25 julho, 2011

ESPERA II

... ESPERA – O TRANSTORNO

... olha o relógio mais uma vez:
- Puta que pariu! Que inferno! Este ônibus não passa nunca?!
Ao que a placa do ponto responde-lhe sarcasticamente:
- Aqui é uma par
ada e não uma passagem de ônibus.
... engole em seco, olha para as garotas fantasiadas de caipira e murmura pra si mesmo:
“Que palhaças... Quanta falta do que fazer...”
Uma ave faz um rasante atravessando o ponto de ônibus, pega uma pipoca que caíra do saco de uma das gurias, arremete de volta aos céus e junta-se ao bando que se diverte em loopings espaço à fora.
..., mais indignado ainda, grita:
- Na outra encarnação espero nascer estilingue!
O pardal, num muxoxo:
- Melhor já nascer sentado.
... trincando os dentes:
- grgrgr

Pano lento.


UFSC, 02/07/2011


Ps.: estas duas variações sobre a mesma cena brotaram durante oficina para produção de texto dramático ministrada por GRACE PASSÔ, do grupo de teatro ESPANCA.

5 comentários:

Rachel Krishna disse...

Nossa,
Achei muito bacana o texto e principalmente em saber que surgiu a partir de uma oficina de teatro.
Parabéns!!!
Sempre que precisar, conte comigo!! :D

Daniel Pissetti Machado disse...

Melhor é morrer pássaro. O Godot estará neste ônibus? Abraços

Chico Arruda disse...

Gostei esteticamente mais da primeira versão do seu conto, caminhou do particular ao universal numa linha mais forte. Abraços

Ká Oliveira disse...

Oi anjo...
sendo minha primeira visita no blog e texto a ser degustado, aqui deixo meus parabéns.
Acompanharei e te lerei sempre que possível..
grande abraço

@joaonildo51 disse...

Surpreso com a tarefa e sem saber o contexto onde as cenas serão encaixadas, ocorre perguntar: Qual o efeito pretendido na cena? Na "Espera I , temos um olhar leve e até divertido sobre os elementos da cena.
Na espera II o tempo arrastado, o tédio domina a cena.
ABS.