamp para o desenvolvimento das ciências, quase aposto que parte considerável do campus é, atualmente, ocupada por dormitórios de automóveis. Questão de escolha da comunidade unicampiana, bien sûr.
Hoje, cidadão em FLORIANÓPOLIS e, eventualmente, frequentando a UFSC, tenho acompanhado a discussão sobre um dos GARGALOS que complicam a MOBILIDADE URBANA na Ilha. A atual administração municipal afirma que não pode eliminar o congestionamento entre a UFSC e a Via Expressa Sul sem que seja cedida (à prefeitura) área suficiente para duplicar o trecho da Rua Edu Vieira, lindeiro à Universidade.
Há um intenso
DEBATE, pois a Universidade faz algumas exigências que a administração municipal julga descabidas, a ponto do Vice-Prefeito ameaçar pedir intervenção federal no processo. Uma cidade que se pretende moderna, às vezes, passa por situações como esta.
Agora, pendengas urbanísticas à parte, só estranho o fato de algumas personalidades ilhoas afirmarem que a Universidade está sendo, no mínimo, ingrata (termo meu) para com Florianópolis, pois a área que ocupa lhe foi cedida para sua instalação e tem obrigação de acatar a requisição da administração municipal. Salvo engano, pela primeira vez fico sabendo que uma universidade foi beneficiada com a concessão de área para sua instalação. Sempre acreditei que universidades fossem benéficas aos municípios onde se encontram instaladas. Tenho lido que, por vezes, municípios entram em ferrenhas disputas para ter parte de seu território “invadido” por instituições de ensino. Estou equivocado?!
Perguntinhas (ora, direis: - que blogueiro que gosta de perguntar!):
- Trocar espaço destinado à Educação por ruas ou avenidas é uma atitude moderna?
- Depois de fazer a tal duplicação, se em dois anos o congestionamento retomar seu posto, a UFSC deve ceder mais uma fatia?
- Não há mesmo ALTERNATIVAS para resolver o crucial nó cego em que está se transformando a (i)mobilidade urbana em Florianópolis, assim como acontece na maioria das cidades brasileiras?
Com a palavra, os porventura interessados.


Ps.1 - fontes e muito mais informações nos HYPERLINKS (palavras realçadas).
Ps. 2 - Meu amigo Edinho, grande batera, parece estar morrendo de vergonha.

17 março, 2012

O LIXO É DE QUEM PODE MENOS

Primeiramente, agradeço aos visitantes que contribuíram com seus comentários na postagem anterior. Repetindo: os comentários são a cerejas, mesmo que as postagens não sejam aquele bolo bacana. Recomentando dois, sem reduzir a importância dos outros:
1 - FÁBIO MOSCHETTI, Até onde sei, SC não oferece EDUCAÇÃO AMBIENTAL em suas escolas. Talvez isto aconteça em algumas poucas. Aliás, foi a partir de SC, através do governador anterior, que partiu o movimento pelo CÓDIGO BESTIAL BRASILEIRO (alguns chamam de Florestal), cujo principal objetivo é reduzir as áreas de preservação. Quando vejo, neste momento de seca, os agricultores pleiteando verba pública para construir cisternas e açudes, fico com a impressão que a INDÚSTRIA DA SECA transferiu-se pra cá.
2 - Anônimo (conforme se identificou), a luta para que as empresas recebam de volta suas embalagens é coisa de décadas e, quando começou, quase ninguém botava fé. O que as fábricas de agrotóxicos fazem não é mais que sua obrigação, assim como também é do produtor rural. Tenho certeza de que o mundo ficará bem mais limpo no dia em que todas as embalagens forem devolvidas aos fabricantes, como aconteciam com os vasilhames de cerveja, antigamente.

Voltando ao lixo, que vem a ser as sobras das nossas atividades individuais e coletivas, domésticas e empresariais, ouvi durante um curso sobre gerenciamento de resíduos que a raiz deste problema é a mesma de outros que complicam o viver da maioria: o lucro é quase sempre privatizado e os custos são sempre públicos. Por isto mesmo chamo as sobras de lixo. Resíduos são reinseridos na produção até que apenas restem sobras inaproveitáveis, às quais é preciso dar uma destinação que não cause transtorno àquela minoria que todos conhecemos. É por isto que o lixo, independentemente de sua origem, não é de quem o produz. É de quem, pelas circunstâncias e escolhas da vida, é obrigado a sobreviver ao lado dele, embaixo dele, sobre ele.

