26 junho, 2007

Véi Leite e Ionesco e vice e versa

E fui eu assistir “O NOVO INQUILINO”...
Felizmente, antes, dei uma sapeada na internet e encontrei o site que citei no post anterior. Muito me ajudou a viajar durante o transcorrer da peça. O estilo de palpitar do tal inquilino (Cumpade Diego) me trouxe as várias vezes em que minha família mudou-se e meu pai lá, sempre ordenando tudo e pondo a mão em nada:
- “Aí, põe a geladeira aí, na cozinha, aí, perto da tomada!”
Ou, quando uma lâmpada queimava-se, parado na calçada esperando passar uma vítima. Záz!
- “Mareca! Mareca! O menino aqui vai trocar a lâmpada."
Cena corriqueira: minha mãe indignada, o desconhecido e incauto passante, em cima de uma cadeira, esticando-se todo pra colocar a lâmpada e o Leite no comando:
- “Isto, meu filho! Aperta bem se não queima, viu?”
E emendava:
- “Uma vez, quando eu trabalhava em Três Marias...”
Porém, ainda pensando nas ionesquices, Véi Leite, no fundo, tem um bocado do Berenger, personagem de “O RINOCERONTE”: nunca botou muita fé no “social” e, muito menos, seguiu a cartilha.
Meu muito obrigado à minha artista predileta e à turma envolvida no espetáculo, pela viagem que me proporcionaram. Creio que teatro, assim como as outras artes, é isto mesmo: a possibilidade de viajar sem aditivos.
Pra fechar, também me lembrei de algo que disse ao Patão, um outro irmão aí. Mais de década atrás, conversávamos sobre papos e reuniões que ele tinha o prazer de desfrutar na universidade. Daí, ele junta as mãos (sabem aquela posição com os dedos em pinça, virados pra cima?) e solta esta frase tão clássica:
- “Isto é um absurdo!”
Ao que retruquei:
- “Patão, absurdo é um elefante entrar voando pela janela. Agora, se entrar, já não é um absurdo, pois tá acontecendo.”
Dias depois ele me conta que, durante mais uma daquelas reuniões que ele tanto adora, alguém soltou:
- “Mas, isto é um absurdo!”
Disse-me ele que, na hora, olhou pela janela e chegou a ver um elefante entrando.
É isto! Ionesco, Véi Leite, rinocerontes e elefantes, cada um tem lá sua razão pra duvidar da mesma.
Eu cá, nem na minha, fico.

Um comentário:

Anônimo disse...

Shasça, que bom que você pôde encontrar coisas do Novo Inquilino e que já estiveram em sua vida. A vida por si só, é estética, enquanto a arte, por si só, é vida. Sobre elefantes voando, é normal vê-los todos os dias por aí. Ah, já ia esquecendo uma coisa: 2x0. :)
Diego.