17 março, 2012

O LIXO É DE QUEM PODE MENOS

Primeiramente, agradeço aos visitantes que contribuíram com seus comentários na postagem anterior. Repetindo: os comentários são a cerejas, mesmo que as postagens não sejam aquele bolo bacana. Recomentando dois, sem reduzir a importância dos outros:
1 - FÁBIO MOSCHETTI, Até onde sei, SC não oferece EDUCAÇÃO AMBIENTAL em suas escolas. Talvez isto aconteça em algumas poucas. Aliás, foi a partir de SC, através do governador anterior, que partiu o movimento pelo CÓDIGO BESTIAL BRASILEIRO (alguns chamam de Florestal), cujo principal objetivo é reduzir as áreas de preservação. Quando vejo, neste momento de seca, os agricultores pleiteando verba pública para construir cisternas e açudes, fico com a impressão que a INDÚSTRIA DA SECA transferiu-se pra cá.
2 - Anônimo (conforme se identificou), a luta para que as empresas recebam de volta suas embalagens é coisa de décadas e, quando começou, quase ninguém botava fé. O que as fábricas de agrotóxicos fazem não é mais que sua obrigação, assim como também é do produtor rural. Tenho certeza de que o mundo ficará bem mais limpo no dia em que todas as embalagens forem devolvidas aos fabricantes, como aconteciam com os vasilhames de cerveja, antigamente.

Voltando ao lixo, que vem a ser as sobras das nossas atividades individuais e coletivas, domésticas e empresariais, ouvi durante um curso sobre gerenciamento de resíduos que a raiz deste problema é a mesma de outros que complicam o viver da maioria: o lucro é quase sempre privatizado e os custos são sempre públicos. Por isto mesmo chamo as sobras de lixo. Resíduos são reinseridos na produção até que apenas restem sobras inaproveitáveis, às quais é preciso dar uma destinação que não cause transtorno àquela minoria que todos conhecemos. É por isto que o lixo, independentemente de sua origem, não é de quem o produz. É de quem, pelas circunstâncias e escolhas da vida, é obrigado a sobreviver ao lado dele, embaixo dele, sobre ele.

Desta maneira, países de primeiro imundo sentem-se colaborando com a economia dos países de menor poder produtivo ao lhes “venderem” as sobras de suas atividades industriais e até hospitalares. E, por incrível que pareça, a população dos países remetentes acreditam que esta é uma forma alternativa de solidariedade ecologicamente correta, pois estão incentivando a reciclagem.

Assim também, as famílias que preenchem suas geladeiras e baixelas com mais alimentos do que comportam seus estômagos sente-se propiciando um adjutório comestível àquelas pessoas de menor poder aquisitivo ao lhes disponibilizar seus restos em coloridos latões de lixo ofertados nas calçadas das ruas bacanas de toda cidade.

Aliás, experimente ver a opinião do blog ATÉ TU sobre as sandálias aí da imagem. É fácil constatar que as garrafas confeccionadas com PET adaptadas para sandálias e as que foram utilizadas na construção do barco resíduos, não lixo. Sabedor disso, quando você esvaziar aquele litrão de refrigerante e atirar a garrafa pela janela do carro, fique em paz com sua consciência: está pavimentando o caminho para o céu dos justos.

O lixo não é de quem produz porque, enquanto está na produção, está matéria prima. Lixo é aquilo que ficava debaixo do MORRO DO BUMBA e você não tem nada a ver com aquil, não é mesmo?


Os.: como sempre, tem muito mais informações nos HYPERLINKS (palavras realçadas). Navegue sem medo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Seres humanos têm a capacidade e criatividade para se adequar às situações adversas, não estou justificando as desigualdades, é insuportável assistir um mundo capitalista que atira pessoas na linha abaixo da miséria, enquanto as riquezas são privilégio de uma minoria. Quanto ao meio ambiente não acredito que haja salvação para o planeta, o homem já deu o tom e a natureza só reage.
A humanidade se não perecer pelas catástrofes naturais, acabar-se-á pelas armas químicas, biológicas, bélicas e nucleares.

Adriano Tardoque disse...