Desta maneira, países de primeiro imundo sentem-se colaborando com a economia dos países de menor poder produtivo ao lhes “venderem” as sobras de suas atividades industriais e até hospitalares. E, por incrível que pareça, a população dos países remetentes acreditam que esta é uma forma alternativa de solidariedade ecologicamente correta, pois estão incentivando a reciclagem.

Assim também, as famílias que preenchem suas geladeiras e baixelas com mais alimentos do que comportam seus estômagos sente-se propiciando um adjutório comestível àquelas pessoas de menor poder aquisitivo ao lhes disponibilizar seus restos em coloridos latões de lixo ofertados nas calçadas das ruas bacanas de toda cidade.

Aliás, experimente ver a opinião do blog ATÉ TU sobre as sandálias aí da imagem. É fácil constatar que as garrafas confeccionadas com PET adaptadas para sandálias e as que foram utilizadas na construção do barco resíduos, não lixo. Sabedor disso, quando você esvaziar aquele litrão de refrigerante e atirar a garrafa pela janela do carro, fique em paz com sua consciência: está pavimentando o caminho para o céu dos justos.

O lixo não é de quem produz porque, enquanto está na produção, está matéria prima. Lixo é aquilo que ficava debaixo do MORRO DO BUMBA e você não tem nada a ver com aquil, não é mesmo?


Os.: como sempre, tem muito mais informações nos HYPERLINKS (palavras realçadas). Navegue sem medo.

10 março, 2012

LIXO: DE QUEM É, MESMO ?

Na primeira metade dos anos 90, quando trabalhava no Setor de Meio Ambiente da Prefeitura de COSMÓPOLIS, visitei o ATERRO MANTOVANI, um lixão industrial clandestino (como todos os lixões, industriais ou não, inclusive este aí que você permite na sua cidade) localizado em SANTO ANTÔNIO DE POSSE. Visitei o lixão juntamente com os prefeitos das duas cidades. Circulamos pela área ao lado do proprietário do lixão que, enquanto caminhávamos, nos contava sobre os resíduos que recebera durante mais ou menos 12 anos (até ser embargado pela CETESB).
Chegando próximo de uma mancha de piche que parecia ter acabado de jorrar através da terra vermelha, o proprietário estacou e disse ao prefeito possense:
“- Aqui, tem muito dinheiro. Recebíamos 30 toneladas, todos os dias! Já pensou o quanto isto significa termos de imposto para S. A. de Posse?”
Fiz uma conta rápida para entender este tal “significado”: 30 x 30 x 12 x 12 = 129.600 toneladas! E isto não é tudo: ele recebeu resíduos industriais de várias cidades e, muito provavelmente, do exterior, via PORTO DE SANTOS. Torci para ele estar exagerando. Então, olhei novamente para aqueles farrapos de sacos plásticos brotando do chão e dos barrancos, olhei bem para a imensa poça de óleo onde flutuavam bombonas azuis. Acreditei no que ele disse.
Detalhe: este lixão, que ainda está sendo
RECUPERADO, situa-se próximo à nascente do curso d’água que abastece Cosmópolis. O comopolense, como acontece com a maior parte da população de quase toda cidade brasileira, dormia tranquilo àquela época. Ainda dorme.
Aparentemente, daquela visita para cá o tempo passou. Aparentemente, porque, mais uma vez – e tenho certeza que não será a última, relatam os jornais que um desses países classificados como modernoso first world despachou uma carga de
LIXO PARA O BRASIL, camuflado como matéria prima.
Semana passada, o posto da Receita Federal situado no
PORTO DE ITAJAÍ apreendeu dois containers com sacolas e sacos plásticos contaminados como se fosse carga de polietileno. Segundo o DIÁRIO CATARINENSE, a origem deste mais recente presente de grego é o Canadá. Este mesmo Canadá que posa, e ingênuos acreditam, como país altamente cioso de suas obrigações com o Meio Ambiente.
Não é bem assim o que acontece, por exemplo, na extração de petróleo de suas
AREIAS BETUMINOSAS. Não sabia? Pois é, o primeiro mundo também faz sujeira. O diferencial é que fazem os países de segundo, terceiro, quarto etc. mundo de tapete, para baixo do qual empurram seus frutos indesejados. Como incentivo à leitura do artigo de Emmanuel Raoul veiculado pelo LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL, a respeito dos problemas causados pela extração de petróleo destas areias, experimente este trecho:
“Há aproximadamente dez anos, os habitantes de Fort Chipewyan começaram a pescar peixes disformes e com gosto de petróleo. Em seguida, o médico local deparou com vários casos de um câncer raro da vesícula biliar cuja incidência é, normalmente, de um para cada 100 mil habitantes. Ora, aqui vivem cerca de mil pessoas! Na primavera de 2006, o doutor John O’Connor responsabilizou a indústria petrolífera, publicamente, pela situação. As consequências foram terríveis para ele. A administração federal da saúde o processou por “atitude não profissional”. Mortificado por tais ataques, ele deixou a região em 2007.”
A pergunta que têm calado é: por que o lixo não é de responsabilidade de quem o produz?
Outras perguntas: que você tem a ver com isto?
Com a palavra, aqueles raros que refletem sobre o assunto.
{8¬?
Ps.: como sempre, muito mais informações nos HYPERLINKS (palavras realçadas). Basta clicar neles e outras portas se abrirão.

