quero brincar com o menino e seu sorriso diferente, partido
que me olha, em meio a cenhos franzidos e apartantes
dos adultos desconfiados
ganho o sorriso
quero mais
quero o brincar, o fabricar sorrisos
a conquista do brincar é uma luta contra a paranóia de hoje
que vem lá do ontem
crescendo feito massa overdosada de fermento
a noite curitibana, gelada
lembra-me que já dormi um bocado de vezes nestas cadeiras,
e que amo, se é que amo alguma coisa, a boa luta
volto à biografia de g. stein e me pergunto:
- qual outro babaca lê a biografia de g.s.
a esta hora
nesta gelada rodô de Curita
?
ou em qualquer outra rodoviária
?
e minha cabeça, vagabundante como sempre, vai a 77:
descolando a grana pra chegar em casa, após
3 dias em dormir
3 dias dormindo em Floripa (que desperdício, ô mané! )
3 dias a banana e cachaça em Balneário Camboriú...
E Cosmó e o feijão de minha mãe, lá longe
continuo a luta por me deixarem brincar com o menino
e venço
porque a alegria sempre há de vencer
e nela, entendo-me com ele
levantam-se
dou-lhe um chaverinho qualquer
(eu, sempre, querendo ir junto)
a mãe rende-se, enfim:
- não vai se despedir do seu amigo?
até insiste, agora:
- diga obrigado!
por dentro, respondo
- carece, não
a vida já me disse, há muito tempo
Curitiba, 29/08/03 – Lagoa, 03/11/03
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