É interessante como fazer comentários sobre
comportamentos políticos passou a ser considerado agressão ideológica ou
tentativa de catequese. Pelo jeito, parece que só é possível conversar se se estiver de
acordo com as crenças e praticâncias dos demais participantes do embate. Embate
que, normalmente, é considerado - ou buscado - como se fosse um combate. À Ágora
moderna só de vai de tacape ou bíblia em punho.
Como nunca fiz nem faço questão de
acompanhar movimentos, tampouco pretendo acusar quem quer que seja, prefiro
comentar comportamentos. Até porque, Quando cito alguém, algo ou algum lugar é
para não ficar papeando nas nuvens. Posto isto...
É bacana, do meu ponto de vista, ver
partidos políticos – ou entidades, como no caso de Marina – liberando seus
filiados e simpatizantes para que não votem ou, se decidirem votar, que o voto
seja dedicado a este ou que não seja dedicado àquele. Se isto não é pilatear
politicamente é o quê, então? E já deixo claro que nada tenho contra o
costumeiro hábito de lavar as mãos, tão próprio da cultura judaico-cristã.
Lavar as mãos, além de evitar incômodos
sanitários, permite que o “lavante” se sinta “não responsável” pelo que
acontecer, já que ele acredita que não participou do processo. Como se o
defunto não fosse partícipe da própria missa. E dou meu próprio exemplo: não
participei da tomada de decisão que deu o golpe civil de 1964, tido como
militar, mas contribui para a permanência da respectiva ditadura. Participei,
por exemplo, ao receber um doce de meu pai, já que eu tinha nove anos em 1964.
A compra do doce gerava tributos que contribuíram, naquele período, para que os
governantes de então fizessem o que fizeram. Da mesma maneira, as pessoas que
foram para as ruas marchar com a família & cousa & lousa e as que
pegaram em armas, participaram dos tais anos de chumbo (chumbo cor-de-rosa para
alguns direitosos modernos) cada um a seu modo. Obviamente, também houve os que
lavaram as mãos. Reconheço que as conseqüências foram um pouco mais danosas que
as resultantes de outras lavações, como a atual.
Voltando ao título, pilatear, embora implique
em co-responsabilidade, talvez seja o ato mais
praticado nas democracias.
2 comentários:
Ate hoje os Humanos acreditam que: matando o Homem morre com ele a ideia.
oi
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