08 março, 2012

DO MEU JARDIM PRAS GURIAS

Antigamente, muito antigamente, eu dizia:
- A mulher manda e o caboclo obedece se tiver juízo!
O tempo passou, prestei mais atenção ainda a estes seres imprescindíveis e lapidei a tese:
- A mulher manda e o caboclo, se tiver juízo, procura obedecer; se tiver talento, talvez consiga!
Eu, cá, com minhas duas Bunitinhas, tenho me esforçado. Claro que não sei se elas concordam com isto, né mesmo?
Enfim, mesmo sabendo que todos os dias são das mulheres - só gente besta não sabe disso - aí vai um presentim àquelas que têm coragem de ir à luta. Porque mulher que não vai à luta está devendo ao gênero.
Compus esta brincadeira há algum tempinho, mas é assim que continuo sentindo.
{8¬)



JARDIM

Sabe, como as outras, que desfruta do mais
belo jardim e que o bondoso
jardineiro jamais deixaria
alguém lhe arrancar
uma pétala sequer.

O canteiro fica em frente à janela da
menina mais romântica da aldeia.

O seu mais profundo desejo é ser levada
para o pequenino vaso de
porcelana branca com passarinhos
azuis e amarelos
posto sobre o criado mudo,
ao lado da cama, cujos lençóis
exalam as mais finas
fragrâncias de colônia
e platônicas paixões
arrebatadoras.


Ah... aquele brilho que suas pupilas irradiavam
quando, ao chegar do colégio,
jogava-se sobre a cama,
abraçada à almofada, em meio
a murmúrios e suspiros profundos.

Tudo o que quer nesta vida é trocar a segurança
das mãos do velhinho e os beijos
profissionais das abelhas e borboletas
pelo suave roçar daquela pele aveludada
ou, pelo menos, um simples olhar.

Todas as outras, como soe acontecer, repreendem-na,
meneando suas corolas ao vento, por esta
inconseqüência adolescente de sonhar
em abandonar a terra fértil do canteiro,
o regador infalível etc.

No entanto, lá no íntimo, todas sabem que a vida é uma
só.

06 março, 2012

GERARD FIERET: FOTOGRAFIA É POESIA



Acabo de assistir, na ex-TV Cultura, FOTO & COPYRIGHT POR G. P. FIERET, fantástico documentário sobre fantástico fotógrafo (felizmente, ainda se pode ver bons programas nesta emissora que foi fundamental para a Cultura e tomara volte a ser). GERARD FIERET (1924 - 2009) é um artista. É um artista, um artista anarquista que ousou muito além da possível rima.
Muito diferente, por exemplo, da marchand que diz, no documentário, não se incomodar pelo fato de Fieret terminar os dias na miséria, pois isto é normal acontecer com os grandes artistas: suas obras adquirem valor monetário após a morte ou quando já estão próximos dela. Quem leu CARTAS A THEO sabe que VAN GHOG tinha conhecimento da qualidade do seu trabalho e do valor que lhe era socialmente atribuído.
Enfim, se você pensa que gosta de fotografia, assista o trailler e não perca o documentário que será reprisado conformem a PROGRAMAÇÃO.

Ps.: como sempre, as cerejas do bolo são os HYPERLINKS (palavras realçadas). Mergulhe neles para saber muito mais.