É claro que o povo de BIGUAÇU - SC merece melhorias na sua qualidade de vida e o estaleiro que pretendem instalar no Município em muito pode colaborar com isto, tanto no aumento dos recursos públicos, através dos impostos que, acreditamos, serão devida e corretamente recolhidos, quanto no incremento da oferta de mão-de-obra. A arrecadação de tributos é de fácil solução, pois prefeituras não costumam ter dificuldades neste quesito. A questão da mão-de-obra é um pouco mais complicada.
Meu pai trabalhou em construção de usinas hidrelétricas e refinarias de petróleo. Fui criado mudando de cidade em cidade, de estado em estado, acompanhando e sendo parte das conseqüências das instalações das mesmas. Por exemplo: numa das cidades em que moramos, a casa que alugamos por 250 dinheiros (tal qual Judas Carioca, também não sei o nome da moeda da época) era alugada anteriormente por 50. Creio que este dado permite visualizar um dos impactos. Minha família e as outras que chegaram ao mesmo tempo e por igual motivo aumentaram a demanda por moradia, escolas, serviços de saúde etc. Obviamente, a referida cidade não havia sido preparada para a chegada do “progresso”. Não havia feito sua parte.
Da nossa parte, não éramos como portugueses arrombando Pindorama. Chegávamos para construir, pois os empreendimentos necessitavam de mão-de-obra especializada e esta não havia. Éramos uma espécie de migrantes indesejados, porém necessários. Os habitantes das cidades para onde mudamos sofreram impacto bem maior que fauna e flora: apesar de TRÊS MARIAS o VELHO CHICO ainda está vivo; apesar de FURNAS, o rio continua GRANDE.
Assim como usinas e refinarias, também estaleiros nos são necessários, pois o país tem uma imensa faixa litorânea semi-utilizada que, não fosse JUSCELINO KUBITSCHEK (o primeiro rei do marketing mineiro; o segundo quer ser senador) seria hoje nossa principal via de transporte. Teríamos uma longa e larga “estrada” sem curvas, buracos ou congestionamentos. Há mais de 500 anos nossos ancestrais ibéricos fizeram-se ao mar; nós, com este marzão todo, seguimos grudados à terra.
Então, o estaleiro não é um problema. Pelo que leio, seus prováveis impactos ambientais, econômicos e sociais é que o são. Principalmente, os sociais, a meu juízo.
Portanto, dentre as medidas mitigadoras, é fundamental considerar a formação de mão-de-obra apta a desenvolver atividades especializadas e com bons salários. Tão fundamental, ou mais, quanto a formação é que os envolvidos no empreendimento – poder público e empreendedor - ofereçam garantias de que a construção da primeira embarcação inicie apenas quando 50%, por exemplo, da mão-de-obra envolvida for originária de Biguaçu.
Talvez seja uma maneira de o estaleiro ser também dos biguaçuenses. Afinal, a opinião mais importante é a deles, assim como a beira de mar desejada.
Que tal?
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