A cidade de São Paulo, uma das 5 maiores do mundo não é capaz de fazer se quer coleta seletiva. As iniciativas são pontuais e cabe a "sub-economia" dos catadores, estimulados por quem "não quer por a mão na massa, digo, lixo", a fazer o "trabalho sujo". E quando estes se organziam em cooperativas, aparecem uma série de "visionários" dispostos a "organizar" e "desenvolver" o trabalho. Em carater de trato com o lixo, estamos abaixo da linha do subdesenvolvimento

Ana Souto disse...

A Adriana Torquede enfiou o dedo numa ferida ( antiga?), Uma croniqueta-depoimento só para, sei lá. Em 2000 (ou será 2001? a memória falha), no Bexiga, em São Paulo, vi uma cartazinho simpático na padaria de uma pessoa que convidava as "pessoas do bem" a conhecerem o trabalho de sua ong. Fui lá e me apresentei, honestamente, como uma "pessoa normal". Vai daí que ela me ofereceu o pacotinho. Andávamos nós, os do bem, a convencer empresas da vizinhança a fazerem separação do lixo. Depois, ela ia lá e tratava com o Chicão, da Baixada do Glicério, um esquema para ele ir buscar o lixo separadinho. Depois o Chicão vendia o lixo pra não sei quem e dava uma porcentagem pra ong que, por sua vez, repassava o dinheirinho para os agentes, ops, do bem, isto é, nós. Conjecturei com a dona Anabela, infelizmente não me lembro do seu apelido, se não seria, sei lá, chato receber dinheiro mimimi. Ela me disse pra deixar de mimimi, que já fazia isso há muito tempo, inclusive, tinha trabalhado com isso na itália, inclusive, continuava a fazer esse trabalho em rede com a itália. Eu, inclusive, nunca mais a vi e lá não voltei. Aventuras.

tio bilica disse...

http://www.youtube.com/watch?v=SNR5C9Rkxb8 Mato é igual a gramínea em Florianópolis!

Lourdes Campos disse...

Em Santos, final dos 80 foi implantado uma coleta seletiva com um trabalho social junto aos catadores, estes chegaram até a formar uma cooperativa...E a coleta chamava-se LIXO LIMPO...Acho esse nome ótimo, já ensina q o lixo pra reciclar tem q estar limpo e enobrece a palavra lixo...Bem, mudou-se o governo e só sobrou uma coleta seletiva razoável, sem os catadores...Esse lado social foi suprimido.Já hoje o q vejo em Sampa é um descaso total...um conto de fadas, acredita quem quer q exista coleta seletiva! Basta olhar o tamanho dos containers, qdo encontramos um, são exíguos...ridículos! Levo meu lixo num supermercado q fez umas caixinhas todas coloridas bonitinhas com a propaganda "feito de material reciclável" Risível...não cabe nada naquilo...uma caixinha de 3X1 com um área enorme do estacionamento cheia de sacos, garrafas, papelões...É muito cinismo...deixo meu lixo me sentindo meio hipócrita...será q aquilo vai ser mesmo reciclado? Se quem cuida não deixa um espaço adequado...é um desinformado q nunca reciclou lixo em casa...O cara q desenhou aquele container NUNCA separou lixo pra levar pra reciclar...senão ele saberia q o volume q levamos não passa naquele buraquinho...Qdo alguém q sabe, q pratica, vai poder cuidar disso? Até qdo a máfia das empresas de lixo, q não fazem e não querem q ninguém faça - pra não diminuir o volume, e pra continuar ganhando com caminhão de coleta seletiva andando vazio e tranquilo - até qdo vão mandar e desmandar nessa política?? Essas empresas ganham pra passear pela cidade ...se as pessoas não põem...q culpa eles tem, né? Tadinhos...eles só não contam q não passam no horário, no dia...e as pessoas param de colocar na rua... Eu mesma já liguei pra reclamar q o caminhão não passou e o q aconteceu é q o motorista apareceu no meu prédio pra tomar satisfação comigo...Lógico..eu era a única no quarteirão q punha o lixo...q sacanagem, ter q parar...o patrão não tinha combinado isso. Sigo com minha obsessão em reciclar...só falta reciclarmos as políticas públicas para o setor. Seriedade e competência de quem entende e quer resolver...só isso.Sem demagogias e marketing socio- ambiental...Chega de sustentabilidades ocas!